Bate-Bola | Rosália Silva | 20/01/2005 18h21

Para Sarita ainda faltam espaços para competição em MS

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Bate-Bola com Sarita Bacciotti, 26 anos,

Dos seis aos 24 anos a presidente da Federação de Ginástica de Mato Grosso do Sul, Sarita de Mendonça Bacciotti, foi uma atleta da ginástica olímpica. Formada em Educação Física e com novos planos profissionais ela largou o treinamento, mas não deixou a modalidade. E recentemente foi eleita para presidir a Federação, além de ser professora no curso de Educação Física na UFMS, UCDB e IESF - é claro que trabalhando o ensino da ginástica para os acadêmicos.

Fazendo planos para reacender a disputa no Estado da modalidade de trampolim e de começar a ter competições na ginástica rítmica, ela explica que o primeiro desafio é transformar a ginástica em conteúdo das aulas de Educação Física das escolas de Mato Grosso do Sul. Nos quatro anos de mandato, a nova direção também planeja que o Estado conte com outro pólo de ginástica, já que hoje apenas o Centro de Treinamento da Prefeitura de Campo Grande, que fica na Avenida Calógeras 447, abriga as disputas da modalidade.

Sarita também explica que nos próximos dias a Federação de Ginástica realizará a Assembléia Geral e definirá o calendário deste ano. Mas ela adianta que além dos Estaduais de Ginástica Olímpica e de Trampolim, haverá o Festival da Ginástica Rítmica. Os profissionais também passarão pelo curso de arbitragem, já que após as Olimpíadas sempre há a reformulação das regras e inclusão de novos elementos, o "duplo twister carpado" realizado pela Daiane dos Santos, por exemplo, já consta no código de pontuação.

"A ginástica é uma realidade, que representa muito bem o País. Acredito que estamos vivendo o momento da ginástica", afirma Sarita.

 

Esporte Ágil - Você começou a praticar esporte já com a ginástica, ou foi com outra modalidade?
Sarita Bacciotti - Foi, com seis anos eu comecei, fiz 17 anos de ginástica olímpica. E a decisão de deixar os treinamentos foi para assumir algumas funções na própria Federação e como profissional de Educação Física. Chega um momento que é preciso escolher, ou ser atleta, ou professor. Mas a minha formação sempre foi a ginástica olímpica.

Esporte Ágil - Você participou de competições?
Sarita Bacciotti - Fui várias vezes treinar fora, na Unesp em São Paulo, de Rio Claro, e depois em Presidente Prudente. Aqui, antes de competir fora, fui campeã do Estado várias vezes e não tinha mais o que ganhar aqui e fui competir fora, os campeonatos brasileiros. Por MS, disputei dois JEBs (Jogos Escolares Brasileiros).

Esporte Ágil - Você ganhou títulos fora do Estado também?
Sarita Bacciotti - Nunca cheguei ao topo na ginástica brasileira, mas cheguei ao décimo lugar no Brasileiro. E, para a realidade de MS, foi um resultado bom. No interior de São Paulo tinha as competições dos Jogos Abertos e Jogos Regionais, que são outra realidade.

Esporte Ágil - Da época em que começou a praticar a modalidade até agora, com você atuando como dirigente, houve muitas mudanças neste esporte?
Sarita Bacciotti - Eu acredito que sim, a própria Lei Piva e termos um Centro de Treinamento Nacional, tudo isso ajudou a dar um salto de qualidade para a ginástica. O surgimento da Daiane dos Santos e Daniele Hipólito. Em termos de Brasil foi um grande incentivo. Aumenta até a nossa responsabilidade como dirigente. Você estar a frente de uma modalidade que está em foco, não só na mídia, mas no meio esportivo todo. Isso melhorou muito para o esporte, para o investimento que estamos recebendo na ginástica.

Esporte Ágil - Muitas crianças daqui começam a praticar ginástica inspiradas na Daiane dos Santos?
Sarita Bacciotti - Sim, acompanhamos as escolinhas, os meus acadêmicos ensinam as crianças e por mais que a gente não queira, elas têm este exemplo. O ídolo é importante no processo de formação. Elas querem chegar lá, para a criança isso é bom.

Esporte Ágil - E quais são os destaques do nosso Estado?
Sarita Bacciotti - Nós estamos em uma fase de transição. Tivemos equipes boas até 1993 e depois veio uma nova safra. Hoje, temos a Gabriela Colombelli, na verdade agora que ela está parando, mas foi uma menina que a gente via desde os cinco anos que era um talento e ia despontar. Ela vem há uns cinco anos se destacando, mas é o que acaba acontecendo com as nossas ginastas: chegam em uma fase que elas desistem, a um patamar que não tem mais como crescer no Estado. Ou se vai disputar em nível nacional, ou pára. E aqui temos essa cultura de parar muito cedo. É algo que brigo bastante porque eu fui fazer faculdade fora para continuar treinando e continuar competindo. Eu competi até os 24 anos e acho importante que as pessoas não desistam. Vemos que a Gabriela parou por outros problemas, a ginástica tem algumas vezes questões de lesões e também de persistência. Mas ultimamente ela é o nosso nome.

Esporte Ágil - O treinamento para competição, na ginástica, é muito pesado?
Sarita Bacciotti - A ginástica segue um ritmo de treino puxado, da mesma forma que todas as modalidades. A Daiane é uma atleta ótima de solo, mas a ginástica ainda valoriza a atleta completa. Tem que ser boa de solo, no salto, na trave e na paralela. Não basta ser boa em um único aparelho. Isso é o que exige mais, porque tem que estar bem de preparação física e psicologicamente pronta para enfrentar todos esses aparelhos. Então, a exigência é grande, pela própria característica da modalidade.

Esporte Ágil - Tem algum trabalho direcionado para o Pan-2007 no Rio de Janeiro?
Sarita Bacciotti - A CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) tem toda uma preparação. Na verdade, esses resultados que foram colhidos agora pela Seleção Brasileira eram resultados para 2008. O planejamento era para a Olimpíada de Pequim.

Esporte Ágil - Quantos clubes são filiados à Federação?
Sarita Bacciotti - Hoje trabalhamos com quatro clubes filiados. Até é uma batalha, estamos assumindo agora a Federação e estamos reestruturando várias coisas que precisam ser modificadas. A restauração do nosso Campeonato Estadual, que conseguimos fazer dois anos seguidos. Há muito tempo tínhamos o sonho de realizar e daqui para frente é expandir cada vez mais.

Esporte Ágil - Nesses quatro clubes são quantos atletas?
Sarita Bacciotti - Temos muitas escolinhas, tem escolinhas de cem crianças, de 50 ou 40. Mas acredito que em Campo Grande tenha de 500 a 600 crianças praticando a ginástica. E no treinamento ainda temos poucas em nível de competição. Mesmo porque temos poucos lugares apropriados para o treinamento. É uma questão que temos para resolver, outros locais e profissionais...

Esporte Ágil - Hoje, é só aquele da Fundação de Esporte de Campo Grande?
Sarita Bacciotti - Sim, está centralizado lá. Já tem na Universidade da Funlec, como projeto de extensão. A UCDB tem um projeto, as universidades vêm se interessando também. Além das escolas como o Dom Bosco. Mas o que abarca a parte da competição é o Centro de Treinamento.

Esporte Ágil - E no interior, como está a modalidade?
Sarita Bacciotti - No interior conheço o trabalho de Naviraí, com o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). Eles participaram do nosso primeiro campeonato, em 2003. O trabalho está sendo desenvolvido por uma ginasta de Campo Grande. Ela fez faculdade em Fátima do Sul, e é um trabalho muito bonito, não só com a ginástica olímpica, mas também com a ginástica rítmica. E em Dourados tem um trabalho na Unigran, do professor Rogério, também aqui de Campo Grande e que está na universidade de lá.

Esporte Ágil - E os projetos da Federação para estes seus quatro anos de mandato?
Sarita Bacciotti - Temos um projeto grande, que é primeiro a implantação da ginástica escolar. Sou professora universitária e batalho para que mais profissionais se interessem pelo ensino da ginástica. As pessoas ainda enxergam como um bicho de sete cabeças, de que só quem fez ginástica pode ensinar ginástica. Eu venho trabalhando para quebrar estes mitos. Um bom profissional pode dar aula de ginástica nas escolas. Utilizar o conteúdo da ginástica, que é importante para o desenvolvimento da criança. É o que pensamos como base. No segundo momento vemos a necessidade de ter outros locais para a ginástica, não ficar só no Centro de Treinamento, nos projetos que as universidades têm hoje, é preciso ter outros locais. Sentimos falta de um local do Estado, não podemos reclamar da questão do apoio para eventos e alguns projetos. Mas ainda falta um local que o governo do Estado abraçasse como pólo de treinamento. É um sonho ainda nosso. É um projeto que existe, mas até os projetos serem realizados é um grande caminho. A continuidade das competições, conseguir retomar os Estaduais e começar a prática da ginástica rítmica. No Colégio Auxiliadora, temos os festivais de ginástica rítmica e a rede municipal também tem um trabalho bem legal da ginástica rítmica. As pessoas às vezes até falam errado, dizendo que é Federação de Ginástica Olímpica e não é. A Federação de Ginástica abarca todas as modalidades de ginástica, de trampolim, que agora também é olímpica e foi realizada pela primeira vez agora em Atenas. Também já teve um trabalho muito forte no Estado, com atletas daqui indo o mundial. Estamos retomando as competições do trampolim, no ano passado fizemos o Estadual, ainda pequeno no número de participantes, numa modalidade que já representou tão bem o Estado no País. São modalidades que queremos manter. E a ginástica rítmica vamos implantar.

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