Futebol | Da Redação | 24/01/2025 08h32

Fábio Chitão: Os desafios e a paixão de um árbitro no futebol brasileiro

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Fábio Silva de Oliveira, mais conhecido no meio esportivo como Fábio Chitão, iniciou sua trajetória na arbitragem em 2013, após uma breve passagem pelas categorias de base do futebol. Nascido em Campo Grande em 12 de dezembro de 1992, Chitão sempre teve uma relação intensa com o esporte. No entanto, foi a paixão pela arbitragem que o levou a dar os primeiros passos nesse campo.

“Eu sempre amei o futebol e queria continuar envolvido de alguma forma. Quando vi a complexidade da arbitragem, fiquei fascinado e decidi seguir esse caminho”, relata Fábio, explicando que sua escolha pela profissão foi motivada pela curiosidade em entender melhor o trabalho dos árbitros que acompanhava nas partidas.

A transição da carreira de jogador para árbitro não foi fácil. Fábio enfrentou grandes desafios, especialmente no início. “A maior dificuldade foi a questão física. Eu tinha uma patologia que dificultava o treinamento e a atuação. Depois de uma cirurgia para retirada de cálculos renais, comecei a me recuperar e pude, finalmente, me condicionar fisicamente para atuar”, conta.

Em sua primeira experiência como árbitro, ele lembra de duas situações distintas: o futebol amador e o futebol profissional. “No futebol amador, que chamo de 'laboratório de arbitragem', a sensação foi incrível, mas também desafiadora, pois sabia que estava responsável pela justiça do jogo. Já no profissional, a responsabilidade aumentou ainda mais e a sensação foi indescritível”, diz Chitão.

Embora não tenha tido um padrinho ou uma inspiração direta no início da carreira, Fábio se lembra de um momento que o marcou profundamente. “Estava assistindo a uma partida de futebol e fiquei curioso em saber quem eram os árbitros. A empatia que senti pela dificuldade que era conduzir o jogo me motivou a buscar a profissão”, relembra.

Fábio explica que o que mais o atrai na arbitragem é o desafio constante e a responsabilidade que vem com a condução das partidas. “A arbitragem impõe muitos desafios, principalmente com a qualidade das equipes e jogadores, o que exige uma atenção redobrada. Mas o que me atrai é a oportunidade de me preparar bem e conseguir conduzir um jogo com justiça”, afirma.

Entre os muitos desafios enfrentados por um árbitro, Fábio destaca o equilíbrio necessário para lidar com jogos de grande pressão, como finais e partidas decisivas. “A adrenalina de ler e decifrar o jogo, os jogadores e as estratégias das equipes é algo que me motiva. Quanto mais difícil o jogo, maior a satisfação em desempenhá-lo bem”, diz.

A vida de árbitro, no entanto, não é apenas feita de desafios em campo. Fábio compartilha que um dos momentos mais difíceis de sua carreira foi quando enfrentou perdas pessoai. “A situação mais difícil foi quando minha esposa perdeu o bebê na primeira gestação e, logo depois, minha mãe faleceu de forma repentina. Os primeiros jogos após essas perdas foram muito difíceis”, revela. Para superar esse momento doloroso, ele contou com o apoio da família e da fé. “Foi com a força da fé e o apoio dos meus amigos e familiares que consegui seguir em frente”, afirma.

Em relação à preparação física e psicológica, Chitão ressalta a exigência de um treinamento diário rigoroso. “Nós, árbitros, nos preparamos como atletas de alto rendimento. Precisamos alinhar nossos treinamentos com nossos outros compromissos profissionais, já que a arbitragem no Brasil ainda não é uma profissão regulamentada”, observa.

Fábio também fala sobre os desafios da arbitragem em um país com uma cultura futebolística tão forte como o Brasil. Para ele, a evolução da arbitragem no país passa pela profissionalização. “O futebol brasileiro é o mais difícil do mundo para se arbitrar. O nível de exigência é altíssimo, e a arbitragem precisa ser profissionalizada, como as equipes. O árbitro hoje faz seus próprios investimentos em treinamentos, nutrição e saúde, mas ainda não tem o reconhecimento que deveria”, aponta.

Quanto ao futuro da arbitragem no Brasil, ele acredita que o caminho para a melhoria envolve o reconhecimento da profissão. “Os árbitros precisam ter segurança financeira e um suporte adequado, como acontece com os jogadores. O investimento em treinamentos, fisioterapia e nutrição é essencial para estarmos preparados, mas também é preciso um contrato que garanta condições dignas para o árbitro”, conclui Fábio.

Com uma carreira ainda em ascensão, Fábio Chitão segue comprometido com seu trabalho, enfrentando os desafios da profissão e buscando, a cada jogo, fazer a diferença no campo. A mensagem que deixa para os jovens que querem seguir seus passos é clara: “Quem ama futebol vai se apaixonar pela arbitragem. A satisfação pessoal e esportiva de estar envolvido é indescritível, e a carreira traz um retorno significativo, mesmo que não milionário.”

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