Campo Grande (MS) - Alguns ginásios da Capital, além de servir para a prática de esportes, tem servido também como "alojamento" para pombos que, na maioria das vezes, preferem lugares altos para não serem perturbados por predarores enquanto fazem seus ninhos. Estes pombos causam alguns transtornos para os atletas que, em alguns casos, são vitimados diretamente pelas "sujeirinhas" das aves.
Em 2006, em um ginásio da Capital, durante uma competição de voleibol da categoria Mirim, uma atleta foi atingida pelos dejetos da ave durante o jogo. O fato causou a revolta da mãe dessa jogadora, que acabou indo tirar satisfações com os diretores da Federação de Voleibol de MS (FVMS).
Para José Eduardo Amâncio da Mota, presidente da FVMS, o execesso de animais nos ginásios pode manchar a imagem da Capital. "Isso pode atrapalhar quando Campo Grande quiser sediar alguma competição nacional", diz.
O atleta João Gabriel Carvalho joga futsal todos os finais de semana em Campo Grande. Ele reclama das sujeiras que encontra quando chega ao local dos jogos. "Eu sempre tenho que chegar mais cedo pra limpar estes dejetos desagradáveis", conta ele. "Se não limpar, corremos o risco de cair na quadra e ainda se machucar", completa.
Os pombos são aves domésticas e protegidas pela Lei 9605, de 1998. Qualquer ação de controle que provoque a morte, danos físicos e maus-tratos a ave é passível de pena de reclusão de até cinco anos. O problema é que as fezes destes animais podem transmitir graves doenças aos seres humanos.
Segundo a bióloga Silvia Barbosa do Carmo, chefe do Serviço de Controle de Roedores e Pragas Urbanas do Centro de Controle de Zoonozes de Campo Grande (CCZ), um pombo vive, em média, de três a cinco anos em área urbana, e cerca de 15 em condições silvestres. Ela diz também que a quantidade de pombos de um local está diretamente ligada a oferta de alimentos.
Ela recomenda nunca varrer a seco um local sujo com escrementos da ave. "Se erguer poeira, ainda mais em ginásios, as crianças vão aspirar este pó, causando diversas doenças no sistema respiratório", diz. "Histoplasmose e dermatite (coceiras) são apenas algumas doenças que as fezes dos pombos podem causar", complementa.
Silvia recomenda limpar semanalmente com água sanitária os locais onde se acumulam os pombos e a melhor saída é mesmo fechar os ginásios com tela, evitando assim que o animal entre.
Providências - Alguns colégios da Capital já tomaram providências para evitar a infestação de pombos em seus ginásios, como é o caso do Sealp. "Quando começamos a ter incidentes com os pombos, nós fechamos com tela. Hoje, a incidência é zero", conta Adaílton, um dos responsáveis pelo ginásio.