Bate-Bola | Rosália Silva | 31/12/2004 14h31

Josimário Derbli fala sobre a força das categorias de base

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Bate-Bola com Josimário Derbli

O presidente da Federação de Handebol de MS e vice-presidente da Confederação Brasileira de Handebol, Josimário Derbli, é um apaixonado pela modalidade. Desde que disputou o seu primeiro torneio, ainda no basquete, sentiu que era no esporte que estava o seu futuro. "Uma vez que você teve contato com o esporte é impossível você largar", afirma Josimário, arquiteto de profissão. "Se sair do meio do handebol acho que vou ficar com um vazio muito grande na minha vida! Faço disso uma terapia", resumiu ele.

Desde que assumiu a Federação traçou o objetivo de colocar o handebol em destaque. Na última eleição da CBHb, ele foi escolhido para representar os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins dentro da entidade máxima do esporte no País.

Entre as cidades que hoje possuem equipes organizadas, Josimário cita São Gabriel do Oeste -  que tem um trabalho muito forte no masculino -, Campo Grande - com o Dom Bosco, Auxiliadora, Operário, ABC, Mace e Avant Garde -, além de Dourados, Maracaju, Ponta Porã, Corumbá e Coxim. Antes das festas de fim de ano, Josimário visitou o site Esporte Ágil para a seguinte entrevista.

 

Esporte Ágil - Como você começou a se envolver na área esportiva?
Josimário - Sempre fui adepto a qualquer atividade esportiva. Comecei lá na Mace jogando basquete. Com todo esse tamanho que eu tenho, 1,67m, não foi possível ir a diante e também vi que não era isso que eu queria.

Esporte Ágil - Isso foi no ginásio?
Josimário - No ginásio, comecei nos interclasses e ficamos em segundo lugar no basquete. Aquilo me empolgou, gostei da atividade esportiva e foi quando conheci o handebol, comecei a me apaixonar. Joguei por um bom período, não como atleta e destaque. Passando a jogar, senti naquela época que não havia nada que colocasse o handebol em destaque, o handebol não era um esporte organizado. Já existia a Federação, mas não existia nem campeonato. A modalidade sobrevivia dos eventos da Prefeitura ou do Estado. Daí eu passei a ajudar o presidente da Federação, o que me antecedeu, mas eu era ainda muito novo, tinha 22 ou 23 anos. Foi nesse processo que eu entrei na Federação, fui diretor técnico e depois eleito presidente. Como era um jogador mediano, para ruim, vi que não era dessa forma que ia somar no esporte e por isso resolvi fazer algo em que posso ajudar muito mais.

Esporte Ágil - Você fez arquitetura?
Josimário - Fiz arquitetura, trabalho exercendo a profissão na Prefeitura, mas continuei na Federação. Quando assumi era uma estrutura tão pequena, a Federação tinha duas caixinhas dessas de arquivo. Hoje, a Federação tem uma estrutura maravilhosa, que poucas têm, tem uma respeitabilidade fora do Estado, até diria que fora do Estado ela é muito maior que aqui. Até porque a vocação do povo sul-mato-grossense é o futsal, exceto algumas cidades como São Gabriel do Oeste, em que a modalidade mais popular é o handebol. O povo joga handebol na rua, isto não é uma coisa que ocorre aqui, por exemplo. Mas se você seguir parâmetros, o handebol é uma das modalidades mais praticadas nas escolas. Isso é apontado por pesquisas nacionais. Mas aqui ainda não tem uma pesquisa concreta, mas a Federação acredita até pelo número de atletas que vemos praticando.

Esporte Ágil - Temos atletas de destaque nacional?
Josimário - Já tivemos vários atletas, com MS é um Estado excelente na base, em que somos referência nacional e sempre temos atletas selecionados nas categorias de base, cadete até juvenil. Recentemente tivemos a Aline Teixeira que é uma atleta daqui e foi campeã pan-americana este ano e há uns dois anos tivemos representantes no Pan-Americano, a Saliba, tivemos a Kátia Daniela e a Ana Maria que integraram as seleções que fizeram os preparativos para as Olimpíadas de Sidney, na Austrália. Temos um trabalho de base muito forte, tanto é que o técnico da Seleção cadete feminina é daqui e o auxiliar técnico da Seleção cadete masculina é daqui também. Esse é um processo que reconhece o Estado com base. Esse ano o brasileiro cadete foi em Campo Grande e no ano eu vem o masculino vai ser aqui. A Confederação Brasileira sabe que quando se falar em base, MS é referencial. Se você pegar, por exemplo, os jogos da juventude no feminino, nós ficamos com o vice-campeonato, só perdemos por erro da arbitragem. No Brasileiro aqui, não ganhamos o título porque na semifinal fomos atrapalhados pela arbitragem. E se pegar os Jogos Escolares Brasileiros, o IED de Dourados foi campeão no feminino em cima do maior adversário no Brasileiro e nos Jogos da Juventude. E se pegar o masculino, foi quarto e mais recentemente foi campeão. O único acidente de percurso que em aconteceu este ano, inclusive conversando com o presidente da Confederação,  ele me dizia que se eu viesse com o time completo teríamos sido campeões, mas ficamos em último lugar. Alguns atletas se negaram a ir, coisas que acontecem nas melhores escolas. Infelizmente, por esses problemas pessoais, pessoas atrapalharam o desenvolvimento do Estado. Tínhamos uma equipe e se ganhássemos continuaríamos na elite, porque três anos atrás ganhamos lá em Recife (PE), quando fomos com o time completo. Temos uma base muito forte. Se pegarmos as outras modalidades, é difícil o Estado ter esse potencial que temos no handebol.

Esporte Ágil - A Federação tem algum projeto para o próximo ano?
Josimário - Com essa decepção, a Federação tem como objetivo recolocar a equipe masculina nos Jogos da Juventude, sem ser neste ano, mas no próximo ano, em 2006. Para isso, será preciso um trabalho muito forte no masculino, tanto é que já está acertado para o Campeonato Brasileiro Cadete Masculino acontecer aqui. Também vou chamar toda a responsabilidade para a Federação, não vou deixar somente nas mãos dos clubes. Não vamos ser mais tão democráticos, a Federação será um pouco, vamos dizer, mais autoritária e vai ter o processo muito mais na mão. Estamos com a idéia de formar um clube para que este clube represente o Estado, tenha uma boa colocação para que possamos voltar no próximo ano. Porque pelo ranking de Confederação não cairíamos, já que estamos na terceira ou quarta posição. Mas como o regulamento diz que tem que cair, fomos rebaixados e temos que disputar no próximo ano para voltar. Também vamos fazer dentro da Confederação o Campeonato entre Seleções, que ainda não tem. Na última eleição da Confederação eu fui eleito vice-presidente e representante da região Centro-Oeste. Então são estes os nossos planos: fortalecer este tipo de competição, trazer o Campeonato Brasileiro Cadete e dar continuidade aos nossos campeonatos que são tradicionais. Como nossa modalidade é estritamente escolar, trabalhamos os torneios aos fins de semana. Além de fazer o Estadual, que este ano foi em Dourados, em Ponta Porã, ou novamente em Dourados.

Esporte Ágil - A Liga de Handebol definiu seus campeões agora neste mês? Existem planos para que MS também tenha representantes nesta competição?

Josimário - Não sei se esse ano você acompanhou, mas tivemos a presença da Seleção Brasileira treinando aqui. Eu sempre norteei o que ira fazer dentro da Federação, minhas metas e objetivos são bem traçados, até para que existisse uma estrutura de Federação. O segundo passo era fortalecer a Federação para que começasse de fato a existir e não ficasse só no papel. Como terceiro passo, acreditava que precisávamos de destaque nacional para que isso também refletisse dentro do Estado e passamos a disputar as competições nacionais e obter êxitos. Dentro disso, eu acreditava ser importante ocupar posições no handebol nacional e que nossos técnicos tivessem capacidade de ser selecionados para brasileiros. Até porque já estávamos alimentando as seleções com atletas daqui. E conseguimos recentemente ter duas duplas no quadro nacional de árbitros nacional, que era uma coisa que tínhamos. E o terceiro passo, até pelo trabalho realizado, foi que os presidentes das outras federações me indicaram para representar a Região Centro, na época esta era a maior região, e  fui eleito por unanimidade. Feito todos estes passos, agora só falta um que é onde quero chegar. Na hora que eu atingir este objetivo, chegar à Liga Nacional, direi que terminei meu processo, aquilo que eu apoiei para a estrutura do nosso handebol. No ano passado tivemos muito perto disso acontecer, fiz um contato com uma empresa de telefonia celular, que tem o interesse de parceria. O objetivo é trazer muitos dos nossos atletas que estão jogando em São Paulo. Tem a Kátia Daniela que está no Mauá, é uma excelente atleta e jogou fora do País. A Ana Maria também é outro destaque. Por isso, é que a gente quer ter uma base bem consolidada, para quando chegar na Liga não ir para se aventurar, mas para permanecer. No ano passado corremos atrás desta idéia, só não conseguimos fechar os detalhes do projeto. Então, este ano nós vamos reestruturar isto e vamos através do poder público e da iniciativa privada. O projeto de estar na Liga de Handebol é extremamente caro, porque diferente do vôlei ou do basquete não se consegue fazer contrato com o atleta por quatro meses. O atleta não vem por um período inferior a um ano. A única vantagem seria que trazendo atletas daqui não teríamos custo com moradia, mas em compensação o custo com o salário é muito alto. E aí sim, como integrante de um grupo que é a Federação, teríamos cumprindo o nosso objetivo. E se der para ter uma equipe masculina na Liga, beleza, mas queremos lançar primeiro o feminino porque é o que tem um trabalho mais destacado e teríamos resultado mais rápido.

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