São Paulo (SP) - Envolvido no acidente que causou a morte de Rafael Sperafico, Renato Russo, piloto da Stock Car Light, denunciou nesta quarta-feira o uso de drogas como álcool, maconha e cocaína por pilotos da categoria antes de provas e treinos.
"Acho que tinha de ter antidoping. Desde o ano passado, o Dino Altman [médico da categoria] insiste, mas a Confederação nada faz. Não sei como é o desempenho para melhor porque não uso essas substâncias, mas para pior é que o cara perde totalmente os reflexos, e aí saem as porradas perigosas. Depois, falam que perderam o controle, que houve falha do carro. Tem piloto que bebe uísque antes da largada. Tem gente que fuma maconha, que cheira... E faz tempo", disse Russo, em entrevista veiculada pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Russo vê falhas na segurança na categoria e na maneira como os pilotos entram na Stock Car. "Aqui no Brasil, tem cara que usa o capacete por 10 anos e ninguém faz nada. A luva não é antichama, a camiseta de baixo é normal e deveria ser antichama. O pessoal parece não ter muito interesse na segurança, que não é vigiada."
"Além da fiscalização da segurança dos pilotos, que ninguém faz, acho errado colocar gente que nunca andou de turismo. Tem uns três ou quatro que não sabem o que é carro de corrida e estão lá porque os pais têm dinheiro. Quenro eu entrei [2006], tinha de ter título nacional de kart, turismo ou de fórmula. Eu era vice-campeão brasileiro de F-Ford, seis vezes campeão brasileiro de kart", completou.
O piloto revelou que pensou em parar depois do acidente que vitimou Rafael Sperafico, mas mudou de idéia depois de saber que não teve culpa na morte. "(...) Fiquei pensando em parar de correr. Mas a família do Cristiano [Federico, chefe de equipe] teve acesso ao lado da necropsia, que aponta que a causa da morte foi depois do primeiro impacto, quando o carro ricocheteou no muro e voltou. O Rafael estava sem o Hans e teve uma luxação no pescoço. Quando eu bati, ele já estava morto. Se ainda estivesse vivo, certamente teria morrido com a minha batida."
Às vésperas da estréia na temporada 2008, Russo se diz preparado para voltar às pitas. "Seu que vai ter gente que vai me chamar de assassino. Tudo o que posso responder é: 'isso é opinião sua, fazer o quê?'."