Bate-Bola | Rosália Silva | 15/07/2004 23h02

O presidente da FVMS quer ver MS na Superliga

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O presidente da FVMS quer ver MS na Superliga

José Eduardo Amâncio da Mota, 51 anos, é conhecido por Madrugada, apelido que herdou do seu pai, um esportista que hoje está eternizado em Três Lagoas como nome de um estádio, o Madrugadão. À frente da FVMS (Federação de Vôlei de Mato Grosso do Sul) e da Coordenadoria de Desenvolvimento do Esporte e Lazer na Fundesporte (Fundação de Esporte e Lazer do Estado), Madrugada sonha em ver MS disputando a Superliga brasileira de vôlei. Mas sabe que para isso é necessário que as empresas do Estado acordem para esse novo momento e apostem na profissionalização do esporte sul-mato-grossense. Corinthiano da mesma forma que seu filho e o Madrugada-pai, e aqui no Estado ele diz sempre torcer pelos times de Campo Grande, como o Cene, Operário e o Comercial, mas não esconde que em função do Noroeste de Três Lagoas tem predileção pelos times que vestem a cor vermelha, leia-se Comercial. Mesmo tendo passado dos cinqüenta ele não parou as atividades físicas, continua praticando todas as quartas-feiras o vôlei de quadra e às sextas e sábados, na reunião de amigos, o vôlei de areia na Cava (Clube dos Amigos do Vôlei de Areia) que reúne esportistas dos 17 aos 70 desde a fundação da associação no ano de 1976. E também não deixa de jogar uma "peladinha" quando pode. "Nós que participamos do desenvolvimento do esporte no Estado temos grande esperança de ver grandes acontecimentos lotando o Estádio Morenão, ginásios lotados, atletas conquistando espaço em nível nacional. A proximidade com os estados do Sul, Brasília e São Paulo nos dá a oportunidade de fazer intercâmbios e transformar MS numa potência nacional. É um sonho da gente ver isso num futuro próximo, de mostrar atletas de ponta."

Esporte Ágil - Você é de Campo Grande mesmo?
Madrugada - Não eu nasci em uma cidade do interior do Estado, Três Lagoas, e vim para cá em 1973 para fazer Educação Física na Universidade Federal, que antigamente era Universidade Estadual de Mato Grosso. Em 76 eu me formei, aqui casei em 1978 e continuo até hoje. Sou professor concursado do município e do Estado. Eu comecei a dar aula na rede municipal desde 1974 e daí para frente estou a frente de alguns cargos que a assumi nesse trajeto todo, sempre na área esportiva. Só teve um período de seis a oito meses que saí fora da área esportiva, foi quando trabalhei na Assembléia Legislativa no gabinete de um deputado, que teve uma trajetória curta por ter morrido em um acidente de carro em 1988, o deputado Júlio Maia, um rapaz novo.

Esporte Ágil - Mas você já foi atleta, ou trabalhou mesmo somente como professor?
Madrugada - Tive a oportunidade de praticar vários tipos de modalidades, quando morava em Três Lagoas jogava na seleção local no futebol de salão, nós fomos vice-campeões mato-grossense na época, antes de ir embora para Campo Grande. Joguei handebol, basquetebol, voleibol e participei do atletismo, na prova de arremesso de dardo e fui campeão mato-grossense de arremesso de dardo. Essa foi minha trajetória esportiva. Vim embora em 73, na verdade fiz vestibular em Andradina (SP) e aqui, e passei nas duas universidades. Resolvi vir para Campo Grande, porque já tinha alguns amigos da minha época de esporte que estavam em Campo Grande e resolvi vir também. O tempo da minha trajetória esportista termina uns dois ou três anos depois de formado, então começei a trabalhar como professor. O objetivo era ensinar, a fazer as crianças praticarem atividades esportivas. A minha trajetória foi mais ou menos assim. E como professor de Educação Física, na época que comecei a trabalhar, em 74, dei aula no colégio Sebastião Lima, que fica no Bordon, e na escola particular, a Perpétuo Socorro. Antigamente tinham os Jogos Escolares da Rede Municipal de Ensino, o qual, nós professores da rede municipal, participávamos com nossas equipes. E conseguimos ser tricampeões desta competição no ano de 1977 a 1979. Fomos bicampeões nos Jogos Infantis da Rede Municipal de Ensino.

Esporte Ágil - Por qual escola?
Madrugada - A minha escola era a Bernardo Franco Baís. Inclusive tinha uma diretora que dava um apoio muito grande, que gostava de esporte, a professora Edeumira. Uma pessoa que além de contribuir, também participava, ajudava até no transporte dos alunos para as competições, na época era difícil a questão de passe de ônibus. Mas ela foi uma das grandes incentivadoras e com isso conseguimos para o Bernardo Franco Baís várias conquistas, tanto nos Jogos Escolares quanto nos Jogos Infantis da Rede Municipal. No ano de 1979 eu ingressei na parte burocrática, que seria trabalhar na parte administrativa de um órgão que gerenciava o esporte no Estado. Eu fui convidado para trabalhar na Fundação de Esporte, que era vinculada à Secretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos do governo do Estado. Quando assumi a função de dirigente esportivo, trabalhei como técnico da Fundação de Desporto em 1979, passei a ter alguma função de responsabilidade. Fui diretor geral dos Jogos Escolares do Estado em 1979 em Naviraí e Três Lagoas. Fui diretor geral do Cems (Campeonato Escolar de MS) em Corumbá e Três Lagoas em 1980, quando também fui diretor dos Jogos Escolares em Aparecida do Taboado. Fui diretor executivo do Jems em Dourados em 1981. Diretor geral do III Cems em Campo Grande, 1982. Diretor técnico do oitavo Cems em Ponta Porã em 1987. Diretor geral do décimo segundo Cems em Dourados em 1991 e do décimo terceiro Cems em Três Lagoas, em 1993. Diretor geral do terceiro Jams (Jogos Abertos de MS) em Três Lagoas também em 93. Diretor geral do décimo quinto Cems em Corumbá em 1994 e diretor geral do quarto Jams em Dourados no mesmo ano. Diretor técnico dos Jabs Jogos Abertos Brasileiros realizado em Dourados em 1998. Diretor geral do Jems (Jogos Escolares de MS) em Três Lagoas, do MS Olímpico em Dourados e do Jams em Ponta Porã, em 2002. No ano de 2003, fui diretor do Jems de Corumbá e do Jams em Três Lagoas. E agora neste ano de 2004, fui diretor geral do MS Olímpico em Três Lagoas. E tem a minha trajetória como chefe da delegação de MS nas competições realizadas em outros estados. Fui chefe de delegação de MS nos Jebs (Jogos Escolares Brasileiros) em Brasília (DF) em 1979. No ano seguinte, fui chefe de delegação nos Cebs (Campeonato Escolar Brasileiro) em Curitiba (PR). Fui chefe de delegação no décimo primeiro Jebs em Brasília (DF) em 1981. Chefe de delegação na primeira Olimpíada Global do Trabalhador em Belo Horizonte (MG) em 1982. Chefe da delegação do terceiro Cebs, em Brasília em 1982. Chefe da delegação do décimo quarto Jebs em São Paulo (SP) em 1985. Chefe da delegação de Campo Grande no décimo primeiro Cems em Corumbá. Chefe da delegação no vigésimo Jebs em Presidente Prudente (SP) em 1991. Chefe da delegação de MS no segundo Jabs (Jogos Abertos Brasileiros) em Chapecó (SC). Chefe da delegação no vigésimo segundo Jebs em Recife (PE) em 1994. Chefe da delegação de MS no terceiro Jabs, em Venâncio Aires (RS). Em 2001 fui chefe da delegação nos jogos da Juventude em Recife (PE) e nos Jabs em Brusque (SC). Em 2002, fui chefe de delegação em Goiânia (GO) e do Jabs em Toledo (PR). Em 2003, fui chefe da delegação dos Jogos da Juventude em Brasília e dos Jabs em Poços de Caldas (MG). E, em 2004, fui chefe da delegação nos Jabs em Bento Gonçalves (RS). Essa foi nossa trajetória, em paralelo ao cargo público, tinha uma contribuição numa instituição que não tem a necessidade de se cumprir horário. Um exemplo é você participar de uma diretoria de federação ou de uma diretoria da nossa área. Entre alguns dos cargos que ocupei na função de responsável, foi de 1981 a 1982 quando coordenei a Diretoria de Fomento ao Desporto na Secretaria de Desenvolvimento Social de MS. Depois fui diretor geral do Departamento Estadual de Desporto na Secretaria de Desenvolvimento Social, também, no período de 1982 a 1983. Fui tesoureiro da Apefms (Associação dos Professores de Educação Física) de 1983 a 1984. Fui coordenador de esportes do Grêmio Enersul em Campo Grande de 1984 a 1985. Depois fui chefe do Núcleo de Desenvolvimento do Desporto Amador da Secretaria de Desenvolvimento Social de Campo Grande de 1985 a 1987. Segundo tesoureiro da FAMS (Federação de Atletismo de MS) de 1985 a 1986. Diretor esportivo Apefms em 1985 e 1986. Chefe de gabinete da Assembléia Legislativa, este não foi na área esportiva, de primeiro de abril de 1987 a 18 de março de 1988. Diretor de planejamento da FVMS (Federação de Voleibol de MS) em 1987 a 1988. Diretor do Departamento de Esporte da Semce, antiga Secretaria de Cultura e Esporte de Campo Grande de 89 a 91. Vice-presidente administrativo da FVMS. E de 1989 a 1989, vice-presidente técnico da FFMS (Federação de Futebol de MS). Fui assessor na Secretaria de Educação em Campo Grande em 1991. Diretor executivo da Fundesporte em 1991 a 1992 e fui presidente da Fundesporte de 23 de outubro de 1992 a 23 de dezembro de 1994. Depois fui assessor da Casa Civil do Estado de MS em 1994. Gerente de esporte no Rádio Clube de Campo Grande de 1996 a 1998. Coordenador do Esporte e Lazer da Fundesporte desde 2001 e sou presidente da FVMS desde 1997.

Esporte Ágil - E na Federação de Vôlei?
Madrugada - Nesta função de presidente da Federação alcançamos muitas conquistas para o voleibol do nosso Estado. Anualmente a gente participa de campeonatos brasileiros em que tivemos a oportunidade de, em praticamente oito anos, conquistar 12 competições nacionais. Poderia até citar: em 1998 fomos campeões brasileiros infanto-juvenil feminino da primeira divisão no Espírito Santo e neste mesmo ano fomos campeões no juvenil masculino da primeira divisão na Paraíba. Em 1999, fomos campeões infanto-juvenil masculino da segunda divisão em Marabá. Em 2000, terceiro lugar no juvenil feminino da primeira divisão no Paraná. Em 2001, campeão juvenil feminino da primeira divisão no Rio Grande do Norte, nesse mesmo ano, campeão juvenil masculino da primeira divisão no Pará, terceiro lugar no infanto-juvenil na segunda divisão no Mato Grosso. Em 2002, fomos campeões infanto-juvenil feminino na segunda divisão no Rio Grande do Norte e neste mesmo ano fomos vice-campeões no infanto-juvenil masculino na segunda divisão no Amazonas. Em 2003 fomos vice-campeões no juvenil feminino da segunda divisão no Maranhão. Fomos campeões do juvenil masculino da primeira divisão em Alagoas. E neste ano de 2004, já fomos vice-campeões do infanto-juvenil da primeira divisão em Belo Horizonte (MG). O que são esses campeonatos que a gente participa: no voleibol, desde 1997 para cá, passou a ter três divisões, como é feito no futebol profissional. Tem a segunda divisão, a primeira e a divisão especial, que é considerada a elite do voleibol no País. São oito estados que participam da divisão especial, oito estados na primeira divisão e o restante dos estados vão para a segunda divisão. Então o campeão e o vice da segunda divisão tem acesso para subir para a primeira divisão e assim sucessivamente. De alguns anos para cá, conseguimos nos afirmar na primeira divisão e conseguimos alguns espaços na divisão especial. O juvenil masculino neste ano vai disputar a divisão estadual, quer dizer, estamos entre as oito melhores seleções do juvenil masculino do Brasil. Conseguimos esse ano, em Natal, um vice-campeonato na primeira divisão. No ano que vem o infanto-juvenil feminino também vai para a divisão de elite. Em cada divisão dessa, com exceção da segunda divisão, cai o sétimo e o oitavo para a divisão inferior. Então temos conseguido fazer que o nosso voleibol esteja na primeira divisão ou na especial. O voleibol já conseguiu o seu espaço, nós estamos entre as dez melhores do Brasil, tranqüilamente. E nas duas categorias, infanto-juvenil e no juvenil também. Tem mais uma competição que são os Jogos da Juventude, para atletas federados. Nos Jogos da Juventude só participam 16 estados, os demais estão fora. No grupo A está a elite, com oito equipes, e a B é o segundo grupo com oito estados. Temos conseguido manter o feminino no grupo B e o masculino no grupo A há três anos, e estamos tentando fazer o feminino subir, porque se cair poderá ficar dois, três anos fora da competição. Com isso, temos conseguido grandes espaços para a Federação. Já trouxemos campeonatos brasileiros para cá em 2000. Conseguimos fazer que o vôlei de praia também tenha espaço no Brasil, até internacional. Para ter uma idéia, temos o único atleta que tem registro na Federação e representa o Estado nas competições, que é o Benjamin. Ele é o único atleta que vai participar por MS nas Olimpíadas. E é uma grande promessa de estar entre os três melhores do mundo nessas Olimpíadas. Temos agora a Mayara Bacha, que é uma levantadora da Escolinha do Pezão que está jogando pela Seleção Brasileira, esteve em Campinas e agora está na etapa São Carlos. Ela está agora em período de observação, tendo em vista que a Seleção tem três levantadoras, dessas duas deverão se afirmar no time que vai disputar o Campeonato Sul-Americano em Lima e vai disputar no ano que vem o Campeonato Mundial da categoria. Temos conseguido destaque dentro do voleibol nacional. E fora isso, temos atletas que estão no Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia, onde nós conseguimos ter aqui as melhores duplas do País várias vezes. Isso também é fruto de um trabalho que fazemos aqui no Estado. A FVMS também realiza durante o ano mais de quarenta eventos envolvendo vôlei de areia, campeonatos metropolitanos e estaduais. Fazemos dez campeonatos metropolitanos, dez campeonatos estaduais, duas copas, uma é a Copa Lázaro e a outra a Copa Pantanal, realizamos uma média de 8 a 10 etapas de vôlei de praia no último ano, os cursos de arbitragem e os cursos técnicos de voleibol. Além disso, temos representantes no Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia, que participam do Circuito Mundial, que é o caso do Benjamin no mundial e do Toninho e Alex que constantemente disputam o Circuito de Banco do Brasil.

Esporte Ágil - E para o segundo semestre, quais eventos estão programados pela FVMS?
Madrugada - São as finais que vão acontecer dos campeonatos metropolitanos nas cinco categorias que estamos realizando. Temos três campeonatos estaduais, nas categorias infantil, adulto e máster. Vamos ter participação nos Jogos da Juventude que vão ser realizados possivelmente no mês de outubro em Brasília. Temos um Campeonato Brasileiro infanto-juvenil masculino a ser realizado em agosto em Vitória (ES). Temos outro Brasileiro em setembro em Maceió (AL), que é o juvenil feminino. Depois temos o Brasileiro juvenil masculino da divisão especial de 10 a 15 de novembro em Saquarema (RJ). Estas são as competições mais fortes que temos. Temos ainda sete etapas do vôlei de praia nacional e mais cinco etapas do mundial de vôlei de praia, fora as Olimpíadas que o Benjamin tem que participar. Possivelmente, entre vôlei de praia e de quadra, estaremos realizando uma média de novecentas partidas. São poucas federações no País que realizam as competições que realizamos aqui. E com isso eu acredito que o nosso voleibol esteja crescendo, o voleibol de MS está conseguindo seu espaço nacional.

Esporte Ágil - E quais os planos futuros da Federação?
Madrugada - Hoje nós estamos com um objetivo maior, especialmente para nós que gostamos de voleibol, que é a possibilidade de ter uma equipe na Liga Nacional. A Superliga é a competição mais forte no voleibol do Brasil. Mas hoje para ter uma equipe na Superliga é um custo muito alto. Para ter uma idéia, uma equipe do nível intermediário gasta de R$ 700 mil a um milhão. É um custo muito alto, e é preciso que as empresas possam entender que essa é uma divulgação importante. A empresa poderá ganhar através de uma divulgação nacional, e o governo do Estado já se propôs a contribuir. Mas a contribuição do governo é limitada, tendo em vista que também tem outras modalidades que deve ajudar. O nosso objetivo é fazer que essa participação seja contínua, e para isso, tem que ter uma coisa mais sólida. Para que não seja como foi com nosso basquetebol, que participou da Liga Nacional, mas não tivemos alicerce suficiente para continuar a participar.

Esporte Ágil - Mais isso depende muito do patrocínio das empresas?
Madrugada - Por isso estou dizendo que há a necessidade de alicerçar isso, não fazer projeto experimental, depois não dá certo e acabou. Tem que ser uma coisa mais alicerçada, mais planejada para fazer que isso evolua. Que possa dar resultado para a empresa. Não imediato, mas um pouco mais para frente, com um tempo maior.

Esporte Ágil - O projeto é que MS esteja na Superliga do vôlei daqui a quanto tempo?
Madrugada - Temos que fazer um trabalho para participar primeiro da Liga Nacional, este é o primeiro caminho. Então a gente começa a trazer atletas que possam agrupar algo à equipe para que possamos participar da Superliga no ano subseqüente. Não com uma equipe cara, de custo alto, porque estamos em um período que o voleibol esta em ascensão. Nós temos uma Olimpíada, se o Brasil conseguir uma medalha olímpica o custo vai ficar mais alto para os atletas a nível nacional. Mas é algo que precisamos pensar, as empresas precisam se mobilizar nisso. Talvez uma empresa não, mas talvez duas, três. Tivemos uma conversa preliminar como professor Pedro Chaves da Uniderp e ele se prontificou a fazer um trabalho nesse sentido. Mas está em fase de contato, em estruturação em questão de valores. Tem que ter um patrocínio onde possa ter segurança que esse patrocínio vai até o final com ele. Isso é algo que tem que ser bem planejado, para não começar e depois parar. Nós já tivemos aí uma equipe de ponta, na década de oitenta, que foi a participação da Copagaz, quando conseguimos um bom resultado ficando entre as quatro melhores do Brasil. Essas são coisas que é o sonho maior de todos que gostam do esporte. Veja o sucesso que foi a participação do Brasil nesses dois jogos da Liga Mundial que teve aqui em Campo Grande e o povo participou maciçamente. Com isso nota-se a carência que nós sul-mato-grossenses temos de eventos como este. Tem a Federação de Automobilismo que está buscando o seu espaço, trazendo eventos de nível nacional para Campo Grande e já está começando a criar nas pessoas o gosto por essa modalidade. Recentemente o handebol trouxe por um período de treinamento, os jogos amistosos da Seleção Argentina e a Seleção Brasileira de Handebol, isso foi muito importante para gente, porque os amistosos lotaram o ginásio. E tem outras modalidades que vem fazendo um bom trabalho, que é a questão do futebol de salão, que tem equipes que normalmente participam de competições nacionais. No ano passado em Poços de Caldas (MG) a equipe de futebol de salão do Estado foi campeã dos Jogos Abertos Brasileiros. Então, tem uma série de bons exemplos, nas modalidades individuais temos atletas de destaque até de nível internacional, que é o caso do Gustavo Gomes de Mendonça, de Três Lagoas. Ele é um arremessador de peso e de lançamento de disco. Temos o karatê, que tem conseguido bons resultados. A própria modalidade de judô, a natação. Acho que o esporte de nosso Estado vem crescendo, agora estamos chegando a um estágio que ele tem que se profissionalizar. E o que é profissionalizar? É trazer cursos técnicos para os nossos técnicos daqui, melhorar a qualidade dos espaços físicos para a prática da modalidade, também melhorar a questão dos equipamentos, e a ajuda que o governo oferece é algo que está dando uma alavancada maior.

Esporte Ágil - Essa também seria a parte da Coordenadoria de Desenvolvimento do Esporte e Lazer?
Madrugada - Não, essa Coordenadoria é mais voltada para a área estudantil. Ela mexe pouco com o esporte de alto rendimento. A única atividade que ela cuida, no alto rendimento, são os Jogos Abertos do Estado. O resto está praticamente voltado para as atividades da área escolar. Os jogos escolares são eminentemente para escolas e o MS Olímpico para alunos. Um é a participação por escolas e o outro por seleções. Mas a Fundesporte em si tem a função política. O investimento dentro do esporte tem o FIE (Fundo de Investimento Esportivo) que tem dado oportunidade a várias modalidades de poderem mostrar os talentos que tem aqui no Estado. Através das competições daqui e da participação nos torneios nacionais. Esse é o primeiro passo, o próximo é que as empresas entendam que estamos chegando a um nível que dá para ter um investimento em conjunto. Que depender de investimento só do Estado é muito difícil, porque é um valor limitado, acima disso quem tem que custear são as empresas, que vão lucrar com isso, com a divulgação de seus atletas a nível nacional. Esse é um segundo passo importante para gente. Nós temos conversado com alguns presidentes de federações e eles também têm visto este lado. Da necessidade de que agora as empresas possam dar a sua contribuição junto ao desenvolvimento do esporte a nível nacional. O governo já tem a participado, a administração municipal também através da Funcesp que tem o FAE (Fundo de Apoio ao Esporte), que tem dado uma parcela muito grande de contribuição, mas acho que isso não é suficiente. Tem alguns estágios que alguns atletas estão chegando que há a necessidade de ter um apoio mais forte. E o apoio mais forte vem da empresa, é uma questão mais profissional. Dar sustentação para o garoto quando ele for campeão brasileiro que possa ir para uma competição internacional. É certo que o nosso Estado ainda tem essa carência de empresas de poderio grande, que pudesse aí puxar uma equipe coletiva, uma modalidade ou alguns atletas. Mas acredito que estamos chegando a este estágio. Hoje nós temos mais de quarenta federações aqui no Estado. E muitas delas estão mostrando qualidade, os seus talentos em cada modalidade. Vai desde luta de braço e já temos uma atleta que é campeã do mundo, tem o campeonato de truco, que são federações de porte menor, até uma Federação de Futebol. Apesar de que o nosso futebol está atravessando um momento difícil, tendo os custos que são caros para fazer futebol no grupo ou na associação. Mas tem conseguido fazer que nossas equipes tenham uma representatividade nacional, como é o caso do Cene e de Chapadão do Sul. Mas acredito que o esporte em si no Estado tem dado um salto muito grande.

Esporte Ágil - Você citou a Mayara Bacha e o Benjamin, quais outros atletas que são destaques no Estado?
Madrugada - Nós tivemos a Aline Félix da cidade de Três Lagoas, da Associação Atlética D´Lua que participou dos treinamentos da Seleção Brasileira no início do ano num processo de avaliação, e que possivelmente será integrada em outras seleções futuras da categoria dela. A posição dela tem uma concorrência muito grande, a função dela é líbero da quadra, e disputava a vaga com outras atletas de centros mais avançados. Então fica difícil de garantir se vai continuar na Seleção. Mas é uma menina que ficou entre as 16 atletas na Seleção juvenil. Já tivemos atletas que saíram daqui e foram para os centros mais avançados. Como é o caso do Gustavo, que foi do Banespa e que integrou a Seleção Brasileira por um tempo. Ele passou aqui pela Mace, ficou conosco dois anos, num processo de seleção conseguiu espaço no Banespa e hoje além de jogar pela Seleção Paulista, já foi campeão do mundo, representando o Brasil no ano passado. Fora isso, temos outros que foram para o interior paulista e que hoje integra a seleção local, que é o Fernando de Três Lagoas e que está numa equipe de São Sebastião. Fora isso tem a Paloma que é uma atleta que saiu daqui e foi para o interior de São Paulo. Mas o projeto Talento Esportivo do governo tem proporcionado que o Estado pudesse segurar nossos melhores atletas aqui. É o caso da Mayara e da Aline, que estão sendo beneficiadas. O próprio Benjamin está sendo beneficiado. Hoje o maior atleta que temos na categoria de base é o Leandro que joga pelo ABC. Ele tem conseguido ficar aqui por essa ajuda que o governo está dando. Então isso tem garantido que até a categoria juvenil esses garotos permaneçam aqui. Acima da categoria juvenil eu até acho interessante eles irem para os grandes centros. Porque lá eles vão ter mais oportunidades, talvez até ir para a Seleção Brasileira. Aqui só a UCDB tem investido na categoria adulto. Por isso acho necessário eles seguirem para um centro avançado que terão mais espaço para tentar uma equipe de ponta no Brasil.

Esporte Ágil - Tem alguém da sua família que é esportista?
Madrugada - Meu pai foi um esportista. Ele foi presidente do Noroeste de Três Lagoas. Na época não tinha muita opção, era só futebol. Meu irmão é um grande esportista, mas sua profissão não permite. Ele é médico em Três Lagoas, gosta do lazer, e o seu é a pratica de esporte, gosta de estar sempre praticando, acompanhando. Não só futebol, como as outras modalidades também. A minha mãe também, mas ela gosta do que eu gosto, porque ela não entende nada de esporte.

Esporte Ágil - Mas tem alguém que participe de competições?
Madrugada - Tem um filho meu que jogou na Seleção do Estado, foi campeão brasileiro em 1998 em Campina Grande (PB) na primeira divisão na categoria juvenil de vôlei. Hoje ele joga pela equipe da UCDB, o nome dele é José Eduardo Ferreira Mota. Minha filha começou ginástica olímpica mas parou. Agora é mais o balé e as aulas de academia.

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