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Jorge Franco afirma que falta credibilidade ao futebol de MS

Jorge Franco afirma que falta credibilidade ao futebol de MS
rosália silva - 21 de out de 2004 às 20:45 561 Views 0 Comentários
Jorge Franco afirma que falta credibilidade ao futebol de MS
O jornalista esportivo e presidente da Federação de Futebol Society de Mato Grosso do Sul, Jorge Franco, é o entrevistado desta semana no Bate Bola. Aos 44 anos, o profissional conhece bem o meio esportivo do Estado e na conversa com a Esporte Ágil soltou o verbo. Confira a entrevista em que Jorge Franco aproveitou e fez uma "pequena" análise do futebol em Mato Grosso do Sul.

Esporte Ágil - A quanto tempo você trabalha com esporte?
Jorge Franco - Desde 1976, como jornalista.

Esporte Ágil - Você já começou como jornalista esportivo?
Jorge Franco - Não, comecei no jornalismo normal. A partir de 1978, 79 me dediquei exclusivamente ao jornalismo esportivo.

Esporte Ágil - Nessa época já era o Diário da Serra?
Jorge Franco - Era, eu fiquei no Diário da Serra até 1992. Depois abandonei o jornalismo e fui trabalhar na Associação Comercial, fiquei quatro anos lá com o Nelson Nachif. Depois retornei para o Diário da Serra, com o Antonio João, já fazendo o caderno de esporte, que foi o primeiro caderno de esporte que surgiu no jornalismo de Campo Grande.

Esporte Ágil - Isso na época foi uma conquista?
Jorge Franco - Ah, sim, foi um avanço. E para o esporte foi legal porque começou a ter mais espaço. Antigamente, era a última página do jornal que era dedicada ao esporte. Depois que fechou o Diário da Serra eu vim para o Correio do Estado, só que antes ajudei o pessoal a montar a Folha do Povo, fiz um caderno de esportes com seis páginas, fiquei na Folha do Povo uns 6 meses, depois vim para cá assumir o caderno de esportes do Correio do Estado.

Esporte Ágil - Você acha que hoje o esporte local tem o espaço merecido?
Jorge Franco - Acho que sim, principalmente em Campo Grande. Embora muita gente reclame que falta espaço para o futebol local, temos que entender que outras modalidades estão se sobressaindo muito mais que o futebol e merecem destaque. Hoje por exemplo é capa dos jornais o torneio internacional de tênis, o Pantanal Open, porque é um evento que merece. Infelizmente o nosso futebol profissional não te possibilita isso, quando você tem no futebol briga de dirigente, cartola dando calote em jogador, é complicado.

Esporte Ágil - E o que você acha que falta para o publico prestigiar mais ainda os eventos esportivos?
Jorge Franco - Eu acho que o público prestigia, teve os dois jogos da Liga Mundial de Vôlei que teve uma lotação legal, os dois jogos da Seleção Brasileira de Futsal, o próprio torneio de tênis que está acontecendo no Radio Clube e é acompanhado por tenistas daqui, para aprender observando. Acho que o público prestigia sim. Se o torneio é bom, o público vai. Eu vejo por exemplo os eventos do futebol society que fazemos, trazendo os craques do passado na praça Belmar Fidalgo, os próprios jogos da Copa Cidade de Futebol Society tem muita gente assistindo.

Esporte Ágil - E como aconteceu de você ir dirigir uma Federação? A de futebol society?
Jorge Franco - Já fazíamos há muito tempo a Copa de Pelada da Pousada Bosque, já tínhamos esse público. Antigamente se jogava o futebol suíço. Quando o Milton Mattani criou a Confederação Brasileira de Futebol 7 Society, passamos a usar as regras do futebol society. Com isso começaram a criar as federações. Ele me informou que precisava criar uma federação aqui em MS e me chamou para participar, ajudar. Eu e um grupo de amigos resolvemos criar a Federação, que já está com três anos de atividade. E nesse período mostramos um rendimento fabuloso, porque nós fizemos dois vices-campeões brasileiros, que é o Senna/FM Capital e um campeão brasileiro que é o Serc/Chapadão. Também colocamos dois jogadores na Seleção Brasileira que disputou a Copa América em Porto Alegre, mais dois jogadores do Mundialito em Portugal. Então estamos mostrando que o futebol society aqui sempre esteve muito presente na vida do povo de MS, tanto é que agente fez três edições do Torneio Popular com 200 equipes abrindo o calendário do futebol aqui.

Esporte Ágil - E você também joga?
Jorge Franco - Jogo, já joguei muito tempo, hoje a gente só brinca.

Esporte Ágil - Mas o seu esporte sempre foi o futebol ou você já praticou outras modalidades?
Jorge Franco - Não, sempre foi o futebol, mas pratico na base da brincadeira. Além dessa Copa de Ponta Porã, a gente faz junto com o Cachopa a Copa do Cachopa , o Bonito Open de Futebol Society, e vai lá brincar também.

Esporte Ágil - E tem alguém da sua família que é esportista também?
Jorge Franco - Não, meus irmãos jogavam bola também, mas nenhum deles é atleta.

Esporte Ágil - Agora começa a discussão do ranqueamento das entidades esportivas, que serão beneficiadas pelo FIE. Que mudanças você acha que poderá ter?
Jorge Franco - Participei da comissão do ano passado, quando conseguimos criar alguns critérios, mas foi como se pegássemos todas as modalidades e jogássemos num balaio de gatos, chacoalhássemos e virasse uma fórmula mágica. Houve descontentamento por parte de todo mundo, porque não dá para você comparar uma modalidade individual com a motorizada e com a coletiva. Vou citar o exemplo do kung fu, tinha atletas que iam para campeonatos fora, disputavam uma luta e voltavam com a medalha de ouro, e era campeão brasileiro ou mundial. Eu pego o meu time aqui, o Senna/FM Capital tenho que mandar 17 pessoas para o Rio Branco (AC), Minas Gerais ou São Paulo, para disputar oito, nove jogos para ser campeão ou vice e voltar a ter o mesmo valor que um atleta que pegou o ônibus aqui foi a SP fez uma luta e voltou, não é justo. Essas distorções têm que corrigir. A proposta que estamos levando para as federações e para a Scretaria neste momento é exatamente este: você tem três grupos de federações: modalidade individual, a de motor e as coletivas. São 41 federações de lutas que precisam de um critério especifico para eles e um percentual de acordo com o desenvolvimento de suas atividades aqui no Estado. Os esportes de motor são só três: automobilismo, motociclismo e motonáutica, que tem que ser tratados de uma maneira especifica, diferenciada. Assim como as modalidades coletivas, que geram muito mais empregos que qualquer outra. São as coletivas que estão fazendo a história do futebol deste Estado, sem desmerecer as outras, é claro.

Esporte Ágil - E o recurso que vem, dá para entidades trabalharem?
Jorge Franco - Toda ajuda é importante, não deveríamos ficar discutindo o que o governo deveria dar. O governo não tem que dar nada. Antigamente as federações não recebiam nada e sobreviviam. É certo que com dificuldades, mas sobreviviam. Eu vejo que essa administração do governo falhou no seu início quando começou a distribuir e a priorizar determinados projetos de acordo com os interesses do governo e aí cometeu erros. Hoje democratizou. O FAE (Fundo de Apoio ao Esporte), da Prefeitura, atende especificamente os atletas, funciona muito bem. Os maiores atletas de MS passaram pelo FAE, e que deu origem ao FIE. Então, é uma questão de administração.

Esporte Ágil - E quais os projetos futuros da Federação de Society?
Jorge Franco - Temos um calendário baseado no calendário da Confederação Brasileira e da própria Fifa, com todas as categorias de base no primeiro semestre: masculino e feminino. Depois têm as competições que são seletivas para as nacionais: a Copa Cidade de Campo Grande. Tmos ainda para este ano a Copa dos Profissionais Liberais, que a Federação faz juntamente com os conselhos regionais, é um púlico específico que atendemos. E se fecha o ano com o Estadual Máster, de 40 anos e acima de 40 anos.

Esporte Ágil - E o futebol society no interior?
Jorge Franco - Está muito bem, fizemos agora a Copa Norte em Chapadão do Sul, que é um pólo de desenvolvimento muito grande do society na região. Dourados também tem agora a Copa Progresso de Futebol Society. Em Ponta Porã tem em novembro a Copa Pousada do Bosque e em Bonito vai acontecer a Open Bonito e o sucesso é internacional, 20 portugueses vem para a Copa Vivo em Bonito.

Esporte Ágil - Para qual time você torce?
Jorge Franco - Flamengo, torci muito pelo Operário mais desisti, sou fanático pelo Operário. Tenho um sonho, alimento esse sonho de um dia presidir o Operário e um dia levar o time para a Libertadores da América. Não é tão difícil, basta ser campeão do Estado e ganhar a Copa do Brasil, que está na Libertadores, tem que traçar metas, mas deixa pra lá, um dia vou ser presidente do Operário para fazer isso.

Esporte Ágil - Você que está há muito tempo no meio esportivo, o que você acha que acontece com os times de futebol profissional do Estado que não conseguem atrair público para o estádio, quando estão no Campeonato Brasileiro mal passam da primeira fase. O que acontece com o esporte que é a paixão nacional dos brasileiros?
Jorge Franco - É uma questão de administração, falta sobretudo credibilidade. Eu me lembro que em 77, com o time que o Operário montou para disputar o Campeonato Brasileiro, e que fez aquela campanha fantástica. Como foi formado aquele time: o presidente era o Jonathan Barbosa, ex-deputado Estadual, que tinha credibilidade, tanto é verdade que os 60 conselheiros do Operário participavam ativamente da vida do clube. Existia uma união e com a credibilidade do presidente, conseguiu atrair os conselheiros, a maioria era empresários bem sucedidos que ajudaram a contratar e patrocinaram aqueles jogadores. O Manga veio para cá, foi feita uma campanha em Campo Grande junto com o torcedor, que passava na Caravelo Móveis e Consórcios na 13 de Maio com a Avenida Afonso Pena e depositava na urna um, dois, três reais. A população participava. Hoje não tem credibilidade. O Operário, que foi sacrificado pela administração, primeiro de um bicheiro, depois o advogado bonzinho e o político falido, que depredaram patrimônio do Clube. Endividaram o clube de tal forma que se tornou inviável, criaram a sociedade anônima, uma S/A que perdeu ações para tudo quanto é lado e cadê dinheiro para essas ações. Hoje o fato é que o Operário deixou de existir,é lamentável. Isso porque não teve credibilidade. A mesma coisa acontece com o Comercial, Taveirópolis, que tenta sobreviver com duras penas, as custas e nas costas do Alceu Bueno, ele tira dinheiro da empresa dele para manter o clube, a prefeitura ajuda a manter um pouquinho, a mesma coisa acontece com o Moreninha, União. Mas sem a credibilidade fica muito difícil. A própria Federação perdeu a credibilidade. Olha que o Francisco Cezário é meu amigo, freqüenta a minha casa, eu freqüento a casa dele, como pessoa ele é ótimo, mas como dirigente esportivo deixou a desejar. Se esperava muito dele na primeira ação, com o dinheiro que vem da CBF, ele poderia estar muito bem ajudando os clubes e estar reformulando. Mas não existe uma política, um planejamento de fazer um Campeonato Estadual enxuto. Não adianta pegar um time de Coxim, que me desculpe o pessoal de Coxim, mas o time de lá é armador. Um time daquele não ganha de um Senna/FM Capital. O Rio Brilhante também é um time armador. E num Campeonato Estadual eu não vou ao estádio para ver Rio Brilhante e Operário, não dá. Enquanto isso na televisão está passando Flamengo e Vasco, São Paulo e Corinthians no mesmo horário, é complicado, ninguém vai sair de casa para ir lá na Moreninha. Só o pessoal de lá vai assistir a jogos no Estádio das Moreninhas. É preciso mudar a Federação, os métodos que são adotados, os critérios para fazer o campeonato, as equipes que vão participar e tornar mais transparente essa relação do dirigente do clube com o presidente da Federação, que é uma coisa obscura. Esse negócio de registrar atleta e ficar devendo, tem muita coisa que deve ser varrida debaixo do tapete. A hora que tiver um bom projeto para o Campeonato Estadual, que evidentemente as empresas irão participar. Toda competição é assim, eu fico observando porque na minha Federação eu não tenho problemas de patrocínio, porque as coisas são feitas com transparência, e quando levamos o projeto para a Vivo, que é uma parceira nossa, eles pegam e lêem o projeto, sabem que é bom, então se interessam.A Umbro, por exemplo, é parceira nossa há três anos e nos ajuda com material esportivo, participa pois acha que o projeto é bom.

Esporte Ágil - Você acha que essa baixa no futebol sul-mato-grossense desestimula os jovens na prática do esporte?
Jorge Franco - Não, a gurizada está jogando bola. Estamos formando bons jogadores de futebol todo ano, tem as 63 escolinhas do Lápis na Mão, Bola no Pé da Pefeitura que revelam jogadores e está mandando 4 a 6 jogadores todos os meses para os grandes clubes. O problema que o garoto que joga aqui não pensa mais em jogar no Comercial, não sonha em jogar no Operário, quer ir para time grande, porque os times daqui não estão trabalhando de uma forma legal.O Operário, por exemplo, está com o Paulo Roberto cuidando das categorias de base. O Pastoril passou por lá e fez um bom trabalho também no time principal, isso ajuda. Foi feita uma parceria com o Dom Bosco e o ABC, que estão jogando no Operário, mas esse garoto que está se formando pretende ir para fora. E o dirigente já está pensando no dinheiro que irá ganhar. Está tudo errado.

Esporte Ágil - O Cene divulgou em sua página na Internet que está difícil manter as categorias de base.
Jorge Franco - Isso porque não tem parceria. Nem todo mundo que associar a sua marca ao Reverendo Moon, tem isso também. Eu acho que esta aí o maior erro que o Cezário cometeu: foi matar o Comercial e o Operário para criar o Cene, por causa de um prato de lentilhas, ele hoje paga por isso, pois o futebol só irá crescer o dia que tiver Operário e Comercial fortes. Essa é a força do Estado, tem que trazer os times de Dourados de volta para o Campeonato Estadual, que é um pólo importantíssimo e tem sempre uma boa torcida, e que não vem exatamente por causa de politicagem.

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