Segunda-feira, 27 de outubro de 2025, 18:57

De Itaquiraí, Fabielly Yohana traça caminho de inclusão no voleibol

da redação - 27 de out de 2025 às 14:50 28 Views 0 Comentários
De Itaquiraí, Fabielly Yohana traça caminho de inclusão no voleibol Da Redação

Natural de Itaquiraí, no sul de Mato Grosso do Sul, Fabielly Yohana da Silva, nascida em 8 de setembro de 1988, construiu uma trajetória marcada pela paixão pelo voleibol e pela superação dentro e fora das quadras. Mulher transexual, ela enfrentou um longo período afastada do esporte durante seu processo de transição, mas voltou a competir nos últimos anos, conquistando títulos importantes e abrindo caminhos para a inclusão no esporte sul-mato-grossense.

 

“Eu jogo vôlei desde a minha infância, quando ainda criança brincava nas ruas da cidade, onde me apaixonei pelo esporte”, relembra Fabielly. O talento começou a ser notado ainda na escola, quando os professores de educação física a incentivaram a integrar a equipe da cidade. “Foi quando o professor e treinador Sérgio Fonseca me convidou para compor a equipe de Itaquiraí. Joguei por vários anos, participei do JEMS e de várias outras competições. Na adolescência, tive muitas oportunidades de crescer como atleta”, conta.

 

O caminho, no entanto, não foi linear. Durante o processo de transição de gênero, Fabielly precisou se afastar das quadras por um longo período. “Fiquei muitos anos sem jogar por conta da minha transição hormonal, pois estava em outra etapa da minha vida pessoal”, explica. O retorno só aconteceu em 2022, quando ela viu a possibilidade de voltar às competições de acordo com as normas esportivas vigentes.

 

“Foi quando percebi que as leis nos permitem jogar desde que estejamos aptas às regras”, diz. “Comecei novamente minha terapia hormonal para me adequar às normas da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), que exigem que a taxa de testosterona esteja abaixo de 5 nmol/l por 12 meses e que o nome esteja retificado.”

 

O processo, segundo Fabielly, foi cheio de desafios. Além dos trâmites regulatórios e médicos, ela precisou lidar com o preconceito e a desinformação. “Esse sempre foi um dos maiores desafios: compor uma equipe feminina de voleibol sendo uma mulher transexual. As pressões sociais nos afetam muito, principalmente na saúde mental”, relata.

 

Apesar das dificuldades, o amor pelo esporte falou mais alto. “Mesmo diante de toda a pressão psicológica, nunca quis desistir por amor ao esporte”, afirma. Fabielly cita como inspiração a jogadora Tiffany, que atua pelo Osasco, e que se tornou um símbolo de resistência e representatividade no voleibol brasileiro.

 

Dentro de quadra, os resultados mostram que o esforço valeu a pena. Fabielly acumula títulos importantes com diferentes equipes de Mato Grosso do Sul e do Paraná. “Com o time de Itaquiraí, conquistamos vários títulos, como a Copa Conesul de Voleibol, em que ficamos em primeiro lugar, e o bicampeonato do Campeonato Regional de Guaíra, no Paraná”, conta.

 

Além das conquistas coletivas, ela também coleciona reconhecimentos individuais. “Fui premiada como MVP, melhor ponteira, e tive outras premiações ao longo das competições”, diz. Em 2023, Fabielly foi vice-campeã do JAMS jogando por Ponta Porã, e em 2024 levantou o troféu da fase regional da Liga MS representando Nova Andradina.

 

Neste ano, ela comemorou mais uma conquista: o título da fase regional do JAMS por Chapadão do Sul. A equipe garantiu vaga na fase final do torneio, que será disputada em Três Lagoas. “Esperamos conquistar o título de campeãs”, projeta.

 

Fabielly acredita que cada vitória dentro das quadras representa não apenas um resultado esportivo, mas também um passo na luta por respeito e inclusão. “É um processo muito desafiador, com muitas dificuldades por questões regulatórias e médicas, até o enfrentamento de preconceito e desinformação”, resume.

 

Ela reforça que o esporte tem papel fundamental na formação de vínculos e na superação pessoal. “Apesar dos desafios, sempre haverá altos e baixos. O importante é manter o amor pelo esporte, que nos proporciona momentos bons, diversão, amizades e a emoção de praticar o que amamos”, conclui.

Comentários

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos com * são obrigatórios.

Parceiros

Enquete

O Governo de MS investe o suficiente no esporte sul-mato-grossense?