Mantidos em sigilo pela Ferrari, os resultados dos recentes testes de Valentino Rossi pela escuderia mostram uma evolução expressiva do piloto ao volante de um F-1 e tornam cada vez mais concreta sua mudança das duas para as quatro rodas no Mundial de 2007.
Os números estarão na edição desta terça-feira da \"Autosprint\", a mais prestigiosa revista de automobilismo da Itália. E impressionam.
Em apenas quatro sessões de treinos em Fiorano, circuito particular da Ferrari, Rossi, 26, melhorou sua marca em 2s70. Em Mugello, também na Itália, andou por dois dias na semana passada. De um para outro, queda de 1s54 nos tempos das melhores voltas.
A primeira experiência do heptacampeão mundial de motociclismo com um modelo da equipe foi em abril do ano passado, em Fiorano. Ele errou, saiu da pista, mas conseguiu completar 50 voltas, a mais veloz delas em 59s50. Em agosto deste ano, retornou ao circuito e já foi 0s29 mais rápido.
Desde então, a Ferrari tornou pública sua vontade de contar com o italiano no futuro e lhe ofereceu um \"curso intensivo\" no cockpit de seus carros. Coincidência ou não, seu compromisso com a Yamaha acaba no dia 31 de dezembro de 2006, quando também expiram os contratos de Michael Schumacher e de Felipe Massa, atuais titulares ferraristas.
A empolgação da equipe, o status de herói que Rossi goza na Itália e as \"coincidências\" de datas geraram rumores sobre sua mudança de categoria em 2007.
Foi para brecar esses boatos que o time omitiu os tempos de sua maior bateria de testes até agora, realizada na semana passada -quarta em Fiorano, quinta e sexta em Mugello. Mas a \"Autosprint\" teve acesso aos resultados.
Em Fiorano, Rossi cravou 56s80. O recorde da pista é de 55s99, obtido por Schumacher no ano passado. Em Mugello, onde acontece o GP da Itália de MotoGP, atingiu 1min23s10 na sexta-feira. Lá, o melhor tempo é de Rubens Barrichello, também com a Ferrari: 1min18s704, em 2004.
Por enquanto, Rossi só pode ser comparado com ele mesmo. O histórico das últimas décadas torna inviável qualquer paralelo entre sua evolução e a de outros pilotos. Desde que John Surtees deixou as motos para correr na F-1, em 1960, o esporte a motor não vê uma mudança tão radical como essa que o italiano agora ensaia.
O inglês, até hoje, é o único homem a conquistar títulos nas principais categorias da moto e do automobilismo. Em 56, 58, 59 e 60, foi tetracampeão nas 500 cilindradas. Em 64, arrebatou a F-1. Coincidentemente, pela Ferrari.
O time não revelou quando serão os próximos testes de Rossi e divulgou apenas algumas declarações diplomáticas de seu pupilo.
\"Eu já havia andado em Mugello de moto, mas tudo fica diferente de dentro do cockpit\", afirmou. \"Percorri 600 km e passei a compreender ainda mais o carro.\"