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Presidente da CBA conclama pilotos para a luta

(com informações da cba) - 1 de mar de 2005 às 11:05 285 Views 0 Comentários
Presidente da CBA conclama pilotos para a luta
Em sua coluna publicada na edição no 9 da revista Motorsport Brasil, sob o título "Interesses em torno de Jacarepaguá", e em continuidade às ações que encabeça desde 2002, o presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, Paulo Scaglione, conclamou a todos para colaborar com a entidade em sua luta contra a destruição do Autódromo Internacional Nelson Piquet pela prefeitura do Rio de Janeiro. Da mesma forma, informou que impetrará ações na justiça se a legislação for descumprida pelo executivo municipal.
 
Para o Scaglione, que desde 2002 luta contra a intenção do prefeito César Maia em construir módulos olímpicos no interior do autódromo para o Pan 2007, em detrimento do automobilismo, "... é de vital importância que cada cidadão, desportista ou não, em conjunto ou separadamente, se conscientize da necessidade de lutar, pela via que achar melhor ou a que tiver mais acesso, para que esse projeto de destruição do autódromo do Rio de Janeiro venha a ser interrompido de imediato".
           
Nesse sentido, Paulo Scaglione conclamou "a todos - com interesses diretos e indiretos, além dos amantes do automobilismo - que venham efetivamente colaborar com a Confederação nesse sentido".
 
Em seu depoimento, o presidente da CBA reiterou o seu apoio ao Pan, mas deixou claro que "nenhum propósito olímpico é suficientemente importante a ponto de justificar a destruição de praças esportivas de esportes não olímpicos". Além disso, cobrou responsabilidade das autoridades municipais na preservação do patrimônio público e no zelo pelas verbas oriundas do contribuinte.
 
"Analisando com lógica, é difícil encontrar uma justificativa para a realização das obras dos módulos olímpicos no interior do autódromo. Como se não bastassem as enormes áreas existentes no Rio de Janeiro - e a utilização de algumas delas seguramente traria modernidade e desenvolvimento para a cidade do Rio de Janeiro - há a questão do alto valor que já foi investido em Jacarepaguá, algo em torno de US$ 60 milhões", afirmou o dirigente.
 
Scaglione alertou para os interesses imobiliários inseridos no contexto e reafirmou que a entidade recorrerá a justiça se a legislação for descumprida, uma vez que a lei aprovada, sob número 3.758, de 25 de maio de 2004, determina "... que o Autódromo Nelson Piquet preserve, de acordo com a categoria máxima homologada e licenciada pelas respectivas Federações Internacionais, sua função principal e essencial de Automobilismo e Motociclismo".
 
O presidente da CBA chamou a atenção também para o fato de o terreno onde está localizado o Autódromo Internacional Nelson Piquet ser inadequado para edificações, como atestam laudos da própria prefeitura. "A pista não tem base compactada em definitivo para suportar qualquer tipo de obra nas proximidades, sob o risco de outra movimentação, como comprovadamente já ocorreu anteriormente".
 
 
Veja os principais trechos do depoimento do presidente Paulo Scaglione
 
Apoio o Pan, mas sem prejuízo do automobilismo
"A CBA apóia a realização dos Jogos Pan-americanos. O nosso negócio é fazer esporte e, nesse sentido, quanto mais esporte em nosso país, melhor. Principalmente em se tratando de um evento internacional, que gera projeção e divisas para a cidade do Rio de Janeiro e também para o Brasil. Além disso, serve de estímulo para o surgimento de novas gerações de atletas. Mas nenhum propósito olímpico é suficientemente importante a ponto de justificar a destruição de praças esportivas de esportes não olímpicos".
 
 
Como ficam todos investimentos já realizados?
"Analisando com lógica, é difícil encontrar uma justificativa para a realização das obras dos módulos olímpicos no interior do autódromo. Como se não bastassem as enormes áreas existentes no Rio de Janeiro - e a utilização de algumas delas seguramente traria modernidade e desenvolvimento para a cidade do Rio de Janeiro - há a questão do alto valor que já foi investido em Jacarepaguá, algo em torno de US$ 60 milhões".
 
Interesses imobiliários
"É claro que não se pode ser puritano e inocente nessa defesa do autódromo do Rio. Em primeiro lugar, ele é de propriedade da prefeitura. Logo, por mais equivocada e questionável que seja a decisão de usar as dependências de Jacarepaguá para piscinas e outros módulos olímpicos, esse ponto não pode ser esquecido. Há também o interesse imobiliário. A pressa em se aprovar a nova lei de urbanização, em janeiro, foi justamente para permitir a exploração imobiliária em torno do autódromo".
 
Responsabilidade com o patrimônio público
"Porém, como cidadãos, temos o dever de cobrar das autoridades o zelo no uso de verbas que não partiram da iniciativa privada. Saíram dos cofres públicos e oriundas de toda a população brasileira, uma vez que a cidade do Rio é o maior cartão de visitas para o turismo nacional e internacional. Logo, os administradores têm o dever de zelar pelo patrimônio público".
 
A luta da CBA
"Desde o primeiro momento a CBA esteve na linha de frente. De forma profissional - não histérica - e objetivando salvaguardar o automobilismo como um todo, lutou para garantir a própria existência da praça esportiva. Seria muito cômodo para as autoridades municipais deixarem um pedaço de pista, sem qualquer condição técnica de uso, e jogar nas costas da Confederação a responsabilidade por não utilizar o espaço. Coisa do tipo: 'A pista está aí, vocês não usam porque não querem'. Seria o fim do autódromo".
 
A lei tem de ser cumprida
"A lei aprovada, sob número 3.758, de 25 de maio de 2004, prevê dentre outras coisas, em seu artigo segundo, "... que o Autódromo Nelson Piquet preserve, de acordo com a categoria máxima homologada e licenciada pelas respectivas Federações Internacionais, sua função principal e essencial de Automobilismo e Motociclismo".
 
Terreno inadequado
"É importante destacar, porém, que sem dúvida alguma isso não irá ocorrer. O motivo é simples. O terreno, conforme laudo da própria prefeitura, é inadequado para determinadas construções. Inclusive sua pista, quando da destruição do kartódromo para a construção do oval, teve a necessidade de recapeamento. Em função das obras, houve um assentamento do terreno que provocou ondulações na pista. Ou seja, a pista não tem base compactada em definitivo para suportar qualquer tipo de obra nas proximidades, sob o risco de outra movimentação, como comprovadamente já ocorreu anteriormente".
 
Promessa não cumprida
"Por tudo isso, estamos focados na questão e não há interesse imobiliário, político e/ou econômico que fará a CBA desistir desse pleito legítimo em nome do automobilismo. Está claro no texto da lei que só poderá haver alteração no circuito se a CBA homologar o novo traçado. O mesmo ocorre com a confederação de motociclismo. Quando estive com o secretário Ruy Cezar, ainda no início de 2003, ele me prometeu a apresentação do projeto técnico para análise da CBA e da FIA. Essa promessa, apesar de ainda não cumprida, está prevista em lei. Então, a CBA aguardará por mais algum tempo o envio do projeto".
 
Desrespeito com o esporte
"O que o consórcio vencedor da licitação fez, até agora, foi enviar um croqui sem qualquer embasamento técnico. E por não se tratar do cumprimento do compromisso assumido, a CBA ignorou solenemente o croqui e deixou claro que a entidade é profissional e só aceita tratamento em igual nível. Nosso automobilismo é muito forte e intenso para perdermos tempo com coisas amadoras ou incompletas".
 
Questões ambientais ignoradas
"Ao longo de todo o processo, em momento algum o poder público - mais precisamente a prefeitura - se preocupou com o impacto que podem vir a causar as construções previstas para o autódromo de Jacarepaguá. Quer na parte de estudo de solo, para verificar os prejuízos que as obras causariam às pistas, ou mesmo um estudo do prejuízo ao meio ambiente. Esse é outro tema que exige atenção especial devido a proximidade com a lagoa e do tipo de terreno alagadiço do qual faz parte o entorno e o Autódromo Nelson Piquet em si como um todo".
 
O caminho da justiça
"É importante deixar claro que a justiça é o caminho que será usado pela CBA para que os direitos dos nossos esportistas sejam resguardados, da mesma forma que o cumprimento da lei. As autoridades cariocas assumiram o compromisso - reiterado pelo prefeito, pelo secretário de esporte e pelo consórcio - e nós estamos no aguardo".
 
Convocação
 "Porém, é de vital importância que cada cidadão, desportista ou não, em conjunto ou separadamente, se conscientize da necessidade de lutar, pela via que achar melhor ou a que tiver mais acesso, para que esse projeto de destruição do autódromo do Rio de Janeiro venha a ser interrompido de imediato. Motivo pelo qual utilizo o meu espaço para conclamar a todos - com interesses diretos e indiretos, além dos amantes do automobilismo - que venham efetivamente colaborar com a Confederação nesse sentido".

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