Florianópolis (SC) - Técnico que acompanhou o crescimento de Gustavo Kuerten nas quadras e viu o catarinense chegar ao número um do mundo, Larri Passos coloca o pupilo no topo dos brasileiros no tênis, diz que o momento é de "calma" e que Guga tem o direito de fazer o que quiser.
Em entrevista por e-mail ao UOL Esporte, ele contou como anda sua relação com Guga e suas sugestões para o futuro da carreira do ex-líder do ranking mundial e até hoje uma das esperanças do tênis brasileiro. "Entre uma costela gorda e outra", Larri diz que aconselhou o catarinense a parar de jogar na temporada de saibro deste ano após ver o desgaste físico do atleta.
Agora, ele diz que o trabalho é "com calma", mas que Guga, depois dos títulos e feitos conquistados, têm o total direito de fazer o que quiser. Até se aposentar. "O Guga tem o direito de fazer o que quiser, até de surfar o resto da sua vida. Ele já fez tudo e, sem dúvida, será o maior ídolo nosso no tênis em tudo: em jogo, em caráter, em exemplo. O futuro, ele decide!", comentou.
Kuerten voltou a atuar no final de 2007 jogando o torneio de duplas em algumas competições e afirmou que pretende voltar ao simples no começo de 2008. Caso não consiga ser competitivo novamente na próxima temporada, ele já disse que pensará em uma outra carreira.
Larri expôs ainda sua opinião sobre a atual fase do tênis brasileiro. Sem colocar um jogador entre os 100 melhores do ano ao final das duas últimas temporadas, o Brasil sofre com a falta de lapidação da técnica de alguns dos seus tenistas, diz o treinador.
"Os nossos jovens chegam ao profissional com muitos \'buracos\'", afirmou o treinador, que treina ainda Guga e que recentemente esteve ao lado da jovem austríaca Tamira Paszek, hoje entre as top 50 do mundo.
Para exemplificar sua opinião, ele lembra também do tempo que apoiou o atual número um do Brasil, Marcos Daniel (de 29 anos), na sua academia. "No ano passado, o Marcos Daniel chegou a minha academia. Dava risada. Ele ia lá para trás, colocava a bola na tela e corria (...) Hoje, já vejo ele um pouco diferente. Assim acontece com os juvenis brasileiros. Você pega uns dez e manda eles cruzarem 10 bolas de direita, com a mesma velocidade e o mesmo spin. Poucos ou nenhum conseguem. Falta foco, falta técnica, falta físico", relatou.