Diversos | (Com informações da APn) | 06/08/2004 21h19

Segundo Tempo atenderá 11,2 mil alunos de CG

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Segundo Tempo atenderá 11,2 mil alunos de CG

A possibilidade da transversalidade no processo de aprendizagem e formação da cidadania, com base em um modelo de escola integral, tem levado ao programa Segundo Tempo até mesmo alunos que não imaginavam praticar esporte. A estudante da 6ª série da Escola Estadual Rui Barbosa, Nathali da Costa Silva, diz que só começou a praticar handebol por causa do incentivo das amigas. "Está sendo ótimo. Aqui nós nos divertimos e aprendemos ao mesmo tempo. As aulas desenvolvem bem nosso ponto fraco, onde a gente mais necessita", afirma a adolescente. O diretor da escola, José Félix Filho, acredita que ainda é cedo para dar um diagnóstico da melhora do desempenho dos alunos, mas tem certeza de que o esporte vem para somar ao trabalho pedagógico dentro da sala de aula. "Não tenho dúvidas de que no final do bimestre as boas notas vão responder a esses questionamentos. O esporte é igual alma, precisa existir. Com o apoio dele, fica muito mais fácil ensinar", afirma o gestor. Na Rui Barbosa, além do Segundo Tempo, há outros projetos na área do esporte, como o que é desenvolvido em parceria com a Universidade Católica Dom Bosco, que paga uma bolsa para os acadêmicos atuarem na escola. Unir a educação ao esporte não é um estímulo apenas para os alunos. O estagiário Raphael Brittes, acadêmico do terceiro ano de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, explica que o amor ao ensino foi o maior motivo que o levou a se inscrever para dar aulas no Segundo Tempo. "Como eu sou de família simples, o dinheiro ajuda muito, mas proporcionar o conhecimento para essas crianças e adolescentes é mágico, é uma coisa que não tem preço", declara Raphael. Além de se aperfeiçoar profissionalmente, o acadêmico vê no Segundo Tempo possibilidade de desenvolver trabalho de inclusão social, diminuindo a marginalização de jovens. "Eu sempre vejo adolescentes fumando, usando drogas e penso que a escola deve dar as condições para atrair esses jovens e tirá-los da marginalidade", afirma. Ele sabe que o caminho que escolheu não é fácil, mas os obstáculos não o desanima. "Às vezes, a criança vem sem tênis, com fome, mas nós precisamos driblar as dificuldades e proporcionar aqui o melhor que nós podemos dar aos alunos", diz o estagiário. Nathalia Deluci Sappatera, aluna da 6ª série da Escola Estadual Rui Barbosa, aproximou-se de uma colega com a qual não simpatizava durante as aulas de handebol. A adolescente, que participa de duas modalidades do Segundo Tempo, é um exemplo de que o programa tem contribuído para melhorar o convívio coletivo e a integração entre os alunos. Ela já praticava o esporte há três anos e acredita que o Segundo Tempo veio para acrescentar. "O programa motiva a gente a praticar o esporte", afirma a estudante que pretende chegar à Seleção Brasileira. A professora-coordenadora do Segundo Tempo na escola, Elisabete Maria Cappelari Fripp, confirma que tanto as meninas quanto os meninos que integram a equipe das modalidades são muito unidos. "O esporte desperta o sentimento de cooperação nos alunos. Eles estão sempre juntos, se ajudam quando alguém tem uma dificuldade, tornaram-se amigos", relata a professora. Elizabete explica que, além da integração, o esporte atrai pessoas dos mais diferentes estilos. Segundo ela, alguns alunos entraram no programa por incentivo dos colegas que já treinavam em alguma modalidade. "Eles trocam experiências, o que permite o melhor no esporte. E a sociabilidade que surge na quadra de esportes é levada, também, para a sala de aula". Os alunos acreditam que o esporte contribui para aumentar o interesse pelos estudos e pelo conjunto da escola. Alguns estudantes até pensam em se profissionalizar na área. A aluna da 8ª série da Rui Barbosa, Daniela Vigato Pierre, não tem dúvidas quanto à carreira que pretende seguir. "É cedo ainda, mas quero prestar vestibular para Educação Física, porque eu adoro correr e jogar", diz a goleira do time feminino de futsal. Proporcionar que crianças e adolescentes tenham acesso ao esporte e que isso os estimule a permanecer na escola e evitar a violência, a repetência e a evasão escolar. Esses são os principais objetivos do programa Segundo Tempo, que começou em julho nas 56 escolas estaduais da periferia de Campo Grande. Idealizado pelo Ministério do Esporte e realizado em parceria com o Ministério da Educação e a Secretaria de Estado de Educação, o programa vai beneficiar cerca de 11,2 mil alunos da Capital. O Segundo Tempo dá condições para que 200 alunos, de 7 a 14 anos, por escola - ou núcleo - participem de atividades esportivas no período oposto ao das aulas. É permitido que crianças da comunidade, ou de outras escolas, também participem. O governo federal forneceu os materiais esportivos e a merenda para o período de atividades. Os estudantes estarão sob orientação de um professor de Educação Física e dois estagiários, que terão oportunidade de obter habilitação profissional, através de uma parceria do Ministério do Esporte e o Cead/UnB (Centro de Educação a Distância da Universidade de Brasília). O curso de capacitação continuada em esporte escolar capacitará os professores em grau de especialização e os estagiários em grau de extensão. Para a execução das atividades, que têm duração de 12 meses, o Ministério do Esporte repassou R$ 462,3 mil, destinados ao pagamento da bolsa dos estagiários e ao reforço alimentar dos alunos. O ministério encaminhou, também, 1.680 bolas de futebol de campo, voleibol, futsal, handebol, basquetebol, além de redes de voleibol, futsal e handebol e cartilhas sobre os módulos da capacitação. A contrapartida do Governo Popular foi de R$ 218,9 mil, reservada para o pagamento do professor-coordenador. "O Segundo Tempo é fundamental para a construção da escola integral. Estamos possibilitando que esses alunos aprendam e desenvolvam habilidades esportivas, além de ter hábitos de saúde e melhorar o convívio coletivo. Com dessa iniciativa, iremos promover a melhora no desempenho escolar", declara o secretário de Estado de Educação, Hélio de Lima. Em 2003, 522 mil crianças e adolescentes foram atendidos em 25 estados. Exemplo - Mais de 50 alunas da Escola Estadual Rui Barbosa estão tendo a oportunidade de aprender uma modalidade pouco comum nas escolas públicas, a ginástica rítmica desportiva. A atividade começou a ser praticada depois que o programa Segundo Tempo teve início nas 56 escolas estaduais da periferia de Campo Grande. O prédio da escola pertence à Missão Salesiana da Igreja Católica e, por isso, possui uma estrutura privilegiada para a prática da modalidade. A ampla sala, com espelhos e colchonetes, acolhe meninas dos 8 aos 14 anos que vêem na ginástica uma oportunidade de melhorar o desempenho físico. Com a ajuda da professora, a pequena Natália, de 8 anos, se debruça em uma carteira com colchonetes e em segundos fica com o corpo ereto, de cabeça para baixo. A vela é um movimento básico na ginástica rítmica desportiva, mas exige preparo. A mascote da turma é um dos destaques da escola na modalidade. Algumas das meninas que fazem esporte de quadra dizem que a ginástica é para aquelas que são mais delicadas. Taiana Cristina de Melo, estudante da 5ª série, acredita que as modalidades se complementam, ao invés de se anularem. "Eu faço ginástica rítmica desde os cinco anos. E nem por isso deixo de praticar outros esportes de quadra", afirma a adolescente que também está na equipe de handebol. A estagiária do Segundo Tempo, Deborah Coelho Lima, acadêmica do terceiro ano de Educação Física da Universidade Católica Dom Bosco, apesar de nunca ter praticado este esporte, sempre teve vontade de trabalhar com a modalidade, que é a mais concorrida na escola. Além da ginástica rítmica desportiva, na Rui Barbosa também é oferecido handebol, futsal e atletismo.

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