Bate-Bola | Da redação | 07/11/2005 16h45

Bate-Bola: João Valdivino

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João Valdivino

João Valdivino é um amante de artes marciais e diz que sua vida vem se tornando meio oriental. Praticante de kung fu, o atleta começou a dar aula aos 16 anos e hoje é o presidente da Federação Sul-mato-grossense de Kung Fu Kuoshu, fisioterapeuta e professor universitário, além de fazer acumputura e terapias orientais.

Aos 11 anos João começou a se identificar com o kung fu e, desde então, sua vida foi se encaminhado para esta área. Hoje todos os seus trabalhos estão relacionados com técnicas de saúde, uma das filosofias empregadas pelo kung fu, que, segundo João, não visa só a luta e sim, o engrandecimento da pessoa.

A Federação Sul-mato-grossense de Kung Fu Kuoshu realizou neste ano, pela primeira vez em Campo Grande, o Campeonato Brasileiro de Kung Fu Kuoshu, que aconteceu no último mês, no Ginásio Guanandizão. A competição reuniu 570 atletas de diversos Estados brasileiros e João, além de estar na organização, competiu e conquistou o segundo lugar.


Esporte Ágil - Você ainda pratica kung fu?

João - Pratico e dou aula. Inclusive conquistei o segundo lugar no Brasileiro realizado aqui em Campo Grande e estou classificado para o Mundial do ano que vem, que será realizado em Cingapura. Estarei buscando recursos desde o início do ano para participar deste Campeonato.

Esporte Ágil - Quais foram suas principais conquistas como atleta?

João - Os maiores campeonatos que já participei foram dois mundiais, um na China e outro no Brasil, duas competições nos Eua, um Pan-Americano na Argentina, um Sul-Americano e fui sete vezes campão brasileiro.

Esporte Ágil - É grande o número de atletas que praticam kung fu em nosso Estado?

João - Baseado no número de pessoas que participam de campeonatos, cursos ou graduações, existem cerca de mil praticantes aqui no Estado. O kung fu tem crescido, os filmes de cinema que exibem esta arte marcial têm feito com que ela se torne bastante conhecida. Em 2008 o kung fu se tornará um esporte olímpico e será disputado nas Olimpíadas da China.

Esporte Ágil - Mato Grosso do Sul conta com atletas de destaque a nível nacional?

João - Temos bastante. Estamos sempre conseguindo ficar em segundo ou terceiro lugar em competições nacionais. Não por número de praticantes, mas pelo nível técnico que possuímos. Só não ganhamos de São Paulo, que possui uma estrutura maior que a nossa, com um número muito maior de academias e atletas, o que torna difícil competir com eles.

Esporte Ágil - O kung fu é uma arte marcial que pode ser pratica sem a necessidade haver luta?

João - Com certeza. Agente tem uma didática ampla de ensino e quem quiser pratica-lo só por estética, já que é um exercício aeróbico excelente para perder peso, pode faze-lo sem precisar lutar com outras pessoas. Para quem deseja aprender para utilizar como defesa pessoal ou para concentração também não precisa lutar. Fica a critério do praticante. É excelente para saúde, melhora a respiração, concentração, inteligência espacial e visual e correções físicas e posturas. É muito importante ter essa arte marcial em nossas vidas. Kunf fu no dialeto camponês significa habilidade, ou seja, se você cozinha bem, você tem kung fu na cozinha. É uma filosofia que pode ser utilizada em tudo o que fazemos. Nos ajuda a ficar mais tranqüilo e procurar fazer tudo com perfeição. É uma atividade que oferece um bom condicionamento físico, melhora muito as atividades mentais e nos ajuda a evoluir espiritualmente.

Esporte Ágil - Quantos campeonatos brasileiros a Federação realizou em nosso Estado?

João - Este foi o primeiro, e com muito sacrifício. Era um sonho meu que consegui realizar. Sempre fazemos campeonatos interestaduais, regionais e municipais, mas nacional, foi o primeiro. Pude ver que temos condições de sediar eventos grandes como este e já posso pensar em, mas para frente, realizar um torneio internacional, já temos bastante países vizinhos.

Esporte Ágil - Como surgiu a oportunidade de Campo Grande ser sede do campeonato brasileiro?

João - Nós nunca faltamos nenhum campeonato brasileiro, a Federação de Mato Grosso do Sul é muito forte e sempre apóia a Confederação. Sendo assim, quando requisitei esta possibilidade fui atendido. Só não havia requisitado antes por receio de não dar conta de realizar um evento grande aqui em Campo Grande, pois não é fácil.

Esporte Ágil - Campo Grande ofereceu boa estrutura para as delegações vindas de fora?

João - Tivemos ajuda da Sejel, Funesp e Uniderp que nos forneceram uma equipe de fisioterapia e de transporte, além do corpo de bombeiros que esteve presente com toda estrutura médica. Em relação ao Guanandizão, local do evento, para nossa realidade é um ginásio ótimo em termos de tamanho, estrutura e alojamento. O único fator contra é sua localização. Tivemos assaltos dentro do ginásio e meu carro foi apedrejado lá fora. Campo Grande já está deficiente de uma estrutura como o Guanandizão dentro de um local mais apropriado, como a Afonso Pena, por exemplo, onde a estrutura seria mais visível, segura  e possibilitaria que as delegações de fora pudessem conhecer o lado bonito da cidade, porque que quem vem de fora, acaba tendo uma imagem errada da cidade, pois ficam a maior parte do tempo na região do ginásio, onde estão alojados.

Esporte Ágil - Os atletas daqui conquistaram bons resultados?

João - Tivemos bons resultados nas categorias infantil, juvenil e adulta, onde conquistamos o primeiro lugar na classificação geral.

Esporte Ágil - A modalidade tem recebido patrocínio e/ou apoio quando necessário?

João - Não temos 100% de patrocínio, mas contamos com um ajuda da Sejel, que tem dividido verba entre as Federações. Fazemos milagres com essas verbas. Eu procuro realizar meus campeonatos e fazer uma reserva final, que é utilizada nos brasileiros que acontecem todo ano.  Agente não perde nenhum, desde que acontece estamos presente. Selecionamos os atletas que estão em mais destaque e os levamos, pois não temos condições de levar muitos.

Esporte Ágil - O que você acha da cobertura jornalística esportiva em nosso Estado?

João - Acho que melhorou bastante. Sempre tivemos alguns apoios para eventos regionais, mas eles não são tão valorizados. O Campeonato Brasileiro me surpreendeu, tivemos muita mídia, o que gerou uma repercussão boa. Pude ver que em eventos grandes a imprensa está presente, mas nos regionais, nem tanto. No entanto, sei que nem sempre podem estar presentes nos dias de todas as competições, por terem eventos mais importantes e darem prioridade à eles.

 


 

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