Personalidade | Débora Oliveira | 12/04/2022 08h28

Atleta sul-mato-grossense joga nas categorias de base do Avaí

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O início de uma carreira no futebol não é fácil. No vai e vem de atletas que passam pelas categorias de base, poucos são os que conseguem se destacar e chegar a um grande clube na modalidade. Quando o assunto é estados com pouca tradicionalidade no esporte, essa luta é ainda mais árdua e requer mais empenho, disciplina e força de vontade para seguir em busca de seus objetivos. Conheça hoje a história de um desses pequenos sonhadores, o Matheus Rossettini.

Natural de Campo Grande, Matheus Rossettini, 10, iniciou no esporte ainda muito cedo, com 3 anos de idade no futsal da Escolinha Pelezinho e logo depois a transferência para o Chelsea Brasil. A paixão pelo futsal veio como inspiração no irmão mais velho, que também atuava pela Escolinha Pelezinho, na posição de goleiro. "Eu gostava muito do esporte e era bem legal. Meu irmão jogava na Escolinha Pelezinho e eu queria ser igual a ele, sempre gostei muito.” 

Em busca de novas oportunidades, a família de Matheus se mudou para Florianópolis, Santa Catarina, e foi lá que surgiu a possibilidade de fazer parte da base do Avaí, onde atua até hoje. Buscar espaço em uma escola de base nunca é fácil e, quando se trata de um clube tradicional, as dificuldades dobram. Nem sempre a titularidade é alcançada e os colegas passam a ser adversários, é o que explica a mãe de Matheus, Viviany Bagnoli Rossettini. “Ser goleiro não é fácil. Além de treinar ali no Avaí, segunda, quarta e sexta, ele tem o treino específico de goleiro. Não tem como, tem que evoluir a cada dia porque entrar em clube de base já é difícil e se manter é pior ainda.”  

Bagnoli conta que, em Mato Grosso do Sul, era comum ter uma equipe bem superior às demais e que no sul esta supremacia não acontece, pois as equipes têm um nível muito semelhante. “No Mato Grosso do Sul eles sempre foram supremacia, era meio difícil perder para algum outro time. Quando chegamos aqui achamos que seria a mesma coisa, mas é totalmente diferente. Todo mundo no mesmo nível, o conjunto tem que ser muito bom e isso às vezes pega. O Matheus sempre foi fácil para fazer amizade, mas ali foi um pouco difícil, porque é diferente você chegar em uma escolinha de base e em um clube de base. Eles te vêem como adversário, não te vêem como um colega que veio para agregar, mas ele se adaptou super bem e tem amigos ali”.

Jogos

Fã de arqueiros do futebol como Diego Alves, (Flamengo), Douglas Friedrich (Avaí) e  Marc-André ter Stegen (Barcelona), Viviany explica que a paixão de Matheus sempre foi o futsal e que ele se divide entre conciliar estudo com os treinos de futebol e futsal. “Ano passado o Matheus disputou 70 jogos e isso em pandemia. Não foi apenas no Avaí, porque o clube só entra em competição de nível nacional, então a gente disputou por outros times que o convidaram e ele foi campeão pelo Marítimo e pelo ADJ.”

Ela relata que Matheus se cobra muito e que sempre espera entregar um melhor desempenho, mas que é preciso entender que uma criança precisa ser leve e feliz com o que faz. “O Matheus se cobra muito por si só e isso é dele, sempre foi assim. Se ele toma um gol, já abaixa a cabeça, se cobra, e eu sempre falo que não é assim e não precisa ser assim. Se até os profissionais erram quem dirá uma criança de nove e dez anos. Ele precisa ser feliz fazendo o que ele gosta, aquilo que escolheu. Agora no dia nove de abril, eles vão para Ponta Delgada, em Portugal, para disputar uma competição em nível internacional, onde vai estar o Olympique de Marseille, o Benfica, o Porto e ele está todo faceiro porque vai jogar com grandes times. Aqui a gente jogou até a BG Kids e fomos campeões. Ele defendeu na semifinal um pênalti contra o Internacional. Fomos para a final e ele pegou um outro pênalti e fomos campeões.”

Para Viviany, o Avaí tem uma das melhores equipes de base do país, que trabalham e dão condição para que seus atletas possam se destacar. “A base que o Avaí tem, a estrutura que ele proporciona para os atletas é fora de série. Desde os técnicos, os treinadores, comissão e diretoria. Eles te acolhem e dão feedback. Tem psicólogo, nutricionista e eu te falo assim que o Matheus hoje está no melhor clube de categoria de base do sul do país, que é o Avaí.”

Futuro do futebol de Mato Grosso do Sul 

Como mãe, Viviany diz que deseja que as crianças nunca desistam de seus sonhos e que também não abandonem a escola, porque, caso as coisas no esporte não venham a ter sucesso, sempre haverá outro caminho. “Primeiramente, a gente não pode desistir, lutar até a última esperança, tem que correr atrás, se dedicar e treinar. Eu falo que tem um pilar, o comprometimento, o foco, a humildade e a sabedoria, se não tiver essas coisas não tem como. Se você tiver isso e a vontade de crescer e evoluir, as coisas fluem, mas nunca deixem os estudos de lado porque se o plano A não der certo, você tem um plano B.”

Matheus espera que seus colegas de Campo Grande possam buscar seu próprio espaço e que tenham a certeza de que são bons. “Eu desejo que eles consigam conquistar a vaga deles aí nos times até chegar a time de base e eles vão conseguir porque são muito bons, só não podem nunca desistir”.

No futebol, há esperança de que haja pessoas interessadas em dar oportunidades a jovens que sonham em chegar ao futebol profissional, e Viviany acredita que o primeiro passo já está sendo dado. “Um dia a gente ainda vai conseguir que o esporte de Mato Grosso do Sul tenha mais incentivo, porque a gente tem muito atleta bom, mas não tem incentivo. Eu admiro muito o Júlio César e o Geraldo Harada, porque eles sempre estudam para estar se diferenciando. O próprio Murilo também. Quanto mais cabeças jovens pensantes ajudarem o futebol sul-mato-grossense a evoluir, mais vamos ter bastante atletas saindo de lá”.

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