São Paulo (SP) - A crise econômica que abalou a F-1 no fim do ano não produziu os mesmos efeitos negativos no Rali Dacar, que, neste ano, será disputado pela primeira vez fora da África. O evento, cuja largada oficial será neste sábado, em Buenos Aires, teve um orçamento recorde de 13 milhões (cerca de R$ 42 milhões).
"É um pouco mais caro do que na África, mas temos o apoio dos governos da Argentina e do Chile, contamos com helicópteros do Exército, com aviões. Foi feito um grande trabalho de preparação e temos muitas facilidades. É muito agradável poder trabalhar desta maneira", afirmou Ettienne Lavigne, diretor do Rali Dacar, à agência alemã DPA.
Lavigne acrescentou que o evento não sofreu com a retirada de patrocinadores, pois fora organizado antes do irrompimento da crise mundial.
"Os patrocinadores não se foram. Veremos o que vai ocorrer no próximo ano, mas, no momento, não [tivemos problemas com a crise]", disse.
Um alívio para a organização, que teve de arcar, em 2008, com o prejuízo de 15 milhões, devido ao cancelamento da última edição. No ano passado, o evento não foi realizado porque grupos terroristas ligados à Al Qaeda ameaçavam atacar na passagem do rali pela Mauritânia, na África.
Essa também foi a razão pela qual os organizadores decidiram tirar, pela primeira vez na história, a disputa do continente e levá-la para território sul-americano. Apesar de Chile e Argentina estarem bem distantes de Dacar, capital do Senegal e cidade que inspirou o nome do rali, os organizadores optaram por manter a marca.
"Historicamente, [o rali] chamava-se Paris-Dacar, depois mudou para Dacar. Já cruzou 30 países. Assim como não se muda o nome de um barco, o Rali Dacar não mudará seu nome", justificou Lavigne.
O percurso da versão sul-americana do rali terá 9.574 km de extensão e passará por Argentina e Chile. Os competidores, divididos em quatro categorias (carros, quadriciclos, caminhões e motos), passarão pelos mais diversos cenários (pampa, Patagônia, deserto de Atacama e cordilheira dos Andes) até retornar à capital argentina em 17 de janeiro.
Em relação ao lugar onde o rali será sediado no próximo ano, pairam indefinições, ainda mais após o governo argentino ter colocado em dúvida sua continuidade na organização.
"No momento, estamos focados em 2009. Logo vamos fazer uma avaliação conjunta e somente depois poderemos decidir o futuro do Dacar na América do Sul", despistou Lavigne.
A organização espera que o rali volte a ser disputado na África em 2011 ou 2012. Há rumores de que o evento será sediado, nos próximos anos, por um país africano que ofereça mais condições de segurança. Especula-se também que poderá ocorrer no Qatar, que tem sediado importantes competições internacionais.