Esporte Ágil | Vitor Yoshihara/Da redação | 29/06/2012 02h52

O fator psicológico

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Toda vez que vejo um atleta brasileiro emocionado numa competição, sempre me pergunto sobre essas lágrimas que caem: elas são fruto da falta de preparação psicológica do esporte nacional? Em países em que o desporto é melhor trabalhado (e mais valorizado), raramente vemos cenas como essa acontecerem. Potências olímpicas como Estados Unidos, China e Cuba sabem a importância de ter um atleta bem preparado psicológicamente, pronto para vencer, tanto é que o fazem desde a base.

Acho que nosso "grande exemplo" hoje é o tenista paulista Thomaz Bellucci. Canhoto, dono de um jogo agressivo, mas basta errar algumas bolas para entrar em pane, perdendo a paciência e consequentemente o jogo. Sei do incrível potencial que ele tem, mas às vezes acho que ele não precisa de um técnico, e sim de um psicólogo.

Puxando para Mato Grosso do Sul, não vejo nossas federações trabalharem esse aspecto. Quando algum atleta o faz, na maioria das vezes paga do próprio bolso. Além disso, por conta dessa fraca procura no mercado o número de profissionais é baixo. Eu mesmo não conheço sequer um psicólogo@ especializad@ na área.

Mesmo técnicamente bem treinados, nossos esportistas ainda pecam nesse fator, que muitas vezes diferencia o "atleta comum" do "fora do normal" - que cresce na hora da decisão e que num momento de tensão leva vantagem sobre seu adversário.

Outra coisa que pesa na concentração dos esportistas é a luta diária para conseguir patrocínios. Treinar sem saber se sequer vai ter dinheiro para comprar as passagens para competir não deve ser fácil. É igual trabalhar sabendo que seu salário não vai ser suficiente para pagar as contas no fim do mês. E isso, com certeza, afeta o psicológico do atleta. Depois de tanta luta para vencer no esporte, apesar de muitas adversidades, o choro acaba sendo merecido. É um desabafo da falta de estrutura que nosso País tem no esporte.

Por isso a importância do Bolsa Atleta. Infelizmente, aqui no MS esse conceito é pouco trabalhado. Algumas cidades o fazem, mas com pouco orçamento. Uma lei estadual chegou a ser aprovada para criar um fundo de apoio, mas nunca foi regulamentada. Uma estrutura de "esporte de competição" não é apenas um ginásio e equipamentos de treino. É principalmente valorizar, fazer um acompanhamento psicológico e físico com profissionais da área, dando condições para que o atleta posse se desenvolver tanto como esportista como cidadão.

O esporte não é só lazer, saúde e educação. É inclusão. É dar uma possibilidade de futuro melhor para uma pessoa, seja pelo o que ela aprendeu de valores éticos e morais praticando qualquer desporto ou por seu talento como atleta. Nesse "jogo" não existe derrota. Estados Unidos, China, Cuba e outros países já viram isso. Quando vai ser a nossa vez?

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