Geral | Da Redação | 17/03/2024 09h49

Glórias, disco voador e vacas magras: Morenão completa 53 anos, definha e vira problema

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Prestes a completar 53 anos de inauguração, o Estádio Morenão, maior de Mato Grosso do Sul, enfrenta tempos sombrios. Palco de grandes duelos nos anos 70, que arrastavam verdadeiras multidões, o espaço enfrenta o abandono e o esquecimento do torcedor.

Apesar de pertencer à União, já que é vinculado à UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), virou um verdadeiro abacaxi para as autoridades ligadas ao futebol no Estado.

“O foco do Governo do Estado é ser um canal de resolução desse grande problema que é o Morenão. Em 2015, o estádio estava fechando e com a iniciativa do Governo, com a parceria, com a universidade, houve aquela abertura momentânea. Então, é muito importante nós mostrarmos ao público, à imprensa, que o governo, em todo instante, foi proativo, mas por essa razão de ser um estádio da União, estamos com essa dificuldade”, disse o diretor-presidente da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul), Herculano Borges.

“Realmente existe o desejo do Governo do Estado buscar assumir a estrutura do estádio, para que possa ser feito todo esse trabalho de investimento e de busca de parcerias”, completou.

O Morenão foi inaugurado em 7 de março de 1971. O primeiro jogo do estádio foi entre Flamengo e Corinthians, com vitória dos rubro-negros, por 3 a 1. Com os times de Mato Grosso do Sul despontando no cenário nacional, ele logo se tornou o epicentro do futebol no Estado.

Com capacidade para mais de 45 mil espectadores, foi palco de jogos memoráveis em uma época em que Operário e Comercial duelavam de igual para igual com os grandes do Brasil. Além de ser um local que unia a euforia das vitórias e a tristeza das derrotas, foi, por décadas, o espaço onde a comunidade se unia em torno do esporte.

Disco voador ‘levou’ o brilho do estádio

Na década de 1970, os dois principais clubes do Estado, além de arrastar multidões ao Morenão, davam trabalho aos grandes. Em 1977, sob a direção de Carlos Castilho, o clube atingiu as semifinais do Campeonato Brasileiro, sendo eliminado somente pelo São Paulo.

Mas, na década seguinte, tudo mudou. Na noite de 6 de março de 1982, Operário e Vasco se enfrentavam pela segunda fase do Campeonato Brasileiro quando um estranho objeto voador passou sobre o estádio. Foi o maior avistamento coletivo de um ovni da história, já que mais de 24 mil pessoas acompanhando a partida.
Escalado como titular da lateral direita do Operário naquele confronto, o ex-jogador Cocada descreveu o que viu. Em entrevista ao jornal esportivo Lance!, o ex-atleta detalhou que tudo foi muito estranho.

“Primeiro, parou um feixe com luzes em cima da marquise do estádio. Aos poucos, ele foi sobrevoando o gramado, passando bem forte e parou mais ou menos no meio de campo. O objeto parou em cima de mim e ficou emitindo luzes. Depois, num piscar de olhos, tudo apagou”, disse na ocasião.

O árbitro da partida, José de Assis Aragão, também teve a mesma sensação ao presenciar o ocorrido na Capital Morena. “Coincidiu de ser em um momento de paralisação da partida, sabe? Assim que iam cobrar uma falta, alguém olhou para cima. Depois, todos que estavam por perto começaram a ver também. Aí a gente nota aquela luz enorme lá em cima. O clarão estava no meio de campo, pendendo um pouco para a esquerda. Todo mundo ficou apreensivo na hora”, explicou.

O incidente ganhou destaque na imprensa nacional e internacional, gerando teorias e especulações sobre a presença de vida extraterrestre. Embora o mistério nunca tenha sido completamente resolvido, o evento ficou gravado na memória daqueles que estavam presentes naquele dia, que garantem: o disco voador levou o brilho do futebol de MS.

Tempos de abandono

Apesar de seu passado glorioso, o Estádio Morenão enfrenta tempos difíceis desde o início da década de 90, com sinais evidentes de negligência e abandono, o que afugentou também a torcida.

As arquibancadas, um dia repletas de torcedores apaixonados, agora estão desgastadas e vazias. A estrutura está em estado de deterioração, com problemas de infraestrutura que colocam em risco a segurança dos frequentadores. A falta de investimento e manutenção adequada levou ao declínio gradual do Morenão: uma triste realidade para aqueles que testemunharam sua grandiosidade no passado.

Junto com o Morenão, o nível do futebol sul-mato-grossense também foi ladeira abaixo. Os times daqui sequer brigam contra os que disputam a série D do Brasileirão. Na Copa do Brasil, são raros os que conseguem passar da primeira fase.

O deputado Pedrossian Neto, neto do ex-governador que dá nome do Estádio, defende planejamento para o espaço. Para o parlamentar, a conclusão das obras em andamento é solução de curto prazo. Mas deve-se pensar também caminhos ao estádio de médio e longo prazos.

O parlamentar acredita ser necessária, a médio prazo, a execução de obras ainda não previstas, buscando novos investimentos. “E já podemos começar a pensar, desde agora, um modelo de concessão, uma parceria público-privada, para termos uma arena multiuso de padrão internacional que dê visibilidade ao esporte do Mato Grosso do Sul”, afirmou, na última semana, durante audiência pública.

A necessidade de uma reforma mais ampla, de acordo com o deputado, justifica-se pela distância entre os problemas que existem no Morenão e os itens incluídos nas obras em andamento.

“Por exemplo, não está contemplada a reforma do gramado. E não tem como receber os jogos nacionais e internacionais sem um gramado de primeira linha. Também não estão incluídos um placar eletrônico, sala de imprensa, que está em situação incrível de deterioração, e as arquibancadas, que não têm acentos individualizados, numerados e nem acessibilidade”, finalizou.

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