Quem diz que campeonato de pontos corridos não tem final pode começar a reavaliar seus conceitos a partir deste domingo, quando Santos e Palmeiras se enfrentarão às 16 horas na Vila Belmiro, no clássico que pode decidir o rumo da taça de campeão paulista da temporada 2006.
Com 28 pontos, dois a mais do que o Palmeiras, mas também com uma partida a mais disputada do que o adversário, o time da Baixada joga seu futuro na competição. Se vencer, abre cinco pontos sobre o rival e ficará à frente do Verde mesmo que o Palmeiras vença o jogo a mais que tem por fazer. Uma derrota, no entanto, pode propiciar ao time de Emerson Leão uma vantagem de quatro pontos sobre o Santos quando ambas as equipes tiverem 14 jogos disputados.
Ingredientes extra-campo também não faltarão. Desafetos declarados, os técnicos Wanderley Luxemburgo e Emerson Leão estarão mais uma vez frente a frente. Em 2002, o treinador palmeirense, então no Santos, levou a melhor e foi campeão brasileiro, mas no ano seguinte Luxa deu o troco e conquistou o Nacional comandando o Cruzeiro.
Além do duelo dos treinadores, o jogo marcará o reencontro de Luxemburgo com seu "filho", Edmundo, que agitou a relação familiar na semana passada ao cobrar uma dívida de R$ 400 mil do treinador santista, a quem teria emprestado dinheiro na época em que ambos estavam no Palmeiras, em 1997.
Confusões e conflitos à parte, o que interessa é dentro de campo, e neste terreno o Santos estará reforçado com as voltas de Fábio Costa e Maldonado, que não enfrentaram o São Caetano por estarem suspensos, além do zagueiro Manzur, que estava na seleção paraguaia.
O Verdão, por sua vez, não terá Marcos e Enílton, machucados, Marcinho Guerreiro e Douglas, suspensos, mas estará reforçado pelas voltas de Daniel, Gamarra e Juninho Paulista, que se recuperaram de problemas musculares.
Independentemente de quem estiver em campo, o jogo terá ares de decisão. Pelo menos é o que pensam os jogadores do Palmeiras, como Juninho Paulista, de volta ao time após três meses de ausência. "Tive uma lesão meio séria e inesperada, mas é sempre bom voltar à rotina de treinos e jogos. Quem ganhar esse clássico dará um passo importante rumo ao título, pois faltarão poucas rodadas", apontou
Márcio Careca, campeão brasileiro pelo Santos em 2004, quando era reserva de Léo, concordou. "Será uma decisão antecipada e temos que ir à Vila com o intuito de vencer, pois passaremos à frente do Santos e ainda teremos um jogo a menos".
Titular pelo outro extremo do campo, Paulo Baier concordou. "Será um jogo bem mais difícil do que o de quarta (contra o Atlético Nacional), na casa do adversário e, se quisermos alguma coisa no campeonato, temos que vencer", alertou. "Será uma final de campeonato, pois temos um jogo a menos e tudo pode mudar".
Sem saber do discurso de seus comandados, o técnico Emerson Leão tratou de descaracterizar o encontro com o time de Wanderley Luxemburgo como decisivo. "Acho que esse jogo não decide nada e não podemos falar nada antecipadamente. Temos que falar pouco e trabalhar mais", ordenou. "Ganhar de quem está próximo é sempre interessante, e esse jogo de domingo está interessante, mas não decide nada".
Pelos lados da Vila, depois da vitória contra o São Caetano, o Santos passou a ser encarado com um candidato real ao título paulista. Porém, os jogadores sabem da importância do clássico contra o Palmeiras. Uma derrota significaria ver a primeira colocação escapar, já que o adversário tem um jogo a menos.
Ainda por cima, o Peixe sabe da qualidade do adversário. "Os dois times estão muito bem, em competições diferentes. O Palmeiras se reforçou para jogar a Libertadores, a gente também mudou. Mas ambos contam com jogadores de qualidade, têm feito bons trabalhos", lembrou o volante Maldonado.
Já o experiente goleiro Fábio Costa acredita que os detalhes serão fundamentais no clássico. Por isso, ele pede atenção nas bolas paradas. "O Palmeiras é muito forte na bola parada e tem um contra-ataque rápido, com jogadores que trabalham bem na área. O Edmundo está em boa fase desde ano passado", elogiou.
Fábio Costa pode ser considerado um grande curinga no Santos. Afinal, com o goleiro, o time não leva gols faz seis partidas. Só viu as redes balançadas contra o São Caetano, mas Roger foi escalado na meta. "É interessante a estatística, mas isso dura pouco. Objetivo final é brigar pelo título. Continua o mesmo para o Palmeiras. Questão de tomar gol é mínima em relação ao título", disse.
Sobre a escalação, fica a expectativa de surpresas de Luxemburgo. Contra o Corinthians, o treinador chegou a fazer um treino secreto na véspera do jogo para testar uma nova formação. A surpresa pode até ser a volta do atacante Reinaldo, recuperado de uma contusão muscular.
FICHA TÉCNICA
SANTOS X PALMEIRAS
Local: estádio da Vila Belmiro, em Santos (SP)
Data: 05 de março de 2006
Horário: 16 horas
Árbitro: Luís Marcelo Vicentin Cansian
Assistentes: Geraldo José Vollet Pinheiro e Emerson Augusto de Carvalho
SANTOS: Fábio Costa; Manzur, Ronaldo e Luiz Alberto; Fabinho, Maldonado, Cléber Santana, Magnum (Léo Lima) e Kléber; Rodrigo Tabata e Geílson.
Técnico: Wanderley Luxemburgo.
PALMEIRAS: Sérgio; Paulo Baier, Daniel, Gamarra e Márcio Careca; Alceu, Correa, Juninho Paulista e Ricardinho; Edmundo e Marcinho.
Técnico: Emerson Leão.