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Futebol americano busca o seu espaço em Mato Grosso do Sul

vitor yoshihara/da redação - 9 de nov de 2009 às 14:53 402 Views 0 Comentários
Futebol americano busca o seu espaço em Mato Grosso do Sul Treinos do Campo Grande GraveDiggers acontecem aos sábado no Belmar Fidalgo.

Campo Grande (MS) - Touchdown! Quem nunca ouviu falar essa palavra em inglês, mas não faz a menor ideia do que ela realmente significa? Trata-se da pontuação máxima do futebol americano, considerado um dos esportes mais famosos nos Estados Unidos e que utiliza a estranha - pelo menos para nós brasileiros - bola oval. "É um jogo de conquista de território", explica Kuca Moraes, jogador do Campo Grande Gravediggers, primeira equipe a praticar a modalidade que ainda engatinha no Mato Grosso do Sul e no Brasil. Pensando em deixar você por dentro desse esporte - conhecido por ser uma metáfora da guerra, o que por si só já é uma desculpa para qualquer marmanjo assistir - que o Esporte Ágil preparou uma reportagem especial, explicando (quase) tudo que você precisa saber para não dar bola fora nas discussões.

Um é bom, três é demais? - Se aqui nossos torcedores já cornetam um técnico, imagine como é na terra do Tio Sam. São três treinadores numa mesma equipe: um para o time de ataque, um para o time de defesa e um para o time especial - este último responsável por lances como o kick-off, o field goal e o punt. "As equipes chegam a ter 70 jogadores em seu elenco", lembra Kuca, que também cuida da parte de assessoria de imprensa dos Gravediggers. No Brasil, isso ainda é fato raro. Apenas três equipes tupiniquins possuem número de atletas parecido com o dos americanos: o Cuiabá Arsenal, o Brasília Tubarões do Cerrado e o Curitiba Brown Spiders - lembrando que apenas 44 jogadores podem ser inscritos por partida.

Exemplo do frio - Os paranaenses são considerados modelo para todas as equipes brasileiras. Os "Aranhas Marrons" - em alusão ao temido aracnídeo encontrado no Paraná - contam com 56 atletas fixos em seu elenco, incluindo "armários" como Clark Reis, de 1,98m e 145kg, ou verdadeiras "plumas", como Eduardo Carvalho Aguiar, o England, que tem 1,72m e 62kg. "Se o cara for maior joga na defesa, se for leve atua no ataque", destaca Kuca, que lembra o fato do esporte poder ser praticado por pessoas dos mais variados biótipos. O time curitibano ainda é pioneiro no Brasil do chamado futebol americano full pads (com todos os jogadores usando equipamento completo, como capacete, shoulder pad e outros), contando ainda com patrocínio de empresas como Siemens, Sanepar e Prefeitura de Curitiba.

O Curitiba Brown Spiders surgiu em 2001, a partir da iniciativa de um fã de futebol americano que tinha grande interesse em praticar o esporte, mas não conhecia um time em sua cidade. Em uma lista de discussão sobre o tema na internet, Rafael Bruzamolin enviou recados para pessoas em Curitiba que gostassem de bola oval. Disse que estaria, em determinado dia e horário, em um gramado atrás do atual Museu Oscar Niemeyer, à espera de outros adeptos do esporte. A ideia funcionou, cerca de quatro futuros jogadores se comprometeram a voltar todo final de semana e montar um time. Tratava-se da primeira equipe de futebol americano de Curitiba, que cresceu exponencialmente com o passar do tempo.

Alguém tem meio container? - Já em Campo Grande, o futebol americano começa a ganhar espaço com os Gravediggers, ou se preferir "Cavadores de Tumbas". O time, criado em fevereiro de 2008 pelo jornalista Renan Portes, fez seu primeiro jogo oficial da história no mês de outubro deste ano, sofrendo uma derrota de 21 a 0 para o Sinop Coyotes, placar que não abalou os sul-mato-grossenses. "Marcaram a partida para às 14h em Cuiabá e foi a primeira vez que o time todo usou equipamentos de proteção", justifica Kuca Moraes. Com um ano e meio de existência, a equipe conta com 27 atletas filiados, número que causou problemas no amistoso realizado no Mato Grosso. "Alguns de nós tiveram que jogar na linha ofensiva e na defensiva, desgastando mais rápido nossos jogadores", afirma, lembrando que o recomendado seriam 11 atletas para o time ofensivo, 11 para o defensivo e 11 para o especial.

Agora, a expectativa do elenco é receber um jogo completo de equipamentos, doados pela Liga Mexicana para várias equipes brasileiras. "Tudo está no nosso nome, só que precisamos de meio container para trazer tudo lá do México", diz ansioso Kuca, convidando ainda os interessados em praticar a modalidade em Campo Grande. Os treinos da equipe acontecem todos os sábados e informações podem ser obtidas no site www.gravediggers.com.br.

Mas afinal, como funciona o jogo? - O campo é um retângulo com 120 jardas (109,73 m) de comprimento e 53 ⅓ jardas (48,76 m) de largura, delimitado por linhas laterais ao longo do gramado. Ao centro de cada linha final situa-se um conjunto de traves, que têm dois postes longos que se estendem por cima de uma barra horizontal, em forma de "Y". O jogo tem a duração de 60 minutos, e é dividido em duas metades separadas por um intervalo. Cada metade consiste de dois quartos com a duração de 15 minutos. As equipes mudam de campo no fim do primeiro e do terceiro quartos. O tempo só para quando a bola sai de campo. Se um jogo estiver empatado ao fim do tempo regulamentar, joga-se um prolongamento. Os prolongamentos obedecem ao método de "morte súbita", o que significa que a equipe que pontuar primeiro, seja de que forma for, ganha.

A partida começa parecida com o nosso futebol - com 11 jogadores em cada equipe, mas de um lado estará um time especializado em atacar e do outro estará um especialmente treinado em defender. Dado o kick-off, o objetivo é simples na teoria: somar mais pontos. A principal jogada é entrar na área ao fundo do campo adversário (endzone), com a posse da bola, fazendo o conhecido touchdown, que será transformado em 6 pontos e o direito de chute livre ao gol, que convertido gera mais 1 ponto extra. Se os jogadores tentarem, ao invés de um chute livre ao gol, um passe ou uma corrida dentro da endzone (jogada considerada rara), a equipe ganha 2 pontos extras caso tenha sucesso.

Contudo, o caminho para a glória é longo. O time de ataque tem quatro tentativas para avançar 10 jardas. Caso consiga, a equipe ganha outras quatro chances para avançar mais 10, e assim sucessivamente. Se o ataque não tiver sucesso, a posse de bola é invertida, com um punt.

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