Editorial | Da redação | 09/09/2009 12h49

Setembro: Visão limitada de dirigentes atrapalha esporte em MS

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É incrível como o nosso esporte parece só funcionar de maneira sazonal. São necessários eventos de grande porte para que poderes públicos e privados se mobilizem e façam algum esforço na área. Nos outros meses, por outro lado, esse apoio é cortado consideravelmente. Projetos a longo prazo praticamente não existem no Mato Grosso do Sul, com raras exceções. Parece que se esse investimento passar de quatro anos de duração não vale a pena, pois quem pode acabar levando a fama no final é outro político. Quem trabalha em projetos públicos deve ficar apreensivo nas eleições, pois caso saia um vencedor diferente, isso pode significar o fim do trabalho, realizado até então. Ou seja: quando estamos prestes a ver resultados reais do investimento feito, ele geralmente é cortado.

O problema é que a política sul-mato-grossense - e sejamos sinceros, de grande parte do Brasil - ainda insiste em enxergar o esporte apenas como lazer. O desporto é diversão? É. Mas é principalmente uma ferramenta que gera educação e saúde. Tudo o que for investido acaba revertido nessas duas outras áreas, e até mesmo na segurança pública. No esporte a criança aprende a ter disciplina, a trabalhar em grupo, ter uma rotina de exercícios, além de não ficar nas ruas. Pode ter certeza ela será uma pessoa diferenciada. O garoto ou a garota pode não ter se tornado um jogador ou jogadora de futebol, mas aprendeu valores que levará para o resto da vida. Nossos políticos, empresários e até mesmo a população precisam aprender que fazer esporte não é só revelar atletas, mas sim cidadãos.

Continuamos gastando muito com ações assistencialistas, que até ajudam num primeiro momento, mas que no final das contas parecem que nem aconteceram. Ao invés disso, por que não investir mais em projetos estruturais, que garantam a prática esportiva para as próximas gerações?

Infelizmente, são raras as vezes em que poderes público e privado trabalham em conjunto, em projetos que não sejam jogos de seleções e provas de automobilismo - nos quais o dinheiro misteriosamente sempre surge (principalmente dos nossos políticos). Não estamos desprestigiando esses tipos de ações, mas se existe verba para uns, seria justo que tivesse para todos.

Aparentemente, depois da derrota para Cuiabá na disputa para ser uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014, os empresários de Campo Grande abriram os olhos para o retorno que o esporte pode trazer, mas infelizmente apenas no sentido de aparecer na mídia. Nossa missão agora é fazer eles abrirem ainda mais seus olhos. Fazer nossas empresas acreditarem que não são apenas jogos de futebol que podem dar certo, mas também investir em outras modalidades. Não colocar dinheiro uma vez a cada seis meses, e sim trabalhar em parceria com federações, equipes, técnicos e atletas. Acompanhar seus resultados. Presenciar que muitas crianças estão tendo uma oportunidade. Ver que a verba aplicada está dando certo e está sendo usada corretamente.

Somente depois que políticos e empresários entenderem isso, é que estaremos realmente prontos para trabalhar com esporte de alto rendimento. Até lá, continuaremos sendo meros exportadores dos raros talentos que aparecem por aqui, que sem apoio (e com toda a razão) buscam obter sucesso do outro lado de nossas fronteiras.

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