A soberania conquistada pelo Brasil nas últimas duas edições da Copa Libertadores da América, sacramentada com duas finais nacionais, está chegando ao fim. Pelo menos esse é o plano da Conmebol. Já nesta temporada, que conta com seis representantes brasileiros, a entidade tratou de realizar alterações no regulamento para minimizar as chances de uma final verde-amarela se repetir pela terceira vez.
O plano inicial era vetar qualquer possibilidade de uma decisão nacional, como acontecia antes de 2005, mas a Conmebol preferiu deixar essa meta para 2008. Neste ano, caso duas equipes de um mesmo país cheguem à semifinal, elas terão de se enfrentar independentemente do cruzamento. No entanto, se três equipes "irmãs" alcançarem essa etapa, a possibilidade de nova final caseira é grande.
"Este ano ainda é possível, mas apenas se três equipes de um mesmo país chegarem à semifinal. Caso contrário, se forem apenas duas, elas terão de se enfrentar para ver quem vai à decisão. O mesmo vale para as equipes mexicanas, que estão fora da Conmebol. Ano que vem vamos mudar isso", comentou Francisco Figueiredo, diretor executivo da entidade máxima do futebol sul-americano.
Presente nas duas últimas finais da Libertadores, uma pelo Atlético-PR e outra pelo São Paulo, o atacante Aloísio não achou justa tal mudança. Exaltando a qualidade brasileira, o camisa 14 do time do Morumbi protestou contra a Conmebol de modo bem-humorado, "acusando" os rivais de outros países de estarem com medo.
"Ah, então agora é assim? Quer dizer que eles estão com medo das equipes brasileiras. Eu não estava sabendo disso, mas não acho justo essa interferência. Mas se eles querem assim, o que vamos fazer", declarou o atacante são-paulino, duas vezes vice-campeão do principal torneio da América do Sul.
O São Paulo de Aloísio e o Flamengo, aliás, são os primeiros brasileiros a estrearem na fase de grupos do certame. E ambos fora de casa. O time paulista enfrenta o Audax Italiano, no Chile, enquanto a equipe carioca encara o Real Potosí na altitude boliviana. Depois, Grêmio e Paraná jogam na quinta-feira. O Internacional estréia no dia 21, e o Santos, que participou da primeira fase, no dia 23 de fevereiro.
Caso uma dessas seis equipes brasileiras conquiste a edição de 2007 da Copa Libertadores da América, o país pentacampeão do mundo completará pela segunda vez em sua história uma trinca. Isso porque de 1997 a 1999, três equipes do Brasil conquistaram o torneio de maneira seguida: Cruzeiro, Vasco e Palmeiras. Os últimos dois campeões foram São Paulo (2005) e Internacional (2006).
Embora a maioria dos clubes na disputa considere os clubes brasileiros favoritos a mais um título, o retorno de um dos maiores campeões do certame preocupa a todos: o Boca Juniors. Pentacampeão da Libertadores, o time argentino não participou no ano passado, e volta agora com uma contratação de peso: Riquelme.
"O Boca é sempre um grande adversário na Libertadores. E ainda mais agora com o Riquelme. Eles estão fortes. Temos de ter muita atenção com eles, porque é um time que sabe como jogar essa competição", opinou Aloísio, do São Paulo.
Além dos seis brasileiros e do Boca Juniors, a edição 2007 conta também com os argentinos Banfield, Vélez Sarsfield, River Plate e Gimnasia, os chilenos Audax Italiano e Colo Colo, os colombianos Cúcuta Deportivo, Deportes Tolima e Deportivo Pasto, os uruguaios Nacional e Defensor Sporting, os equatorianos El Nacional, LDU e Emelec, os paraguaios Libertad e Cerro Porteño, os bolivianos Real Potosí e Bolívar, os peruanos Alianza Lima e Cienciano, os venezuelanos União Maracaibo e Caracas e os mexicanos América, Necaxa e Toluca.
Leandro Canônico, em São Paulo