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Hélio Lima: a obstinação de dar voz ao esporte esquecido

da redação - 30 de mai de 2025 às 15:21 113 Views 0 Comentários
Hélio Lima: a obstinação de dar voz ao esporte esquecido Reprodução/Hélio Lima

Em uma época em que a cobertura esportiva é dominada por holofotes voltados às grandes ligas e aos ídolos de massa, o jornalista Hélio Lima trilhou um caminho inverso. Desde os primeiros anos da faculdade de Jornalismo, na UFMS, decidiu que sua missão seria dar visibilidade ao esporte que poucos se dispõem a olhar: o local, o amador, o que pulsa nas quadras de bairro e nas pistas de chão batido do interior de Mato Grosso do Sul.

“Meu propósito sempre foi valorizar o esporte local e registrar momentos importantes na vida das pessoas. São heróis que transformam vidas, tiram crianças da rua, formam atletas e cidadãos”, define, com convicção.

Natural de Coxim, mas consolidado profissionalmente em Campo Grande, Hélio iniciou sua trajetória em 2014 no site Esporte Ágil, ainda como estagiário, quando se aproximava da reta final da graduação. A oportunidade surgiu por indicação de um colega de sala, que havia sido chamado para uma vaga, mas decidiu indicar o amigo. "Apesar da idade considerada alta para estagiário, fui chamado para um período de testes. Após uns três dias, fui assimilado com o desafio de resgatar a dinâmica de produções autorais e a atenção plural aos esportes", relembra.

Foi um começo difícil, típico dos primeiros passos em uma redação esportiva. "Estava bem perdido no início. Sozinho, intimidado, não consegui cumprir como deveria uma pauta do lançamento do Estadual 2015", confessa. O episódio, mais do que um tropeço, virou aprendizado fundamental: "Percebi minhas fragilidades e aprendi que muitas vezes é preciso fazer o simples".

A rotina era puxada, com pautas que exigiam deslocamentos por diferentes cidades do estado, além da busca constante por histórias que fizessem sentido para quem, muitas vezes, nunca tinha sido ouvido por um jornalista.

Hélio não apenas cumpriu, mas foi além, imprimindo uma cobertura mais humanizada, que não se limitava ao placar ou ao título conquistado, mas que mergulhava na trajetória dos atletas e técnicos.

“Eu gostava de fazer matérias que fossem úteis para quem estava lá na ponta. Reportagens que ajudassem a divulgar os torneios, atrair patrocínio, motivar atletas. Não tinha glamour, mas tinha sentido”, explica.

Mas não foram apenas conquistas. O jornalista também enfrentou os percalços típicos de quem opta por nadar contra a corrente. Ainda assim, a motivação que o mantinha firme era mais forte: “O esporte tem um poder transformador. E meu trabalho era garantir que essas histórias não passassem despercebidas”.

A dedicação ao esporte amador e popular não ficou restrita ao período no Esporte Ágil. Em 2016, Hélio fundou o blog A Bola Rolou, especializado na cobertura do futsal sul-mato-grossense. “Era uma necessidade que vi: não existia nenhuma cobertura sistemática do futsal local. Decidi fazer, mesmo sem recursos”, relata. O blog permaneceu ativo até 2022, quando foi pausado, mas neste ano de 2025 acaba de ser retomado, com novas propostas e conteúdos.

“Fico feliz em ver que, nesses anos todos, muitas das pautas que levantei ajudaram a fortalecer competições e até carreiras de atletas. Não fiz nada sozinho, claro, mas sei que contribuí”, afirma.

Além disso, desde 2022, Hélio também lidera a Holeshot, uma mídia especializada em motocross e velocross, esportes profundamente enraizados na cultura das pequenas cidades do estado, mas historicamente ignorados pela cobertura tradicional. Com presença no YouTube e nas redes sociais, o projeto rapidamente ganhou espaço, consolidando o jornalista como uma das principais referências na cobertura esportiva alternativa do Mato Grosso do Sul.

“Hoje, continuo atuando como jornalista, mas principalmente como produtor de conteúdo. E mantenho minha essência: buscar as histórias que ninguém quer ou se lembra de contar”, sintetiza.

Hélio Lima carrega no currículo mais do que reportagens e publicações. Carrega o orgulho de quem escolheu uma missão difícil e a cumpre todos os dias. De ginásios acanhados a pistas de terra, ele segue com a mesma motivação que o moveu desde o início: “O propósito sempre foi valorizar o esporte local e registrar momentos importantes na vida das pessoas”.

Para ele, esse trabalho não é apenas sobre esporte. É sobre cidadania, pertencimento e memória. “Não é glamour. É resistência. E eu sigo firme, porque sei a importância de cada uma dessas histórias.”

Nossa história - Ao longo desses 21 anos, o Esporte Ágil não foi apenas um veículo de notícias: foi escola, trincheira, ponto de partida e, muitas vezes, abrigo para quem acreditava que o esporte sul-mato-grossense merecia mais do que notas de rodapé. Cada jornalista que passou por aqui deixou sua marca, ajudando a construir uma história feita de compromisso com o que é nosso.

Esta série de reportagens é uma homenagem a todos que escreveram nas madrugadas e acreditaram que cada atleta, técnico ou projeto local tinha uma história que merecia ser contada. Porque no fim das contas, o que nos une é a certeza de que valeu — e sempre vai valer — a pena lutar pelo esporte de Mato Grosso do Sul.

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