Florianópolis (SC) - "O que vem na minha cabeça quando olho para trás é o quanto fui feliz jogando tênis. Não tenho nenhum remorso, nenhuma memória ruim", afirmou Gustavo Kuerten, 31, nesta terça-feira, ao anunciar 2008 como o último de sua carreira no circuito profissional.
O tenista assegura que não se arrepende em relação às horas e horas de treino, jogo e viagens e nem à lesão no quadril que o forçou a passar por duas cirurgias e ainda hoje causa uma "dorzinha". Se não há espaço para "nada negativo" em suas lembranças, sobra, ao menos, para uma suposição - ele acredita que, se não houvesse sofrido nos últimos anos com problemas físicos, poderia figurar entre os grandes nomes da história da modalidade.
Em Roland Garros, o catarinense já tem seu nome marcado com o tricampeonato. Mas o pensamento de Guga vai além. "Gosto de analisar [sobre os melhores do esporte] em termos de resultado. E eu deveria ter uns dois, três anos a mais para ter a certeza de que poderia me aproximar dos melhores de todos os tempos em resultados", afirmou.
O brasileiro passou a lidar com a lesão no quadril a partir de 2001. Nos dois anos seguintes, participou do circuito com regularidade. Até sofrer a segunda intervenção cirúrgica em setembro de 2004. A partir daí, disputou apenas 22 partidas nos últimos três anos.
"O meu limite foi mais em função dessa parte física. Não dá para comparar ainda com o Federer. Mas tive uns momentos de genialidade, sim, à minha maneira. E, na minha cabeça, tenho certeza de que [ os anos atrapalhados pela lesão] seriam meus melhores. São suposições que ficam no ar, o que é o bacana do esporte", disse.
Guga fez sua estréia no circuito em 1996. Um ano depois, se destacou ao ganhar o título em Roland Garros. Seu estilo fez escola entre os rivais - a geração argentina que veio a seguir reconhece a influência - e conquistou inúmeros admiradores, em praças nas quais é reverenciado até hoje. As mais emblemáticas farão parte de sua turnê de despedida.
"Pelo pouco tempo que competi, em termos de presença, [o reconhecimento] foi muito além do que eu esperava. Consegui contagiar muita gente, assim como o Agassi, que foi o maior de todos", afirmou.
Além dos 20 títulos que conquistou em simples, a carreira de Kuerten soma 358 vitórias contra 191 derrotas, oito títulos de duplas e premiação total de US$ 14,75 milhões.