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Comunidade do basquete nacional diz não a técnico estrangeiro

ge.net - 6 de set de 2007 às 12:28 185 Views 0 Comentários
Comunidade do basquete nacional diz não a técnico estrangeiro

São Paulo (SP) - Se os jogadores da seleção brasileira masculina de basquete mostraram-se receptivos à idéia de trabalhar com um treinador estrangeiro, o mesmo não pode ser dito da comunidade do basquete. Para o ex- jogador Marcel, hoje também técnico, passar o comando da seleção a um estrangeiro seria uma ofensa aos profissionais do país e sua reação seria uma só. "Será uma ofensa pessoal e eu farei uma guerra pessoal", diz irritado.

O Brasil tem mais de 540 profissionais atuando na área e com tanto material humano disponível, o ex-jogador considera impossível não existir alguém à altura do desafio. "É muito cartesiano falar que o brasileiro não tem capacidade para comandar a seleção. Eles é que não dão valor ao que têm. Faça-me o favor, era só o que estava faltando para a crise do basquete no Brasil".

Bicampeão mundial, o ex-jogador e hoje comentarista Wlamir Marques também não acha que o reforço estrangeiro seria a solução. "Sou contra em princípio. É preciso valorizar o que temos e esse insucesso não aconteceu apenas por questões técnicas. Houve falta de tempo, falta de treino, não foi só culpa dele".

Se é reticente a princípio, Wlamir redimensiona seu discurso pensando na situação. "Ao mesmo tempo, não vejo como uma coisa fora de propósito. Não somos nem melhores nem piores. Se forem dadas condições de trabalho e ao mesmo tempo ele (o substituto) dialogar com a sociedade do basquete, não há necessidade de estrangeiro. Mas se for para continuar como está, que largue para quem vem de fora".

Igualmente defensor de uma reformulação no esquema de treinamento da seleção, Marcel afirma que sua postura não mudaria independente de quem viesse para o cargo. "Faço guerra. Ele não terá um segundo de paz, vou à tevê fazer campanha", desabafa. "Pode ser o Phil Jackson (técnico do Los Angeles Lakers e nove vezes campeão da NBA)".

Menos radical, o bicampeão mundial acha que uma opção mais latina seria o melhor. Um espanhol, um italiano ou mesmo um argentino seriam suas sugestões, não por critérios filosóficos ou de estilo de jogo. "Simplesmente pela facilidade do idioma". O ex-jogador Oscar defende maior intercâmbio com países da escola eslava para enriquecer o conhecimento dos treinadores nacionais. Marcel acha que todo o intercâmbio necessário está ao alcance de quem se interessa. "É só assistir aos jogos (do Europeu) pela televisão".

A polêmica em torno da contratação de um estrangeiro porém, não impressiona Wlamir que a vê apenas como um desvio de foco. "Não adianta trazer técnico de fora se ele recebe a equipe uma semana antes de uma competição de envergadura. Nosso problema só tem solução se fizer como a Argentina: dispensando quem não pode estar nos treinos e trabalhando com os que estão dispostos".

O técnico da seleção Sub-19, José Neto, que chegou a ter o nome ventilado para o cargo prefere nem comentar muito o assunto. "É difícil falar com hipóteses. A gente nem sabe de onde saiu esta notícia", diz, negando ter recebido qualquer sondagem da Confederação Brasileira de Basquete (CBB). Integrante da atual comissão técnica desde 2004, Neto faz questão de ressaltar seu forte vínculo profissional e pessoal com o atual técnico da equipe principal.

"Aprendi muita coisa com o Lula, a quem respeito como pessoa e profissional. Ele tem muita competência e capacidade e é um dos melhores profissionais no Brasil no momento". Na opinião de Neto, um estrangeiro só seria opção se fosse muito gabaritado. "Depende de quem vier. Se trouxerem um uruguaio, será que a capacidade dele é diferente da nossa. Tem de ver se a pessoa vai agregar valor ou não".

Os rumores de substituição de Aluísio Ferreira surgiram durante o Torneio Pré-olímpico das Américas, em Las Vegas. Nos Estados Unidos, o time nacional deixou escapar a oportunidade de conquistar uma das duas vagas disponíveis para os Jogos Olímpicos de Pequim-2008. A seleção ficou em quarto lugar e terá de disputar o Torneio Pré-olímpico mundial, em julho do próximo ano, que terá três vagas em jogo.

Com tudo que aconteceu no exterior, Wlamir acha que a situação ficou delicada para a atual comissão técnica, mas não considera a reunião entre os atletas uma rebelião. "Isto é natural. Futebol tem muito disso. Não é um levante, tanto que continuaram trabalhando normalmente".

A decisão sobre quem comandará a seleção rumo ao Pré-olímpico mundial só será anunciada na próxima semana. O presidente da CBB, Gerasime Grego Bozikis, fará uma reunião de avaliação da campanha com a atual comissão e depois anuncia, em coletiva, o titular da vaga.

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