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Ariel Augusto compartilha jornada de superação no boxe

da redação - 24 de jul de 2025 às 13:06 113 Views 0 Comentários
Ariel Augusto compartilha jornada de superação no boxe Da Redação

Nascido em Campo Grande, no dia 24 de fevereiro de 1995, Ariel Augusto Vilhalva conheceu o boxe ainda criança. Aos 11 anos, por meio de um projeto social que funcionava na Vila Popular, ele deu os primeiros passos no esporte que transformaria sua vida. O convite partiu de um colega da escola, mas o que o manteve firme foi a confiança recebida do treinador Nilson Ferreira, que permanece ao seu lado até hoje. “Um dos grandes motivos para eu continuar foi a confiança que meu treinador Nilson Ferreira me passou ao afirmar que eu tinha um futuro promissor no esporte”, conta.

 

De lá para cá, Ariel percorreu uma trajetória que inclui campeonatos estaduais, nacionais e a convocação para a Seleção Brasileira de Boxe, momento que ele descreve como o mais marcante da carreira. “A minha convocação para a seleção, sem dúvidas, foi o momento mais marcante na minha trajetória no esporte.”

 

Apesar dos títulos, a jornada até o topo foi cercada de dificuldades. Ariel enfrentou os desafios típicos de quem inicia no esporte competitivo sem o apoio financeiro necessário. Ele lembra das viagens pelo estado e das condições precárias enfrentadas por ele e por outros atletas. “No início da minha carreira, viajei muito pelo estado para fazer etapas de campeonatos e muitas vezes dormi no chão de ginásio e nas carteiras de escola que sediam o espaço para passarmos a noite”, relata. A alimentação, muitas vezes, era escassa. “O restante do dia nossa equipe se reunia para comprar algo no mercado e dividirmos o pagamento.”

 

A superação dessas dificuldades fez com que Ariel conquistasse títulos que lhe garantiram algum sustento através do boxe, ainda que por tempo limitado. O impacto do esporte, no entanto, ultrapassou os ringues. Para ele, o boxe foi um divisor de águas. “Passei a ser uma pessoa mais responsável com meus objetivos. O respeito e a humildade vêm junto automaticamente pelo fato de você saber que ninguém chega a lugar nenhum sozinho.”

 

Entre as lutas mais importantes da carreira, Ariel destaca a final do Campeonato Brasileiro em que enfrentou um atleta da Bahia — estado tradicionalmente forte na modalidade — que vinha de uma sequência de vitórias por nocaute. “Chegar sem créditos em uma final é bem complicado, até porque na época nosso estado não era muito conhecido no meio da modalidade, mas, ainda assim, consegui vencê-lo, me tornando pela primeira vez campeão brasileiro”, lembra.

 

A trajetória profissional o levou até São Paulo, onde defendeu a Seleção Brasileira. A distância da família, porém, foi um peso durante esse período. “O difícil mesmo era ficar longe da minha família quando eu estava em campeonatos e quando me mudei para SP”, recorda.

 

Hoje, Ariel não compete mais oficialmente. O motivo é claro: falta de condições financeiras para se manter como atleta de alto rendimento. “Ainda continuo meus treinos diariamente, não estou competindo mais. Por questão financeira, precisei dar mais atenção ao trabalho. Já me peguei pensando por diversas vezes em voltar a lutar, mas sempre me lembro da importância de uma boa preparação, que no momento está inviável.”

 

Apesar de não estar mais nos ringues, ele continua próximo do esporte. Treina diariamente e segue colaborando com o projeto social que o revelou. “Nunca troquei minha academia (Boxe Popular) por outro espaço, meu treinador me acompanha há 19 anos nessa jornada”, afirma.

 

Para Ariel, Mato Grosso do Sul tem potencial para se destacar ainda mais na modalidade, embora falte estrutura e investimento. “A cada dia surgem novos talentos. O estado tem muito potencial para chegarmos em muitas finais de campeonatos brasileiros, mas, assim como todo esporte, é preciso mais investimento e reconhecimento para nossos atletas.”

 

Hoje, como exemplo para jovens atletas, Ariel deixa um recado direto a quem sonha com uma carreira no esporte: “Você é capaz de realizar grandes feitos, basta ter persistência e focar nos seus objetivos.” E ao menino que começou no projeto da Vila Popular, há quase duas décadas, ele diria apenas: “Não desista dos seus sonhos, ele vai inspirar outras pessoas.”

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