Por meio de uma iniciativa que nasceu a partir da prática familiar de décadas com o Laço Comprido, a Federação dos Esportes Equestres de Mato Grosso do Sul (FEEMS) foi criada com o objetivo de dar estrutura, organização e visibilidade para modalidades esportivas que, apesar da tradição no estado, ainda careciam de apoio institucional. A vice-presidente da entidade, Mariana Vasconcellos, conta como esse projeto começou a tomar forma e quais são as metas estabelecidas para os próximos anos.

Tudo começou com a Escolinha 38, escola de equitação e Laço Comprido criada pelos pais de Mariana há 24 anos. O projeto seria levado para a Acrissul, com apoio do atual presidente da FEEMS, Nilson Ricartes. Durante essa elaboração, Mariana se deparou com uma lacuna. “Pensei no porquê as outras modalidades equestres não tinham tanta visibilidade quanto o Laço Comprido, esporte esse que eu, juntamente com toda minha família, já praticamos há mais de vinte anos”, lembra.

Foi então que começou uma pesquisa por iniciativas similares em outros estados. A constatação a surpreendeu: “Para minha surpresa, não encontrei nada. Somente existem associações específicas de cada modalidade e de cada raça de cavalo.” A partir daí, Mariana decidiu estruturar um projeto que unisse essas práticas sob uma mesma entidade. “Montamos o projeto e apresentamos ao Sr. Guilherme Bumlai (presidente da Acrissul) e ao Nilson Ricartes, o qual de pronto muito se interessou e abraçou comigo a causa.”

A FEEMS foi oficialmente fundada em 2024 com o propósito de representar os esportes equestres em Mato Grosso do Sul de forma ampla e estruturada. “A Federação tem a missão de fortalecer, organizar e impulsionar as competições, atletas e apaixonados pelo mundo dos cavalos”, resume Mariana. Entre as ações prioritárias estão o fomento às modalidades, a criação de campeonatos oficiais, o apoio técnico aos competidores e a qualificação de profissionais para atuar no setor da equideocultura.

Hoje, a FEEMS abrange diferentes práticas equestres. Entre as modalidades fomentadas estão a Baliza, Três Tambores, Ranch Sorting, Team Roping, Team Penning, Laço Técnico, além de categorias específicas com raças como Quarto de Milha, Árabe, Crioulo e Pantaneiro. A ideia é contemplar a diversidade do universo do cavalo e construir uma base sólida para que essas práticas cresçam e cheguem a diferentes regiões do estado.

Para ampliar o alcance e promover a interiorização dos esportes equestres, foi criado o projeto “Além da Pista”, que visa levar cursos das diversas modalidades para os municípios sul-mato-grossenses. “Pretendemos, em parceria com as prefeituras do interior, levar cursos para que as pessoas possam conhecer e entender um pouquinho mais do universo gigante que cerca o mundo do cavalo”, explica Mariana. A proposta é difundir o conhecimento técnico, formar novos praticantes e abrir oportunidades em regiões onde o acesso a essas práticas ainda é limitado.

Entre os desafios apontados por Mariana está a fragmentação entre as modalidades. “O fato das modalidades serem difusas dificulta bastante um incentivo. Para que isso se torne possível, é necessário uma instituição representativa e normativa e é isso que a FEEMS pretende oferecer.” Ao unificar as diversas frentes do esporte equestre sob um mesmo guarda-chuva, a Federação busca ganhar força política e institucional para captar recursos e desenvolver políticas públicas voltadas ao setor.

Outra frente de atuação da FEEMS é o apoio a atletas que desejam representar o estado em competições de maior porte. Uma das iniciativas previstas é a criação de editais de bolsa atleta para ajudar competidores que não têm condições financeiras de participar de eventos nacionais e internacionais. “Queremos apoiar aquelas pessoas que não têm condições de ir competir fora do estado, oferecendo suporte financeiro para que possam representar Mato Grosso do Sul”, diz Mariana.

A FEEMS também já se prepara para lançar seu próprio circuito de competições, batizado de LIGA FEEMS. “Cada uma das modalidades terá sua liga, por exemplo: Liga FEEMS de Team Roping. Ela acontecerá durante o ano e, no final do ano, terá a grande final onde todas as modalidades estarão juntas”, detalha. A ideia é profissionalizar os eventos e dar mais visibilidade aos atletas sul-mato-grossenses, criando uma cultura de competição e evolução técnica.

A inclusão também é uma prioridade. A Federação planeja ações voltadas a paratletas e busca parcerias com centros de equoterapia. “Estamos pensando em criar uma premiação para paratletas, como forma de incentivo. Hoje em nosso estado já temos alguns competidores e queremos fomentar a inclusão e participação de mais atletas”, destaca Mariana.

A relação entre os esportes equestres, o setor agropecuário e o turismo rural também é um ponto de atenção para a Federação. “Nosso estado é um estado do agro. Queremos tornar Mato Grosso do Sul referência do mercado do cavalo e fortalecer vários setores através disto”, afirma. A FEEMS aposta que, ao profissionalizar o esporte, será possível movimentar uma cadeia econômica que inclui criação de animais, turismo, comércio de equipamentos e eventos.

Mariana reforça que a Federação foi criada com o olhar no futuro e com a missão de colocar Mato Grosso do Sul como referência nacional no setor. “Faremos um trabalho revolucionário na área e queremos desenvolver projetos nunca antes realizados. Acreditamos que isso ajudará e incentivará muito o crescimento e valorização dos esportes equestres.”

Para quem deseja ingressar no universo do cavalo, ela recomenda buscar conhecimento e vivência por meio de projetos e escolinhas. “Através disso você começará a conhecer essa outra realidade e irá descobrindo caminhos para participar efetivamente desse modo de vida.” Nas redes sociais da entidade, a FEEMS também promete divulgar dicas, informações e oportunidades para quem está começando.