Pan-americano | UOL | 23/07/2007 14h39

Em crise, Brasil inicia luta para superar seu maior fantasma

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Rio de Janeiro (RJ) - A "Era Bernardinho" na seleção brasileira masculina de vôlei começou em 2001 e é recheada de títulos: uma Olimpíada, dois Campeonatos Mundiais e seis Ligas Mundiais. O único troféu que falta na estante da equipe é o Pan-Americano, que foi perdido há quatro anos em um caso traumático: derrota para a Venezuela nas semifinais dos Jogos de Santo Domingo, apesar do amplo favoritismo. Nesta segunda-feira, a seleção inicia a sua caminhada para exorcizar de vez este fantasma. Mas vai ter que superar a maior crise destes últimos sete anos.

Dois dias antes da estréia do Brasil no Pan do Rio de Janeiro, que será às 22h desta segunda-feira diante do Canadá no ginásio do Maracanãzinho, o técnico Bernardinho anunciou o corte do levantador Ricardinho. O treinador alegou "desgaste" na relação entre ambos e quis "poupar" o jogador para torneios futuros. Já Ricardinho rebateu, dizendo se sentir "magoado" e "traído" com a saída às vésperas da competição.

"Fiquei essas madrugadas inteiras pensando nisso. Não foi um fato isolado, foi um acúmulo de coisas. Espero que ele consiga amadurecer nessa situação. Decidi poupá-lo e poupar a todos nós. É uma hora de se pensar", justificou Bernardinho.

Os outros jogadores do elenco brasileiro reagiram com surpresa à notícia. Mas logo trataram de mostrar união para evitar a repetição dos erros cometidos em Santo Domingo. Para os atletas, uma nova derrota no Pan pode ser catastrófica.

"Se a gente perder vão falar que o fracasso do Pan foi nosso", exemplifica o líbero Escadinha. O técnico Bernardinho vai além. "O que a gente sente é que nos tiraram o direito de perder", relata o treinador.

Perder, aliás, é algo raro para esta equipe. Em 20 torneios disputados desde que Bernardinho assumiu, foram 16 títulos, três vice-campeonatos e um terceiro lugar, justamente no Pan de Santo Domingo.

A derrota para a Venezuela na República Dominicana virou uma lição para a equipe. E não deve ser esquecida, nem mesmo se a seleção acabar no Rio com um tabu de 24 anos sem títulos no Pan (a última conquista nos Jogos foi em Caracas-1983, quando Bernardinho ainda era jogador da equipe).

"Aquela derrota a gente não vai esquecer, mesmo ganhando esse Pan. Era um jogo que estava em nossas mãos. Foi um aprendizado que a gente tem que levar para o futuro", diz o meio-de-rede Rodrigão. "A gente aprendeu que tem que se concentrar e manter sempre o nosso ritmo, senão fica complicado", completa.

Contra o Canadá na estréia dos Jogos do Rio, o Brasil deve começar a partida com o levantador Marcelinho, os centrais Rodrigão e Gustavo, os pontas Giba e Dante, o oposto André Nascimento e o líbero Escadinha.

A segunda partida da seleção será na noite de terça-feira, contra Cuba. O Brasil encerra sua participação na primeira fase na quarta-feira, diante do México. Os dois primeiros colocados do grupo avançam às semifinais. E na fase decisiva a seleção pode enfrentar a Venezuela para, enfim, exorcizar de vez os seus fantasmas.

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