Pan-americano | GE.net | 23/07/2007 17h09

Seleção brasileira masculina estréia confiante, mas abalada

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Rio de Janeiro (RJ) - A seleção brasileira masculina de vôlei estréia nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro às 22h desta segunda-feira, contra o Canadá, no ginásio do Maracanãzinho, embalada pela conquista da Liga Mundial na última semana, mas abalada pelo corte inesperado do levantador Ricardinho. Essa é o único título que a geração comandada por Bernardinho ainda não levou.

Os jogadores estão cientes que terão uma grande responsabilidade pela frente. "Todo mundo espera um espetáculo da gente. As pessoas não querem apenas vitórias. Sabemos disso, mas na quadra não é assim. Teremos um grande adversário do outro lado", afirma o líbero Sérgio "Escadinha", que espera uma partida complicada na estréia.

"O Canadá fez boas partidas contra o nosso time na Liga Mundial. Será um jogo chato, difícil. Eles vêm reforçados com um atacante que não nos enfrentou na última competição e têm um levantador muito bom. Temos que ter cuidado e estudar bastante o jogo deles para fazer uma boa estréia", explica.

Para o oposto André Nascimento, um dos destaques do Brasil na última Liga Mundial, a estréia no Pan deve ser encarada com cautela. "Estrear é diferente. Podemos ficar um pouco nervosos, mas isso não irá nos prejudicar. O Canadá tem um time esperto, que tem volume de jogo. Precisamos ter atenção", diz.

O atacante espera que o apoio da torcida seja um diferencial a favor. "A presença da torcida será bem legal e nos ajudará bastante. Eu nunca joguei no Maracanãzinho, mas a primeira impressão foi legal. É um ginásio grande, mas aconchegante. Lotado, com certeza ficará um caldeirão", afirma.

O técnico Bernardinho sabe que terá que preparar seu time para pegar um adversário perigoso. "Não podemos pensar que iremos enfrentar o mesmo Canadá da Liga Mundial. Além de contarem com um reforço, eles devem ter se preparado ainda mais para disputar o Pan-americano. Precisamos entrar concentrados", analisa.

O maior problema que a equipe terá de enfrentar, no entanto, é o corte de Ricardinho. Considerado o melhor jogador da última Liga, o levantador foi cortado sob alegação de "relação desgastada" com o técnico Bernardinho, que convocou Bruno Rezende, seu filho, para ocupar a vaga.

O treinador diz que Ricardinho voltará à seleção no futuro, mas, no momento, era necessária essa pausa no trabalho. "Esse estresse não vem de uma única situação. É todo um processo que se desenvolve ao longo dos anos. É um somatório de algumas coisas. Nessa última viagem da Liga Mundial não tivemos um problema específico", justificou.

Ricardinho, porém, se considerou traído. "Fiquei um mês longe de casa, joguei toda a Liga Mundial e o que eu mais queria era disputar o Pan, conquistar a única medalha que ainda não consegui. O Bernardinho me dispensou sem explicar. Estou em êxtase. É como se tivessem cortado as minhas pernas\', lamentou o ex-capitão, que, na volta de Paris (após a Liga), passou em Maringá (PR) antes de seguir para o Rio.

\'Cheguei de Paris, não consegui me apresentar na sexta-feira, mas liguei para o Zé Inácio (José Inácio Sales Neto, preparador físico e chefe de delegação do Pan) e disse que me apresentaria no Rio na manhã deste sábado. Foi o que fiz. Eu me apresentei, mas quando cheguei ao hotel, não havia reserva em meu nome e nem a mala com a minha roupa da seleção\', detalhou.

Os demais jogadores admitiram a surpresa com a decisão de Bernardinho. Alguns preferiram nem comentar o assunto, caso do ponta Giba, visivelmente contrariado. Já o meio-de-rede Gustavo contou que visitou o companheiro na concentração após a notícia. "É o mínimo que a gente podia fazer. Ele foi pego de surpresa, assim como nós. Eu nem conseguir dormir à noite", revelou.

"Fosse com ele ou com qualquer outro, a gente teria tentado falar com o Bernardinho. Quem não quer ter o Ricardo no time? Ele é o melhor do mundo. Mas a decisão nos pegou de surpresa e veio do técnico. Temos que acatar", acrescentou, resignado, o líbero Sérgio.

Bernardinho, porém, garante que o episódio não influenciará no rendimento do time. "Minha consciência está tranqüila, apesar de ser um momento de intranqüilidade. Isso gerou um desconforto no grupo, que está sentido, mas precisava dar um basta em algumas coisas. Foi um acúmulo e o que quero agora é que o Ricardo reflita e volte mais amadurecido", explicou.

O levantador titular da equipe na estréia será Marcelinho, reserva imediato de Ricardinho. Ainda pela fase classificatória, o Brasil enfrentará Cuba terça-feira e o México no dia seguinte.

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