Aos 15 anos, João Cesar Romero Arrais, conhecido como João Romero, vive uma fase de transição que vai muito além das quadras. Natural de Anastácio, no interior de Mato Grosso do Sul, ele deixou para trás a rotina de treinos no calor da sua cidade natal para encarar o frio e o ritmo intenso de uma equipe profissional em São José dos Pinhais, no Paraná.
“Nunca tinha tido treinos tão intensos. Meu corpo não estava acostumado e tive que adaptar”, explica. A mudança climática também foi um desafio.
O início da trajetória no vôlei aconteceu em um estadual da categoria de 12 a 14 anos, jogando pelo time Apolo & Artemes, de Bonito (MS). O convite para participar do campeonato foi decisivo. “Ali eu desfrutei do meu primeiro estadual, era tudo novo para mim, um menino do interior que não sabia nada, apenas a fazer o que amo”, lembra.
A ligação com o vôlei vem de família. “Minha família, todos eles — avós, tios, mãe e pai — jogam vôlei, foi ali que comecei”, conta. A influência dos parentes e a vivência desde cedo no esporte ajudaram a formar a base para a carreira que João começa a construir.
A oportunidade de defender São José dos Pinhais surgiu após sua participação no Campeonato Brasileiro de Seleções, representando Mato Grosso do Sul. “Eu já estava em negociação com o técnico de SJP, ele me disse que estaria de auxiliar técnico do Paraná e ali faria uma avaliação da nossa partida. Foi quando me destaquei como o quarto melhor passador da divisão especial.”
Atuar fora do estado significa carregar consigo a responsabilidade de representar Mato Grosso do Sul em um cenário com poucas oportunidades. “Creio que sim. São poucas pessoas, tanto no naipe feminino quanto no masculino, que têm oportunidades de se destacar dentro do estado”, avalia.
Dentro de quadra, João tem funções claras e bem definidas. “Minhas principais funções são passar e defender bem, e usar bem o bloqueio.” A postura tática e a disciplina fazem parte de um processo de aprendizado constante, necessário para acompanhar o nível de exigência do voleibol competitivo.
Entre as experiências mais marcantes até agora, ele destaca o Campeonato Brasileiro de Seleções Sub-16 e o Campeonato Brasileiro Interclubes Sub-17. “Foi o primeiro CBI do estado no naipe masculino”, recorda, ressaltando o peso histórico da participação.
A rotina atual no Paraná é intensa. “São muito intensos, apenas um dia na semana de folga”, descreve sobre os treinos e a preparação física durante a temporada. Mesmo assim, mantém os objetivos claros: “Fazer de tudo para ficar no pódio.”
Além do próprio desempenho, João carrega um olhar voltado para as próximas gerações de atletas sul-mato-grossenses. Seu conselho é direto: “Ter maturidade, mentalidade e nunca desistir dos seus sonhos.” Para ele, a jornada exige resiliência, preparação e, sobretudo, paciência para lidar com as etapas do desenvolvimento no esporte.