Solidariedade | Da Redação | 03/04/2019 08h31

Projeto Flor de Cerejeira atende autistas através do judô

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Celebrado anualmente em 2 de abril, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em dezembro de 2007 para a estimular a conscientização acerca do assunto.

O Autismo, transtorno no desenvolvimento do cérebro, afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo dados do Center of Deseases Control and Prevention (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas.

Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de dois milhões de autistas. Para se ter um diagnóstico preciso e o registro do número de pessoas que têm autismo em Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado criará um cadastro estadual, já aprovado desde o ano passado. Contudo, apesar de numerosos, os milhões de brasileiros autistas ainda sofrem para encontrar tratamento adequado.

Em Campo Grande, existe o projeto social Flor de Cerejeira, que atende autistas incentivando a inclusão através da prática do judô. Localizado no Bairro Amambaí, a iniciativa foi de Romeu Saravy Chita Júnior, que estruturou o projeto para atender aos alunos e seus familiares. “Nós somos a primeira associação do Brasil que trabalha com crianças autistas, incentivando a prática do judô. São cerca de 80 crianças, sendo que 40 são potadores do transtorno. Além disso, damos suporte social e inclusive, acompanhamos seus desempenhos escolares”, explica o sensei.

Romeu Júnior explica que a ideal inicial para criar o projeto social veio por meio de seu filho, Romeu Neto, de 18 anos. Júnior descobriu que o filho, aos cinco anos de idade, era autista. O sensei relata que, mais do que a rotina voltada aos cuidados com Neto, a principal dificuldade é o preconceito, enfrentado cotidianamente.

Ao jornal Top Mídia News, Romeu Júnior confessou que o filho sofreu o primeiro episódio de bullying ainda na creche. Ele estudava na creche da Santa Casa quando sofreu o primeiro bullying da vida dele. Foi pela própria professora. Ele não fazia as atividades e ela escreveu no caderno dele assim: ‘Romeu, você é burro’. Eu fui lá para pegar a mulher pelo pescoço, falei para ela: ‘que faculdade você fez?’. ‘Você trata de animal, aliás, nem de animal para você chamar meu filho de burro’”.

Romeu Júnior e seu filho (Foto: Izaias Medeiros/Assessoria CMCG)

Com o passar dos anos e conforme Neto ia crescendo, Romeu Júnior decidiu inscrever o filho numa escolinha de judô. Nos primeiros dias, colocá-lo para praticar esporte não parecia uma boa ideia, visto que Neto enfrentava dificuldades de concentração, impossibilitando uma atuação nos tatames. Foi aí que o pai decidiu juntar-se ao filho na vida de judoca e, com o tempo, foram aprendendo mutuamente, com significativa evolução.

A partir daí, Romeu Júnior decidiu propiciar um ambiente acolhedor tanto para outras crianças autistas, quanto para os pais e responsáveis destas. Hoje, o projeto Flor de Cerejeira atende meninos e meninas com autismo, além de famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

"Judô para Todos" é o lema do Flor de Cerejeira (Arte: Divulgação)

O projeto não tem como foco a competição, mas visa à formação do cidadão e a inclusão social, com uma atuação sem fins lucrativos. Além disso, é condição para participar do projeto que a família colabore com as atividades.

A principal causa do Flor de Cerejeira é quebrar as barreiras do preconceito. O projeto, que teve início apenas com três crianças, agora planeja estender alguns atendimentos.

Atletas e pais em sessão da Câmara de Campo Grande (Foto: Izaias Medeiros/Assessoria CMCG)

*Com informações da assessoria de imprensa do vereador João César Mattogrosso e portal Top Mídia News.

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