Aos 16 anos, Laura Beatriz Dervalho Pereira de Brito mantém uma rotina intensa entre treinos e estudos. Natural de Aquidauana, no interior de Mato Grosso do Sul, ela é uma das jovens atletas que representam o avanço do futsal feminino no Estado. Com experiência em competições estaduais e nacionais, Laura já soma conquistas importantes no currículo — entre elas, o título da Taça Brasil, em Manoel Ribas (PR), onde marcou um gol na final.
A relação com o esporte começou cedo, ainda nas brincadeiras de rua com o irmão e os amigos. “Minha paixão pelo futsal começou quando eu era bem pequena. Eu jogava com meu irmão e com meus amigos na rua, e desde então nunca mais parei”, conta. O primeiro campeonato veio em seguida, em uma escolinha próxima de casa. Mesmo em um time formado quase totalmente por meninos, ela lembra com clareza do sentimento de entrar em campo pela primeira vez: “Eu roubei a bola de um menino, saí correndo toda empolgada e quase fiz um gol. Meu pai ficou super feliz, mesmo com o resultado. A felicidade dele foi o que mais marcou.”
A trajetória até aqui não foi fácil. Vinda de uma cidade do interior, Laura enfrentou dificuldades que vão além das quadras. “Um dos maiores desafios foi a falta de estrutura. Lembro que com 13 anos meu time da escola ganhou vaga para os Jogos Escolares (JEMS), mas a quadra da nossa escola estava sem luz, e era muito difícil conseguir outro lugar pra treinar. Quase ninguém liberava quadra pra gente, e isso atrapalhava bastante a preparação.” Ainda assim, ela seguiu jogando, mesmo quando as condições não eram ideais.
Hoje, Laura concilia a rotina de treinos com a reta final do Ensino Médio. Os treinos ocorrem geralmente à noite, o que permite a ela manter o foco nos estudos durante o dia. “Meus treinos são geralmente na segunda, terça e quinta, mas às vezes treino a semana toda em vários lugares diferentes. Eu lido bem com os estudos, tô no terceiro ano e tenho planos de fazer uma boa faculdade quando terminar.”
Além do esforço em quadra e na sala de aula, Laura também se inspira em quem trilhou caminhos parecidos. Ela cita Aninha Ramires, jogadora de futsal que também é de Aquidauana. “Ela sempre foi uma jogadora que admirei e que me motiva a seguir no futsal até hoje.” A identificação com figuras locais do esporte reforça o vínculo com a cidade e com a modalidade.
Apesar das raízes no município, Laura já viveu a experiência de jogar fora do Estado e competir em alto nível. E o resultado foi marcante. “Já joguei fora do estado e tive a oportunidade incrível de ser campeã da Taça Brasil em Manoel Ribas. Foi uma experiência única que me marcou demais e me fez crescer muito como atleta.” Ela não esconde a emoção ao lembrar do título. “Ter feito um gol na final… foi uma das melhores sensações que já vivi. A sensação de entrar em quadra, dar o meu melhor e no final sair com o título foi indescritível.”
Esse tipo de vivência reforça a convicção de que o futsal faz parte do futuro que ela deseja construir. Laura não pensa em largar o esporte, mesmo quando traça objetivos acadêmicos. “Meu objetivo é continuar praticando o esporte. Não quero abandonar ele de jeito nenhum. E meu sonho é entrar em uma faculdade, mas sem deixar de lado o que eu mais amo fazer: jogar futsal.”
A jovem atleta também acompanha com atenção o cenário do futsal feminino no Estado. Para ela, o crescimento é evidente, impulsionado pelo desempenho de equipes como a Serc/UCDB, o Horus e a Affi. “Isso mostra que o futsal feminino tá ganhando espaço, tendo mais visibilidade e sendo levado a sério. Eu fico feliz de fazer parte disso tudo e ver que cada vez mais meninas estão tendo oportunidades.”
No caminho até aqui, o apoio familiar foi fundamental. A mãe, principalmente, é presença constante, mesmo à distância. “Minha mãe é minha maior fã, sempre torcendo por mim, mandando mensagem e até chorando quando vem me ver jogar – isso enche meu coração de alegria.” Em momentos decisivos, a família também se mobiliza presencialmente. “Uma vez fui jogar um campeonato aqui perto de casa e minha família foi em peso: tios, tias… uma gritaria que só! Foi muito especial.”
Mesmo diante de limitações de estrutura, Laura representa uma geração de jovens que acreditam no esporte como caminho de realização pessoal e crescimento. Com os pés no chão e a bola no pé, ela segue traçando seus próprios rumos — dentro e fora da quadra.
“Foi na final da Taça Brasil, fazendo um gol, que percebi o quanto o futsal é importante pra mim e como todo esforço vale a pena.”