Vela | UOL | 08/02/2008 16h47

Sem Torben Grael, Marcelo Ferreira volta a ser apenas coadjuvante

Compartilhe:

Rio de Janeiro (RJ) - Foram dois ouros olímpicos na classe star, ao lado de Torben Grael, o maior medalhista do Brasil nos Jogos (cinco pódios). Mas, agora, Marcelo Ferreira inicia participação na seletiva nacional da vela para a Olimpíada de Pequim em situação bastante diferente. Sem o parceiro. Em outra categoria. E no papel de azarão.

"Não estou pensando muito na minha classificação. Minha expectativa é velejar direito", diz Ferreira. "Não tenho ambição de ir a esta Olimpíada."

A definição dos representantes brasileiros nos Jogos começa no sábado, no Rio, para as classes finn, 470 feminina, star, RS:X masculina e feminina.

Há 21 anos, o atleta não comandava um barco em um torneio. Na star, como proeiro, a função de Marcelo era ser o contrapeso da embarcação. A parte tática não cabia a ele.

Com o acerto de Torben com os suecos do Ericsson para participar da Volvo Ocean Race, regata de volta ao mundo a partir de outubro, Ferreira ficou sem companheiro na star.

A Volvo começa dois meses depois da Olimpíada, e Torben não teria como conciliar a campanha olímpica com a preparação para a regata mundial.
Ferreira tentou buscar novos timoneiros para seguir na star, mas não obteve sucesso.

Acabou decidindo migrar para a finn, barco de 4,50 m, com peso de 145 kg. O velejador pesava 106 kg na época que disputou a Olimpíada de Atenas-2004, segundo o Comitê Olímpico Brasileiro.

"Fui a quatro Olimpíadas. Não quero ir sem fazer direito. Se eu tivesse começado [os treinamentos] há cinco meses até poderia pensar em conseguir a vaga", afirma Ferreira.

A indefinição sobre novos parceiros de star e a decisão de passar para a finn fizeram com que Ferreira só iniciasse os treinos há 20 dias.

"Arrumar alguém para velejar com você é sempre um problema. Afinal, no Brasil, profissionais da vela só temos o Torben e o Robert [Scheidt, que, ao lado de Bruno Prada, tentará vaga na star na Olimpíada de Pequim]", afirma. "Não dá para pensar em achar um parceiro em dois meses."

Marcelo vinha treinando com o barco que João Signorini usaria na seletiva. Signorini foi o representante brasileiro na finn nos Jogos de Atenas, mas também abriu mão de Pequim-2008 pelo projeto da regata de volta ao mundo.

No mês passado, Marcelo ficou em sexto lugar no Brasileiro de finn. O resultado explica por que ele se vê como azarão na seletiva olímpica.

"Me vejo numa fase de transição. Já estou pensando em 2012 [nos Jogos de Londres]. Pretendo voltar para a star, me classificar para a Olimpíada e encerrar minha carreira olímpica", conta o atleta de 42 anos.

A possível volta à star poderá significar o duelo com Scheidt, mas Marcelo desconversa sobre o assunto. "Isso só será muito lá para a frente. E irá acontecer em eliminatórias", afirma.

No Rio, os favoritos à vaga na China na classe são Henry Boening, atual campeão brasileiro, Fábio Bodra e Jorge Zarif.

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS