“Com certeza o mental é o que mantém o atleta no jogo quando o corpo pede para parar.” A frase de Jonathan Reis dos Santos, ultramaratonista de 33 anos, resume parte da rotina de quem encara provas que podem ultrapassar centenas de quilômetros. Natural de Campo Grande, ele nasceu em 18 de fevereiro de 1992 e hoje se destaca em competições nacionais de ultradistância.

O esporte entrou na vida de Jonathan de forma gradual. Ele conta que começou pelas corridas mais curtas, de 5 e 10 quilômetros. “Mas com o passar do tempo fui gostando dos treinamentos, dos desafios dos treinos e provas. Então migrei para as corridas de montanha, nelas as distâncias são muito maiores. Eu via atletas do Brasil todo competindo e realizando os percursos maiores. Foi onde decidi subir distância, com constância e calma, por volta de sete anos atrás.”

Desde então, ele acumula conquistas importantes. Entre elas, cita a vitória na Extremosul, em 2024, uma ultramaratona de 226 quilômetros realizada no Rio Grande do Sul. “Com certeza a Extremosul, uma prova de 226 km que sai do Chuí e termina na praia do Cassino, foi a mais marcante da minha carreira. É toda realizada na maior extensão de praia do mundo, e consegui me sagrar campeão.” Além dessa, Jonathan também venceu a Ultra dos Anjos Internacional, de 140 km, e participou de provas como a La Mision, nas distâncias de 80 km e 100 km.

Os desafios das ultramaratonas vão muito além do preparo físico. Segundo ele, a grande dificuldade está no tempo de exposição. “Provas longas levam horas e horas. Muitas com subidas pesadas. Então podem ocorrer vários perrengues durante o percurso, como alimentação e hidratação, que podem tirar o atleta da prova. O mental é o que mantém o atleta no jogo quando o corpo pede para parar.”

Para suportar esse tipo de competição, a rotina é marcada por treinos intensos e disciplina. “A rotina é pesada, com muito volume. Conciliar o dia a dia com os treinos de corrida e fortalecimento, junto com a alimentação, requer muita disciplina.” Jonathan também ressalta a importância da estratégia alimentar. “Na preparação, a alimentação tem que ser o máximo equilibrada, para auxiliar na recuperação e evitar lesões, pois os treinos exigem muito do corpo. Suplementação durante os treinos e provas são sempre testadas para ter o máximo de eficiência.”

Além das conquistas pessoais, ele destaca a motivação em servir de inspiração. “O que mais me motiva é incentivar e motivar meus atletas a buscar novas conquistas e conhecer ainda mais o limite do corpo, sempre com prevenção e progressão segura.”

Ao avaliar o cenário, Jonathan observa evolução no esporte, mas acredita que ainda há espaço para avanços. “Cresceu muito nosso esporte no cenário nacional e mundial, mas ainda tem que crescer muito no nosso estado, principalmente nas distâncias de ultramaratonas.”

Para quem sonha em migrar das corridas de rua para as ultramaratonas, ele recomenda paciência. “Começar gradativamente, não ter pressa. Conhecer cada distância e viver a experiência para depois subir.”

Os próximos passos também já estão definidos. O principal desafio será em novembro deste ano. “Tenho um grande desafio em novembro, que venho construindo com algumas provas do segundo semestre: 200 milhas, 320 km, na One Hundred Mons, em Santa Catarina. É uma prova de montanha com grande altimetria, que terá mais de 12 mil metros de positivo acumulado.”

Jonathan segue treinando em Campo Grande, levando o nome de Mato Grosso do Sul para competições de longa distância pelo país. Suas metas, segundo ele, estão ligadas não apenas a resultados, mas ao processo de superação. “Com constância e calma, é possível evoluir e alcançar novas distâncias.”