São Paulo (SP) - O piloto brasileiro André Azevedo, que competiria em 2008 o seu 20º Rali Dakar (em 30 anos de história), admitiu ter recebido com surpresa o cancelamento da competição, devido à ameaça de terrorismo. Azevedo vê como solução para o ano que vem que o Dakar seja realizado longe do continente africano.
"É preciso que seja encontrada uma alternativa para a África. Eles já estão pensando em um plano B. Certamente vão atrás de países com governos mais estáveis", declarou o piloto em entrevista ao UOL Esporte por telefone de Lisboa (Portugal).
Segundo Azevedo, alguns pilotos desistem do Dakar por não encontrarem mais motivação de correr na África. "Pessoas não participam mais do Dakar, pois estão cansadas de África. Eles teriam uma nova motivação com a descoberta de outros lugares".
Mesmo mudando de local, Azevedo acredita que o nome não deve ser alterado. "O nome é muito forte, como se fosse uma grife. Se mudar, a competição vai ficar descaracterizada".
O piloto brasileiro acrescentou ainda que alguns lugares como a Patagônia e a Transamazônica já foram cogitados pela organização na prova, o que seria uma vantagem na sua opinião. "Nós estaríamos mais perto de casa, e teríamos mais recurso para nos preparamos um bom tempo antes do início da competição", justificou.
Azevedo conta que pretendia ficar entre os cinco primeiros na competição dos caminhões neste ano, já que se considerava menos preparado que os principais rivais. "Seríamos os azarões do Dakar, mas com boas chances de chegar ao pódio", afirmou.
Apesar de concordar com a decisão, Azevedo lamenta pelos jovens pilotos, que perderam a chance de estrear em um dos principais ralis do mundo. "A tristeza deles é muito maior do que a nossa, pois era o sonho da vida de muitos, que não terão mais como voltar".
O piloto disse que com certeza todos sofreram prejuízos com o fim da competição, apesar de não poder ainda quantificar em quanto a equipe brasileira foi lesada.
Azevedo declarou que pretende voltar ao Brasil até o final da próxima semana, já que ele se programava pra passar mais de vinte dias na disputa do Rali Dakar. Sua reserva no hotel em Lisboa vai até este sábado, data que marcaria o início da competição. "Tinha uma barraca para usar quando estivesse na África. Só espero não ter que precisar usar aqui em Lisboa", brincou.