Bate-Bola | Osvaldo Sato / Da Redação | 23/05/2007 14h53

Bate-bola: Dirceu Coelho da Silva

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Dirceu Coelho Silva

Paranaense radicado em Mato Grosso do Sul desde 1980, o professor de kung fu Dirceu Coelho da Silva está à frente da Federação de Kung Fu Wushu de Mato Grosso do Sul há 12 anos. Tanto tempo no Estado já faz o professor, que é graduado com a "estrela preta", sentir-se sul-mato-grossense por adoção.

Nestes últimos anos, ele tem visto a prática do kung fu no Estado crescer muito, em número e resultados, culminando em medalhas em campeonatos brasileiros e convocações de atletas para a seleção brasileira. Em entrevista ao Esporte Ágil, ele falou sobre diversos aspectos desta arte marcial chinesa, como sua história em Campo Grande, a evolução e a recente convocação de quatro atletas sul-mato-grossenses para a Seleção Brasileira que disputa o Campeonato Sul-americano neste ano.

Esporte Ágil - Quando você teve o primeiro contato com o kung fu?
Dirceu Coelho da Silva -
Comecei a praticar em 1982, treinava aos apenas aos sábados, pois estudava durante todo o dia e estudava a noite. Como a maioria dos adolescentes, tinha interesse em praticar alguma arte marcial. Durante a semana, após as aulas, tentava desenvolver aquilo que aprendia nas aulas de sábado.

Esporte Ágil - Como era a prática do kung fu em Campo Grande quando você começou?
Dirceu Coelho da Silva -
Já existiam academias de kung fu e eu comecei com o professor Fernando Marques. Considero-o introdutor do kung fu no Estado. Antes passaram outros professores, mas não obtiveram o êxito que ele alcançou. Montou academia e até hoje existem alunos dele ministrando aulas em Campo Grande. Por esse motivo, considero-o introdutor do kung fu no estado, ele iniciou um trabalho e esse trabalho até hoje tem sua continuidade.

Esporte Ágil - Qual sua graduação no kung fu?
Dirceu Coelho da Silva -
Minha graduação é estrela preta. Em nosso estilo de kung fu, a graduação é dividida em estrelas. Começamos com a primeira fase da estrela vermelha, segunda fase da estrela vermelha e estrela vermelha; depois vêm a estrela amarela, estrela azul, estrela cinza e estrela preta, todas elas com suas duas fases. Para ser instrutor, o praticante tem que fazer os exames da estrela azul, somando nove exames. Estes exames cobram requisitos técnicos, físicos e teóricos.

Esporte Ágil - Na última convocação da seleção brasileira, tivemos a presença de atletas sul-mato-grossenses. Isto mostra a evolução do kung fu no Estado?
Dirceu Coelho da Silva -
Tivemos quatro atletas na ultima convocação para representar o Brasil no Campeonato Sul-americano. Até então, apenas a atleta Juliana era convocada. O estado tem diversos atletas que se destacam no cenário nacional e até internacional, no kung fu e em diversas outras modalidades. Aqui em Mato Grosso do Sul, o kung fu existe desde 1979, um trabalho de longo tempo, onde persistimos, fazendo cursos para melhorar nosso nível técnico, o dos atletas, e creio que dessa forma tivemos a felicidade de termos os atletas convocados para este Sul-americano.

Esporte Ágil - Quantos praticantes de kung fu existem no Estado?
Dirceu Coelho da Silva -
Somando as duas federações, temos aproximadamente 2 mil praticantes de kung fu em Mato Grosso do Sul.

Esporte Ágil - Seria bom para o kung fu se ele fosse incluído como esporte olímpico?
Dirceu Coelho da Silva -
Seria interessante, pois seria uma forma maior de divulgação, pois a Olimpíada é um dos maiores eventos do mundo, onde estão os melhores atletas. Os Jogos Olímpicos possuem grande repercussão e uma possível inclusão do kung fu em seu quadro de modalidades seria uma ótima forma de divulgação e traria ainda mais adeptos para esta arte marcial.

Esporte Ágil - Artes marciais como karatê e tae kwon do unificaram suas regras para entrarem no quadro olímpico. Em sua opinião, como deveria ser feito com o kung fu?
Dirceu Coelho da Silva -
Existe o kung fu tradicional e o kung fu de competição. Eu não posso, gostando mais do tradicional, privar os que preferem competição. São duas vertentes que podem ser trabalhadas de acordo com a preferência do praticante. Os atletas que gostam de competição, treinam especificamente para a competição. Outros treinam kung fu apenas para melhoria em sua qualidade de vida, e não há como obrigar estas pessoas a treinarem do mesmo modo de quem treina para competição. Procuramos respeitar as opções de cada um e cada pessoa pratica da forma que achar melhor, sendo para competição ou para melhoria da qualidade de vida.

Esporte Ágil - Há quanto tempo você está a frente da Federação de Kung Fu Wushu de Mato Grosso do Sul?
Dirceu Coelho da Silva -
Acho que 12 anos que estou na Federação e não é por autoritarismo, mas é porque tem que ser alguém que ama a arte marcial, não pode ser alguém que não seja do meio. Tentamos uma vez, mas não deu certo, porque a pessoa tem que gostar da arte marcial, só assim vai poder lutar por ela. Acho difícil alguém que não é do ramo assumir uma federação.

Esporte Ágil - Quais as ações da Federação para este ano?
Dirceu Coelho da Silva -
No dia 24 de junho, realizamos um campeonato em Nova Andradina. Nos dias 4 e 5 de agosto, realizamos o 9º Campeonato Interestadual e o 14º Campeonato Estadual de Kung Fu, que fazemos paralelamente, o que é bom porque força o desempenho de nossos atletas com a  vinda atletas de outros estados. Utilizamos este campeonato para fazer a seleção do Estado para o Campeonato Brasileiro, que será realizado em outubro, mas ainda sem local definido. Estava programado para Curitiba, mas a Federação do Paraná abriu mão devido não ter conseguido recursos para realizar o campeonato. Pretendemos realizar este Brasileiro em Campo Grande, em 2009, se conseguirmos recursos, apoio e patrocínios necessários. Não adianta querer fazer com recursos próprios que é praticamente impossível, por isso os paranaenses abriram mão.

Esporte Ágil - Os sul-mato-grossenses obtiveram bons resultados no Brasileiro de 2006?
Dirceu Coelho da Silva -
No Brasileiro foram cinco atletas, com três de renome, que conseguiram a medalha de ouro. Os outros dois ficaram em sexto e oitavo, sendo que foi a estréia deles, portanto uma boa colocação. Mais atletas não participam do Brasileiro devido ao alto custo das viagens e a falta de patrocínios.

Esporte Ágil - Como está a procura de novos atletas pelo kung fu?
Dirceu Coelho da Silva -
o número de pessoas que procuram o kung fu é crescente, desde crianças até idosos. O kung fu possui a modalidade tai chi chuan, indicada para pessoas da terceira idade, a "melhor idade". Existe procura desde o infantil até pessoas com mais de sessenta anos... tenho atletas de até 80 anos e dizem que não irão parar de praticar, pois se sentem muito bem praticando a modalidade.

Esporte Ágil - De que forma a prática do kung fu pode auxiliar na melhoria da qualidade de vida dos praticantes?
Dirceu Coelho da Silva -
Atualmente, o mundo nos impõe uma carga estressante, porque temos que cumprir muitas metas, trabalho, estudos, família, uma carga de responsabilidades muito desgastante. A arte marcial chinesa, o kung fu, possibilita aos praticantes uma forma para "recarregar suas baterias", melhorar seu ânimo, a auto-estima, sentir-se melhor para enfrentar estas dificuldades do dia a dia. Não há como as pessoas ausentarem-se de suas responsabilidades, então é necessário termos algo mais para enfrentar essa carga que nos é imposta. A arte marcial chinesa é um fator muito importante de auxílio, sendo que todas as pessoas que praticam o esporte elogiam a prática, dizendo que conseguem desempenhar melhor suas funções em todos os aspectos de sua vida.

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