São Paulo (SP) - Nona colocada no Mundial de Corridas de Rua deste ano, a queniana Alice Timbilili é apontada como a grande favorita na prova feminina da 83ª Corrida Internacional de São Silvestre. Para fazer frente à estrangeira, as brasileiras pedem ajuda do céu e lembram que Brasil e Quênia na prova é como Brasil e Argentina em tudo o mais.
Campeã de 2002, a goiana Marizete de Paula Rezende confessa que só os treinamentos realizados podem não dar conta do recado e pede calor, muito calor para dificultar a vida de Timbilili. "Espero que faça 40°C! Só aí teríamos um pouco mais de chance contra a Alice porque é praticamente impossível vence-la pelo que vem correndo na Europa".
Além da nona colocação em Udine, com o tempo de 1h09min09, ela obteve os vice-campeonatos das meias maratonas da Filadélfia, nos Estados Unidos, e de Saltillo, no México, e a terceira colocação na Meia de Nova Delhi, na Índia.
Para Marizete, a briga entre os dois países na São Silvestre é a versão para o atletismo da tradicional rivalidade entre brasileiros e argentinos. "Digo para todos soltarem foguetes se a gente vencer a queniana. A rivalidade Brasil e Quênia aqui é como Argentina e Brasil. Quero que faça muito calor e ela sinta muito".
A campeã da prova em 2002 Maria Zeferina Baldaia concorda. "Se estiver um pouco quente vai nos ajudar", diz, acostumada a enfrentar temperaturas próximas aos 40°C durante os treinamentos em Sertãozinho (SP).
Mas a alagoana Marily dos Santos não se deixa enganar pela tática suicida. Natural de Joaquim Gomes, ela também está acostumada ao calor forte, mas sabe que o que atrapalha uma complica para todo mundo. "Se fizer sol vai queimar todas", resume. "Sinto-me bem correndo no sol, mas não depende de calor ou da chuva. Se você estiver preparada mesmo dá para correr bem de qualquer maneira".
Timbilili só agradece ser considerada como favorita, mas prefere não pensar muito no clima. "Hoje está calor, amanhã pode ser que esteja muito quente ou chova", minimiza.
A também queniana Chemtai Rionotukei, campeã dos 10K do Rio no último final de semana, sintetiza o significado da temperatura para a prova. "Se estiver muito quente não teremos nada que fazer".
Mas a preocupação com os termômetros sempre foi uma constante na prova feminina. Até o ano passado, a largada das mulheres era às 15h15, quando o sol estava no auge e não foram poucas as castigadas pelo calor intenso. Que o diga a atual campeã Lucélia Peres, que passou mal ao cruzar a linha de chegada em 2005 e não quer saber de muito calor nesta segunda-feira.
"Eu gosto muito de correr em clima ameno. Se estiver calor, vai ser difícil para todo mundo e eu não torceria por todo este calor. O importante é colocar tudo o que fizemos no treinamento", destaca.
Este ano, as mulheres terão um pouco de 'refresco', a organização mudou o horário da largada para 16h30, apenas 15 minutos antes da corrida masculina. Ao longo dos 15km de percurso também estão posicionados três springlers (chuveirinhos) para amenizar o calor, serão distribuídos 450 mil copos de água, além de 50 mil quilos de gelo. No final, os competidores recebem ainda uma garrafa de isotônico, uma barra de cereal e um lanche.
Mas se nada disso for suficiente para evitar que alguém se sinta mal durante a corrida, o diretor de prova Manuel Garcia Arroyo, o Vasco, dá uma única orientação. "Pare e procure ajuda em um dos postos de atendimento".
Segundo ele, o potencial de atendimento médico na prova cresceu 60%. O serviço será prestado por 250 profissionais da área com o apoio de 15 ambulâncias.