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Escolinha de Futebol Novos Estados incentiva formação cidadã

marcelo eduardo da silva - 19 de set de 2008 às 11:38 232 Views 0 Comentários
Escolinha de Futebol Novos Estados incentiva formação cidadã Encontro do dia 18 de setembro. Pais na torcida. Marcelinho e sua mãe. Mateus e Marcelinho no vídeo-game

Campo Grande (MS) - A tarde do dia 18 de setembro era de sol em Campo Grande. No campinho de futebol do bairro Novo Sergipe [região dos Novos Estados, norte da Capital], cerca de vinte crianças juntas. Era mais um momento divertido dos alunos da Escolinha de Futebol Novos Estados. O jogo era disputado em tom de brincadeira. Mas, é claro, ninguém queria perder. "Janete! Janete! Foi falta aqui!". "Não foi, não!", diz ela. Todos respeitam a professora, que estava como juíza do treino coletivo.

Desenvolvido há 20 anos, o projeto conquista cada vez mais novos alunos. Hoje, são 82 crianças entre 5 anos e 15 anos de idade. As aulas, realizadas às terças e quintas-feiras, são coordenadas por Janete Farias Rodrigues. Os encontros ocorrem nos campos de futebol da região dos Novos Estados. Ontem, 18 de setembro, o jogo foi em um campinho de terra, mas também ocorrem em gramados.

Para a treinadora Janete, o projeto é uma forma de "trabalhar o lado social" com as crianças. "Elas tem que estudar para participar. Não podem estar fora da escola. Inclusive, temos uma parceria com a direção da escola. A diretora e eu conversamos sempre. Assim que tem um aluno que vai mal, ela encaminha para mim e a gente faz um trabalho que auxilia ele na escola. Aqui é para formar cidadania. Formar amizades. Não gosto que me chamem de professora, de treinadora, de tia. É para me chamar de Janete. Todos me chamam de Janete."

"Tudo é uma forma de brincadeira", afirma Janete, mas, as crianças que se destacam são encaminhadas para o futsal do Colégio Alceu Viana e para o futebol do Centro Esportivo Nova Esperança - Cene (onde Janete é responsável por parte da categoria de base). "Temos atletas revelados aqui que estão fazendo sucesso no exterior. A Cidinha, que foi da Seleção feminina foi revelada aqui", conta a treinadora.

Incentivo dos pais - Segundo Janete, durante os treinamentos e jogos, é comum ver os pais acompanharem os filhos de perto. Gisélia Bento de Assis, mãe do Wellington, de 7 anos, afirma que "o projeto ajuda na formação" do praticante e que os pais devem "acompanhar" seus filhos. "No início, colocamos ele numa escolhinha. Lá, ele falava muito palavrão. Na escola, tinha muita reclamação dele. Hoje, após entrar no projeto, não tem mais nada disto. E também é uma diversão para nós da família; os pais se encontram e se divertem junto."

Odilza Maidana da Silva é mãe do Nicolas, de 7 anos. Ela afirma que o menino é "louco por esse negócio de futebol". "O Nicolas leva isso tudo muito a sério. Ele chega em casa da escola querendo colocar logo a roupa para vir jogar."

Força de vontade - Nos 20 anos de projeto, Janete sempre encontra crianças esforçadas e batalhadoras. Marcelinho é uma dessas crianças. Vindo de Batayporã [sudeste do estado], hoje aos 10 anos de idade, é um dos destaques do projeto. Marcelinho é diabético dependente de insulina. Mas, nas partidas, não parece encontrar dificuldades.

Dona Eunice dos Santos Ovelar, mãe de Marcelinho, se diz "orgulhosa" do filho. "Nós deixamos nossa cidade e viemos para Campo Grande por causa dele. Ele quer ser jogador de futebol. Aqui, ele tem mais chances de conseguir [alcançar] este sonho. Até o nome já é de jogador. Na barriga, meu sobrinho e minha filha, corintianos, ficavam dizendo: 'Marcelinho! Marcelinho!'. Por causa do Marcelinho Carioca. Então, ficou Marcelinho. A gente nem fala Marcelo, é Marcelinho."

Dona Eunice trabalhava no setor de enfermagem na Santa Casa de Nova Andradina, seu esposo, senhor Romualdo, em uma usina. "Deixamos tudo por causa dele", afirma o pai, que hoje atua em uma empresa de montagem de tubulações. "É o sonho dele, e a gente tem que lutar por isso", completa.

Marcelinho não pára de pensar em futebol. Ele e seu amigo, e também promessa de bom jogador, Mateus, quando não estão praticando futsal ou futebol nos campinhos, estão jogando-o virtualmente. Depois do encontro na escolhinha, foram para o vídeo-game. "Vai Marcelinho! Já tá um a um!". Era o clássico inglês Marchester United (Marcelinho) e Chelsea (Mateus); times nos quais os são-paulinos de coração querem brilhar no futuro.

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