Após terminar entre os dez primeiros em 13 das 17 corridas que disputou pela Rahal-Letterman, Vitor Meira sente-se credenciado para falar na perspectiva de conquistar a primeira vitória na Fórmula Indy. Quinto colocado na classificação do campeonato, o piloto brasileiro vive essa expectativa às vésperas da quarta etapa da temporada no oval japonês de Motegi, onde, no ano passado, começou a construir sua história na equipe.
Foi justamente nas 300 Milhas do Japão, em 2004, que Bobby Rahal teve a idéia de inscrever um carro a mais. Vitor, contratado no início do ano como piloto de testes, iria guiá-lo na corrida. E haveria, ainda, a chance de participar das 500 Milhas de Indianápolis, maior evento do calendário, caso o titular Kenny Brack não estivesse devidamente recuperado de um acidente sofrido meses antes. Desde então, Vitor é titular absoluto do time.
"É incrível como as coisas acontecem", diz o brasileiro. "Se eu tivesse que apostar em minha carreira há uns dez anos, apostaria que conseguiria chegar a algum lugar, porque acreditava em mim mesmo e estava disposto a dar o máximo de mim. Mas eu não fazia idéia do que teria de acontecer. Mas todas as peças do quebra-cabeças se encaixaram. Além dos resultados e do trabalho duro, você tem que ter alguma sorte, e eu tive", acrescenta.
Desde a saída da Menard, equipe pela qual estreou no final da temporada 2002 e disputou algumas corridas em 2003, Meira vinha negociando com diversas equipes da categoria, inclusive o time do ex-piloto Bobby Rahal, que havia saído da Fórmula Mundial para se associar a David Letterman na Indy. "Quando eles resolveram preparar o segundo carro, uma tonelada de gente foi falar com eles, e nesse contexto eu acabei ficando com a vaga", lembra.
Os motivos da escolha não surpreenderam Meira, que convenceu Rahal pela maleabilidade. "A experiência do Vitor, talvez, não justificasse a escolha, mas ele mostrou ter ritmo quando pilotou um carro no mesmo nível dos demais", lembra o ex-piloto. "Vitor veio com muitas recomendações positivas e se dispôs a ser flexível conosco para ter a oportunidade. Por que não iríamos recompensar a iniciativa dele? Fizemos o certo", considera.
Vitor compensou essa confiança demonstrando ser um bom acertador de carros e buscando a perfeição em todos os setores da equipe. "Ele foi um grande reforço para a equipe", considera Scott Roembke, supervisor geral da equipe. "Fez um grande trabalho na temporada 2004, depois da segunda corrida, mesmo tendo testado muito pouco. Ele veio focado em vencer corridas no ano passado, e por isso decidimos incluí-lo no futuro da equipe".
O comprometimento de Vitor com as metas do time surpreende, segundo Roembke. "Para ser honesto, ele provou ser melhor do que nós pensamos quando assinamos com ele depois da corrida em Phoenix. Vitor e Buddy (Rice) estavam empenhados em trabalhar juntos, era nítido que esse companheirismo poderia ser a chave do nosso sucesso. Além disso, ele conseguiu um ótimo entrosamento com os engenheiros da Honda", aponta.
O brasileiro cumpre uma campanha consistente em 2005. Na abertura da temporada, em Homestead, largou em segundo e terminou em quarto. À linha de chegada, na volta final, fez uma manobra que lhe devolveria à segunda posição se a prova tivesse mais alguns metros. Em Phoenix, foi 12º no grid, teve a estratégia de pit stops comprometida pelas bandeiras amarelas e terminou em 11º. Em São Petersburgo, largou em 12º e chegou em quinto.
"Acreditamos que Vitor vai vencer corridas neste ano, ele teve um começo de temporada animador, voltou a ser top five em São Petersburgo e está entre os cinco primeiros no campeonato", comenta Roembke. "Estamos nos preparando para as mesmas corridas em que ele mostrou força no ano passado", acrescenta, citando a prova no Japão, no próximo dia 30, e a 89ª edição das 500 Milhas de Indianápolis, marcada para dia 29 de maio.
Diante das considerações dos diretores da equipe, Vitor procura medir as palavras. "Eu acho que estamos fazendo um bom trabalho", contemporiza o piloto de Brasília, que completou 28 anos no mês passado. Ele embarcou com a equipe para a sede em Ohio. "A única coisa que está faltando é o grande V, o da vitória. Eu não vou mudar meu modo de dirigir, porque é o meu trabalho. Com trabalho e atitudes corretas, a vitória virá, cedo ou tarde", finaliza.