Ingo Hoffmann chega neste domingo ao fim de mais uma temporada do Campeonato Brasileiro de Stock Car V8. A 12ª etapa, em Interlagos, vai marcar o fim do ano em que, provavelmente, teve mais momentos de nostalgia desde que iniciou sua carreira nas pistas, ainda no início dos anos 70. E foi justamente nos 4.309 metros de extensão do Autódromo Internacional José Carlos Pace, em São Paulo, que todas essas emoções vieram à tona. O circuito de Interlagos já dá motivos de sobra a Ingo para tê-lo entre os seus preferidos - afinal, foi onde comemorou 25 de suas 75 vitórias na Stock. Essa identificação foi reforçada, neste ano, por dois fatos especiais: o contato com uma réplica da Brasília que pilotou em 1973, na conquista do título brasileiro da Divisão 3, e a volta ao cockpit de um Fórmula 1, graças à restauração do FD01, primeiro modelo utilizado pela equipe brasileira Copersucar. A experiência com a Brasília aconteceu em 15 de julho, às vésperas da sexta etapa da Stock Car Light. Trata-se de uma réplica encomendada por César Carboni a Sid Mosca, especialista em pintura de carros e capacetes, para atuação no Campeonato Paulista de Carros Antigos. Além das cores e grafismos do carro original, a réplica exibe, também, as logomarcas das empresas que patrocinavam o início da carreira de Ingo, há mais de três décadas. "Esse carro realmente marcou muito, muito, mas muito mesmo a minha carreira. Quem entende de automobilismo, quando mencionam o meu nome, logo me associa a essa Brasília", declarou, na ocasião, o piloto, que foi às lágrimas em público após percorrer a pista por algumas voltas com o carro de Carboni. "Eu tive que vencer a Brasília para correr na Europa, foi uma pena. Fico lisonjeado com a iniciativa do César de fazer essa réplica", agradeceu. O reencontro com o passado não parava ali. Quase quatro meses depois, na tarde de 10 de novembro, Ingo voltava ao cockpit do FD01, o carro que pilotou em suas primeiras atuações na F-1, em meados da década de 70. O projeto de restauração do Copersucar, encontrado há cinco anos numa oficina nos arredores de Interlagos, foi meticuloso e o devolveu à pista, segundo comentário do próprio Ingo, "simplesmente com uma saúde de ferro". As poucas voltas pelo traçado paulista fizeram o piloto suspirar. "Esse foi um momento tão importante para o automobilismo brasileiro que a gente fica sem palavras", comentou, sobre a iniciativa de Wilson Fittipaldi Júnior de montar uma equipe brasileira na F-1, em 1975. Wilsinho e o filho Christian também pilotaram o FD01 em seu "relançamento". "Pilotar aquele carro foi demais, um momento muito bacana, dia que vai ficar para sempre na nossa memória". O clima de saudosismo que marca a atuação de Ingo na final da Stock em Interlagos tem um reforço extra. A corrida deste domingo será a última do paulista pela equipe JF-Filipaper Racing, comandada pelo preparador Jorge Freitas. "Corri seis anos na equipe do Jorginho, vivi momentos incríveis aqui e cultivamos uma amizade muito especial. Só tenho a agradecer a ele, e espero fazer isso ganhando a corrida para dedicar o resultado a todos na equipe", avisa.