Olimpíadas | Globo.com | 12/08/2008 13h17

Favorito, Tiago Camilo conquista medalha de bronze na China

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Pequim (China) - Depois de oito anos, Tiago Camilo volta ao pódio olímpico com a conquista da medalha de bronze nesta terça-feira no Ginásio de Ciência e Tecnologia de Pequim. Ao contrário de Sydney, quando Tiago tinha apenas 18 anos e lutava de leve, desta vez o judoca de Tupã (SP) era o maior favorito do meio-médio. Afinal, ele havia sido apontado em 2007 o melhor judoca do mundo ao conquistar o título mundial após sete ippons no Rio de Janeiro.

Com todos esses ingredientes, dá para imaginar a frustração sentida pelo brasileiro ao ver o sonho do ouro acabar após a derrota para o alemão Ole Bischof nas quartas-de-final. A diferença em seu estilo de luta foi nítida. Nos dois primeiros confrontos, contra o japonês Takashi Ono e o iraniano Hamed Mohammadi, Tiago foi o Tiago do Mundial, com um judô bastante ofensivo, que pressionava os adversários e dava poucas chances de ataque. O resultado foi uma tranqüila vitória sobre o japonês com um wazari e um yuko e um ippon sobre o iraniano.

A surpresa, porém, viria na luta seguinte. Apenas o 23º colocado no Mundial conquistado por Tiago, o alemão Ole Bischof fez muito bem o dever de casa, estudando como se defender dos ataques do brasileiro. Ole não deixava que Tiago segurasse sua gola, o que nitidamente o incomodava. Resultado: quando foi para o ataque, o judoca brasileiro sofreu o contra-ataque e passou a ter um wazari contra. A desvantagem era grande e obrigava Tiago se abrir mais ainda em busca do placar, o que permitiu a Bischof aplicar nova queda, desta vez meio duvidosa, com Tiago caindo para fora do tatame. Enquanto a arbitragem dava o segundo wazari, e conseqüentemente o ippon, Tiago Camilo reclamava da decisão que o tirava do sonho dourado.

A superação após o fim de um sonho - Com o alemão na semifinal, restava a Tiago Camilo lutar pelo bronze. E a primeira luta da repescagem trouxe um outro lutador. Menos ofensivo, o brasileiro parecia ainda não ter assimilado bem o ippon anterior e, para piorar, ainda sentiu o dedo da mão direita. Apesar dos problemas, Tiago controlou o combate desde o início, com o americano Travis Stevens sofrendo duas punições, a primeira por falso ataque e a segunda por falta de combatividade, além de conseguir um koka. A luta ganharia um pouco mais de drama próximo do fim, quando Stevens conseguiu um yuko, mas o resultado não seria suficiente para uma virada de placar.

A vitória serviu para sacudir a poeira em Tiago, que voltou a pensar no bronze com a mesma vontade que tinha pelo ouro contra o britânico Euan Burton. Comandando o ritmo da luta, Tiago Camilo se defendia bem das pegadas de Burton e buscava a queda, até derrubar o adversário e abrir o placar com um wazari. Com a boa vantagem, o atual campeão mundial passou a segurar o ritmo, o que foi considerado pelo juiz como falta de combatividade, custando duas punições ao brasileiro. Os ataques do britânico, porém, não mostravam muita eficiência contra Tiago, que soube controlar a vantagem até o fim.

Enfim, o bronze - O fim. Para chegar nele, Tiago Camilo tinha ainda que passar pelo holandês Guillaume Elmont, como o brasileiro, campeão mundial, só que no Cairo, em 2005. Apesar de ter feito 10 minutos de luta nas semifinais e ter demonstrado cansaço, Guillaume partiu para o ataque desde o início e, como Bischof nas quartas-de-final, dificultava a pegada de gola do brasileiro. Com dificuldades para fazer seu jogo, Tiago acabou sofrendo uma punição por falta de combatividade com 2m50s de luta. Na desvantagem, o brasileiro acordou e foi para a virada, aplicando um ouchi-gari faltando 1m45s para o fim e somando um wazari.

Com a virada, quem precisou se expor foi o holandês, o que facilitou a vida de Tiago Camilo. Em um ataque, o brasileiro pegou o braço de Guillaume e partiu para a finalização. O adversário defendeu, mas acabou permitindo a montada, de onde Tiago foi para o estrangulamento. A vitória viria logo em seguida, com Guillaume desistindo faltando 1 minuto para o fim da luta. Para alegria de Camilo, que, emocionado, não conteve as lágrimas ao sair do tatame.

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