MMA | Michael Franco | 13/03/2018 11h52

Com organização exemplar, Pantanal Fight mostrou potência do MMA regional

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O último sábado (10) foi um dia de festa para o esporte de combate de Mato Grosso do Sul. A 18ª edição do Pantanal Fight (PFC) aconteceu no Ginásio Poliesportivo Luiz Carlos Yamahita, em Costa Rica. Com a casa cheia, lutadores de Mato Grosso do Sul, em sua maioria, mostraram a força das Artes Marciais Mistas (MMA) do Estado. Das 13 lutas, apenas duas ficaram para a mão dos juízes. Torcida, autoridades e especialistas no esporte assistiram a confrontos dignos de um evento do calibre PFC.

Quem estava na arquibancada não quis saber de reclamar. Exemplo disso é o motorista Luiz Hernandes, 34 anos, que afirmou ao Esporte Ágil, ter gostado PFC porque as lutas não demoraram muito e a organização estava correta. “Geralmente a gente vê na televisão quase meia hora entre uma luta e outra. Aqui foi tudo uma atrás da outra, faz com que a gente fique mais ligado. E outra coisa tá super organizado, sem bagunça nenhuma, se tiver de novo vou voltar”.

O presidente da Federação de Mixed Marxial Arts de Mato Grosso do Sul (FMMA-MS) e organizador do evento, Nilson Pugatti agradeceu e destacou o apoio dos envolvidos na logística e preparação do 18º PFC. “Teve muita gente que ajudou a isso aqui acontecer, nós só temos que agradecer toda ajuda e apoio. A gente quer ver nosso esporte crescer cada vez mais”. Antes do início das lutas, o prefeito de Costa Rica, Waldeli dos Santos Rosa complementou as palavras de Pugatti e afirmou que a cidade está de portas abertas para o esporte. “Acreditaram na nossa cidade e somos gratos. Vamos continuar investindo nos esportes de aventura e nas lutas de MMA”.

Confira um resumão do 18º Pantanal Fight em Costa Rica:

Começo polêmico: A primeira luta da noite teve todos os ingredientes de um bom combate: estudo, luta em pé, luta de solo e claro, a torcida levantando polêmica. Cowboy enfrentou Thiago no confronto da categoria até 57 Kg, comumente o primeiro round é de estudo. Não para a torcida! De início já foram ouvidas vaias devido a ‘paradeira’ da luta. No segundo assalto, Cowboy investiu nos chutes baixos e foi atingido no nariz resultando em sangramento. No período final, Cowboy conseguiu uma boa queda e foi contra golpeado perdendo a luta por finalização.

A torcida vaiou novamente, considerando a decisão do árbitro de encerrar a luta precipitada.

Se piscou perdeu: O segundo combate da noite foi relâmpago. Carlinhos e Wagner Alves ficaram cerca de um minuto no octógono. O diminutivo do apelido do primeiro lutador se fazia realidade no tatame, a diferença corporal era notória. No começo da luta, Wagner Alves conseguiu uma montada e massacrou o adversário. O árbitro deu até um tempo para Carlinhos se recuperar, no entanto, não havia mais jeito, Alves foi supremo.

 

Chama o Samu: Com um apelido que chama atenção de todos Paulo Ambulância venceu Bruno Veron no primeiro round. O combate dos atletas de até 70 Kg começou com trocação franca, estavam dispostos a se doar já de início. Tanto é que Bruno Veron sangrou nos primeiros minutos. Embalado pela torcida imitando o som de uma ambulância, Paulo se defendeu de uma tentativa de queda e conseguiu finalizar Veron no primeiro assalto.

 

Sem machado e serrote, não deu: Na categoria até 70 Kg, Eliseu Lenhador e Ramão Almeida fizeram outra luta rápida no 18º Pantanal Championship em Costa Rica. Eliseu tomou atitude primeiro desferindo o primeiro golpe, mas foi só isso. Ramão Almeida deu uma saraivada de golpes e deixou Lenhador sem ferramentas para recuperação no primeiro assalto.

Pregado: A luta dos atletas de até 66 Kg durou dois rounds. Como de praxe, Vinicius Martelo e Marco Véio se estudarem no início do primeiro round. Após alguns instantes o lutador com nome de ferramenta foi derrubado e dominado no solo, e ao levantar foi atingido com uma boa joelhada. No segundo assalto, Martelo tentou pregar Marco Véio a todo custo. Na metade do assalto, outra bela joelhada e queda feita por Marco, Martelo resistiu enquanto pode, mas não teve jeito, pode pregar: Marco V´wio venceu.

Sem chance: Os pesados Samuel Gardelli e Pascotti mal entraram no octógono e já tiveram que sair. Culpa de Samuel, que não tomou conhecimento do adversário e nocauteou Pascotti nos primeiros minutos. O lutador derrotado teve o supercílio aberto.

Fala muito: O experiente Fernando Duarte dominou Rafael Xucrute nos três assaltos do combate. Logo no início da disputa Xucrute, foi vítima do bom clinch de Fernando, terminando a primeira etapa no chão. Após o intervalo, nada mudou no cenário da luta, Xucrute ficou submisso no solo várias vezes. No terceiro assalto, o lutador tentou a recuperação com trocação pesada, no entanto, Fernando continuou superior e vence o combate por finalização.

Chama atenção que a equipe de Xucrute reclamou demasiadamente da interrupção do árbitro da luta. Fernando não gostou e cobrou melhor atitude dos treinadores. No final, tudo em paz.

Luz no fim do túnel: O confronto entre Willian Costela e Victor Guerreiro da Luz, fazia parte de um GP, uma espécie de mini campeonato. Nesse combate, Guerreiro começou forte demonstrando habilidade de várias modalidades, mesclando técnicas e golpes. Costela sangrou depois do começo fulminante do adversário. Após isso, a luta ficou parelha, no entanto, o supercílio de Costela não parava de sangrar e após atendimento médico, foi constatado que ele não poderia continuar. Vitória de Guerreiro da Luz, superior desde o início do confronto.

João sem braço: Outra luta que ocorria dentro do GP foi a de Luan Juruna contra Roberto Haitiano, realmente oriundo do país da América Central. Juruna entrou no octógono chamando atenção e impondo respeito pois trazia como técnicos em seu corner, Thiago Marreta e Polyana Viana. O combate durou 1m47s, Juruna tentou impor uma queda ao adversário, mas Haitiano defendeu com maestria e dominou a luta agarrada depois de um contra-ataque. Porém, não se pode duvidar de um lutador de corner com duas estrelas do UFC. Juruna contra-atacou novamente e com uma chave de braço, venceu Roberto Haitiano. Detalhe pós-combate: Haitiano teve que sair com o braço enfaixado em decorrência da força do golpe de Juruna.

**Pronto socorro: De acordo com as regras a final do GP seria entre Victor Guerreiro da Luz e Luan Juruna. No entanto, segundo a organização do evento, Guerreiro passou mal e foi enviado ao pronto socorro. Sem adversário, o cinturão ficou para Juruna sem precisar lutar.

Põe a mão no joelhinho: Andrézinho Oliveira e Carlos Cavalcante fizeram a primeira disputa de cinturão da noite. Foi mais um combate rápido, foram 20 segundos de luta. Cavalcante, que defendia seu título massacrou o adversário com vários golpes e depois de uma joelhada sacramentou o combate.

Após a vitória ser anunciada, Carlos Cavalcante pegou o microfone e difamou o evento, alegando baixo pagamento. A organização controlou a situação e a vaia da torcida auxiliou a reprimir a atitude do atleta. O presidente da Federação de MMA de Mato Grosso do Sul, Nilson Bugatti recomentou que o lutador devolvesse o cinturão do evento,

Saco de pancadas: Outra disputa de cinturão foi a da categoria até 70 Kg, entre o desafiante Ciborg e o atual campeão Walker Wilson. Foi a primeira luta do evento decidida pelos juízes laterais. No primeiro round Ciborg foi derrubado logo de início e a luta se desenvolveu no chão, sem maior ação de efeito para o combate. Já no segundo assalto, o primeiro golpe de Walker foi um chute em cheio nas partes íntimas de Ciborg. O trâmite foi feito conforme as regras: foi dado o tempo de cinco minutos para o lutador se recuperar. Ele demonstrava sinais intensos de dor, gritava alto e não disfarçava a expressão ruim. Recuperado, Ciborg voltou melhor para a luta, que ficou bem parelha até o momento em que Walker leva o desafiante ao chão e faz dele um passageiro da agonia.

No assalto final, o desafiante foi atingido mais uma vez nos órgãos genitais, dessa vez o golpe aparentou ser mais fraco. Novamente foi concedido o tempo de cinco minutos para recuperação, dessa vez a torcida desconfiou que o atleta fingia a dor e iniciou uma sequência de vaias. Em decorrência dos golpes baixos, Walker foi penalizado com um ponto. No restante do round, Ciborg parecia muito cansado e não engatava uma boa sequência de golpes.

No fim, por decisão dividida, Wlaker Wilson continua campeão da categoria.

 

Provocante: Continuando a sequência de disputas de cinturão, entraram no ringue pela categoria até 77 Kg, Nando Gomes, defendendo o título, e Paulo Ricardo. No primeiro assalto o campeão foi atingido diversas vezes com chutes baixos na perna direita, porém não demonstrou sofrer com os golpes, dominando o octógono e até sambando para o adversário, na tentativa de provocá-lo.

O segundo round foi o mais parado da luta. Houve muito estudo e pouca ação. Os dois atletas desferiram bons golpes, porém todos no vazio. No assalto final, aconteceu uma luta mais aberta e franca, Nando atacava com socos por cima e Paulo insistia com chutes por baixo. Com o round na metade, o campeão provocou mais uma vez o adversário deitando no chão do octógono. Daí pra frente, nada mudou.

Enquanto a decisão dos juízes era aguardada, a torcida gritava o nome de Paulo. E contrariando toda população presente no ginásio, por decisão unânime, a vitória foi dada para Nando Gomes.

Pesadão: A disputa do cinturão da categoria até 93 Kg marcou a volta de Anderson Babão aos octógonos tendo como adversário André Garcia. Com apenas alguns segundos de luta Babão conseguiu derrubar o adversário com uma pegada pela cintura e no momento do impacto de Garcia com o chão, Babão chamou o árbitro imediatamente pois o adversário havia machucado a perna. A luta parou por ali mesmo e a suspeita é a de que Garcia lesionou um ligamento da perna direita.

 

Pode-se dizer que o evento terminou com a famigerada chave de ouro, tendo em vista que no seu discurso de vitória, Babão relatou o recente caso de câncer que enfrentou comemorando a total recuperação com a volta aos combates.

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