De artista plástico à mascote do Operário, conheça Sullivan Oliveira
O artista plástico, pintor e aerografista Sullivan Oliveira, de 45 anos, é um dos grandes nomes da arte brasileira, especialmente quando falamos de esporte, que vive em Mato Grosso do Sul. Nascido no interior do Estado de São Paulo, na cidade de Assis, foi criado pelos tios adotivos na capital paulista e se mudou para Campo Grande aos 23 anos de idade, cidade na qual vive até hoje.
A carreira do artista começou há mais de duas décadas, mas mesmo antes de ter seu início ‘oficial’, na infância, já fazia pinturas em brinquedos e realizou grandes peças. Em entrevista exclusiva, O Patriota dos Esportes, como também é conhecido, contou sua história.
Inspiração para a arte
Oliveira contou que sua inspiração para a arte veio junto com o amor ao futebol. E isso, como ele relata, influenciou durante toda a vida. No começo, quando ainda era criança, pintava os estrelões (nome dado aos campos de futebol de botão) em São Paulo.
“Desde criança, eu já pintava em papéis que minha irmã e irmão que moram em São Paulo [me davam]. E também pintava meus estrelões (campos de futebol de botão) e meus botões de futebol de mesa” disse.
Depois disso, o sentimento foi crescendo e os números de trabalhos importantes também.
Arte e esporte
A trajetória do paulista com a arte é grande apesar de não ser há tanto tempo. Além das pinturas, Oliveira, como artista plástico, já realizou esculturas, faz coleção de pegadas de grandes atletas no esporte nacional e participou da construção dos Arcos Olímpicos que ficaram em Manaus, no Amazonas. A capital amazonense foi uma das sedes dos jogos de futebol dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
“No mundo da pintura, tive a honra de pintar e presentear grandes pessoas. Entre elas, meu ídolo Oscar, do basquete, Ratinho, que me lançou em um canal aberto quando eu tinha ainda 23 anos de idade, Otávio Mesquita, Jô Soares, Peter Fonda e muitos outros”, contou Sullivan.
“Mas quando fala em pintura a minha maior alegria foi por ter sido abençoado em poder ter pintado o Arcos Olímpicos nas Olimpíadas no Brasil. Pois pintar o símbolo máximo que uni os seres humanos atletas e a maior alegria para qualquer artista que ama e respira esportes”.
Oliveira pintando os Arcos dos Jogos Olímpicos de 2016, em Manaus (Foto: Arquivo Pessoal)
Sobre a aparição na televisão, em rede nacional, Oliveira detalhou: “Na época, o DJ Júnior que trabalha com o Ratinho apresentou meu trabalho a ele, que pediu para eu voltar no dia seguinte que mostraria meu trabalho. Pois na época fiz um capacete a ele com sua charge, meu estilo era caricatura em capacetes”.
O Patriota dos Esportes também falou da carreira com escultura e sua principal obra é a feita no Museu do Santos Futebol Clube. “Na área de escultura, [o maior feito] foi ter tido a honra de executar, a pedido do Santos Futebol Clube, a criação do último lance do Rei Pelé. Pois poder criar uma estátua para o Rei de Futebol é uma alegria que é até difícil de tentar dizer o tamanho da felicidade”.
Escultura feita por Oliveira sobre 'o últim lance' de Pelé (Foto: Arquivo Pessoal)
“Sentimento de gratidão”
Sobre suas duas principais obras, a construção dos Arcos Olímpicos em 2016 na cidade de Manaus e a escultura para o Rei Pelé em Santos, ele reitera o sentimento de gratidão.
“Gratidão a todos que me ofertaram a oportunidade de poder pintar o símbolo que empodera os seres humanos que amam esportes e que buscam colocar seus nomes imortalizados em suas maestrias esportivas. E quando recebi o convite, chorei e agradeci a todos, até mesmo a pessoas que não conheci ainda, pois sei que existem pessoas que me indicaram. Mas irei conhecer nessa minha caminhada por aqui na terra”.
Já com relação à obra para o Santos, “O sentimento que sinto dentro de mim é de eterna gratidão ao Santos FC e ao Rei Pelé, pois até hoje o sentimento vive dentro de mim. Pois ter a honra em vida de poder criar algo ao rei do esporte mais praticado no mundo é para se comemorar e agradecer todos os dias”, completou. Sempre grato, Oliveira valoriza cada uma de suas obras feitas.
Marcas dos atletas
Outra arte que o artista realiza é a de recolher marcas, como as mãos e os pés, de atletas dos mais diversos esportes. Entre os principais presentes em sua coleção com mais de cinco centenas peças é o do ídolo flamenguista Zico, de Ronaldinho Gaúcho, do lutador Anderson Silva, o atacante Gabriel Barbosa (Gabigol), o camisa 10 da Seleção Brasileira Neymar, a jogadora de vôlei Virna Dias e muitos outros.
“A coleção é particular. Hoje graças a Deus, todas digitalizadas eu guardo com carinho. Juntando em números, hoje já são mais de 500 peças em mais de 8 anos de coleção pelo Brasil a fora”, disse.
Arte com moto
Além dos trabalhos com o esporte, Oliveira também tem outra paixão, o aerografismo, que em uma de suas vertentes, há a pintura em motos e capacetes. Ele tem um vasto trabalho nessa área e já realizou, no ano passado, uma ação com o intuito de ajudar na doação de sangue.
O desafio consistia em arrumar número de doadores proporcional às cilindradas da moto. Por exemplo, se a moto tinha 150 cc, o dono do veículo teria de conseguir 15 pessoas para doar conforme disse ao Midiamax em maio de 2019. “O desafio foi atingido sim e com louvor. Onde pessoas se doaram e fizeram uma boa união acontecer. Mas a maior alegria nessa campanha era poder juntar pessoas do bem para doarem sangue e assim ajudarmos nossos irmãos campo-grandenses”, contou.
“Sempre foi mágico ser mascote”
Entre suas grandes histórias, tem uma que se relaciona diretamente com um clube sul-mato-grossense, o Operário, de Campo Grande. O maior campeão estadual de futebol já teve o artista como mascote. Em São Paulo, ele torce para o Corinthians, em MS, é operariano. Ele descreve como algo “mágico” ser mascote.
“Sempre foi mágico ser mascote, pois eu amo o Operário, amo minha torcida e todos que torcem pelo Galo. E ser mascote e torce dentro de uma fantasia onde se seu time estiver perdendo você deve continuar movendo a massa sem deixar a moral cair, se estiver calor o frio você deve estar sempre em constante alegria, pois seus atos dentro de campo repercutem na torcida que você ama. E todas as vezes que vestia minha roupa de mascote eu pedia para que todos pudessem ter um belo jogo e voltarem a seus lares felizes da vida”, relata.
E completa falando que ser um símbolo de um clube o ajudou a respeitar os rivais, como o Comericial. “Como mascote do galo aprendi também a amar meus os irmãos comercialinos, pois somos rivais eternos dentro de campo e como operariano não vivo feliz sem o Comercial. O Comercial é grande e merece todo respeito e carinho, pois somos ‘clubes irmãos’. E uma das minhas maiores alegrias como mascote do Galo foi poder estar em um Comerario, pois no clássico os dois times se tornam um só pelo elo da amizade e confraternização ao futebol”.
Não houve um momento especial pelo Galo de Campo Grande, para ele, “todos os jogos foram especiais”.
Atualidade e projeto de vida
Segundo relatou em entrevista, Oliveira trabalha atualmente com “pinturas em empresas, tenho gostado desse novo universo de pintura” e deve lançar sua própria grife para o futuro, depois da pandemia.
“Criei uma grife de camisas que leva o nome de La Pelota King, que já tem apoio de mais de 30 atletas consagrados e que após a pandemia, quero lançar usando a plataforma eletrônica desses grandes ídolos do esporte”, contou.
Por fim, divagou sobre seu projeto de vida que é ajudar pessoas carentes usando a arte, a cultura e o esporte como mecanismos. “O meu maior projeto de vida é ajudar instituições carentes. Quero poder usar dos laços que tenho no universo dos esportes, futebol e cultura para ajudar projetos do terceiro setor que precisam de ajuda.
Esse é meu projeto de vida. Hoje o que me move é devolver através de artes em projetos sociais o que recebi em minha caminhada. Pois é uma forma de retribuir oque recebi no universo dos esportes e artes, finalizou.
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