Para oportunizar aos professores de educação física da rede estadual de ensino da Capital a troca de experiências e o aprimoramento de seus conhecimentos, a Secretaria de Estado de Educação, promove até hoje e um encontro com palestras e debates sobre a profissão.
As atividades do primeiro dia da capacitação "Educação Física Escolar: Perspectivas para Intervenção na Prática Pedagógica" tiveram início na manhã desta terça-feira com a palestra do professor Paulo Henrique Azuaga Braga, realizada no anfiteatro da escola estadual Maria Constança Barros Machado.
Com o tema Educação Física na Perspectiva da Inclusão, Paulo procurou demonstrar novas possibilidades para a disciplina e a necessidade de se rever os objetivos da profissão. "Um projeto de inclusão em uma aula de educação física é uma ação de convivência na perspectiva do entendimento e do respeito aos direitos de todos os envolvidos", defendeu.
O professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) evidenciou que é preciso uma nova visão do profissional quando o assunto é inclusão de pessoas com necessidades especiais. "A potencialidade e a limitação são características comuns a toda criança, independentemente de sua condição física, de ela apresentar alguma deficiência ou não. O que é preciso aprender é que se enxergue além do superficial. Por exemplo, quando muitos vêem um aluno com um aparelho auditivo, logo podem pensar 'tenho um problema'. Eles enxergam a deficiência, mas não sabem que aquele aluno pode ter muitas potencialidades. Eu conheço dois professores de educação física cegos. Gostaria muito de trazê-los a Campo Grande para dar oficinas e palestras e contar suas experiências", relatou.
O professor do ensino médio da escola Dona Consuelo Muller, Marcel Ortiz do Nascimento, conta que considerou interessante a palestra, com temas que expõem muito das dificuldades encontradas em sala de aula. "É um questionamento que a gente estava precisando. A grande dificuldade é a confusão com o objetivo da disciplina, que deixou de ser focada na educação do aluno e passou a ser pensada no rendimento", pondera.
Edilmara Lima Gustavo, que leciona na escola São José, acredita que eventos como o que presenciou contribuem para o aprimoramento da profissão: "É sempre bom se reciclar. Essas atividades mostram as formas de conduzir uma aprendizagem criativa e sem os preconceitos com que a gente depara no dia-a-dia".
Desenvolver a auto-estima
O palestrante Paulo Henrique Azuaga Braga aponta maneiras de se trabalhar a auto-estima e a motivação não só das pessoas com necessidades especiais mas de todos os estudantes. Ele acredita que as dificuldades não precisam ser "escondidas" porque podem ser princípios de discussões importantes como, por exemplo, a sensibilização e a preparação dos alunos para conhecerem e conviverem com pessoas com necessidades especiais.
Superproteger o aluno com alguma deficiência física é algo desaconselhável. "A partir do momento em que modifico a proposta pedagógica para atender especificamente a este aluno, ele passa a ser o objetivo nas aulas. Ele não é o objetivo, mas parte dele. O segredo é que ele deve fazer aquilo que pode. A idéia é que ele faça o máximo possível das mesmas atividades dos demais. O que nós, professores, devemos fazer é criar condições para isso, mas sem superproteção", sugere Paulo Henrique.
Fazer trabalhos de grupo fora do ambiente habitual da disciplina também pode ser uma alternativa que produz bons resultados. Educação física é uma disciplina que não precisa necessariamente ficar restrita à quadra de esportes. "Existe vida além da quadra e da bola", resume o professor. Uma forma de desenvolver esse tipo de pensamento seria a utilização de análises de filmes "que demonstram o culto ao corpo e à forma, por exemplo, pois, após uma observação mais profunda, pode-se demonstrar que às coisas vão além do superficial", defende.
Continuação do evento
A capacitação com oficinas no ginásio Moreninho, localizado no campus da UFMS. Os temas e ministrantes serão os seguintes: (Des)motivação nas Aulas de Educação Física, com os professores Paulo Henrique Azuaga Braga e Gilberto Ribeiro de Araújo Filho (UFMS); Atividades Perceptivas e Sensoriais no Ensino Fundamental, com a professora Leize Demétrio da Silva (programa Segundo Tempo); Propostas Diferenciadas para o Ensino do Voleibol, com o professor Genilson Jabes da Silva de Oliveira (ex-técnico da seleção sul-mato-grossense de voleibol).