Bate-Bola | Jeozadaque Garcia/Da redação | 08/03/2010 10h27

Bate-bola: Rogério Vidmantas

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Rogério Vidmantas

Idealizador do site Conesul Esportes, que realiza cobertura esportiva dos principais times do Campeonato Estadual de Futebol, o paulista Rogério Vidmantas cursa atualmente o 7º semestre de Jornalismo, na Unigran de Dourados.

Seu interesse no jornalismo esportivo começou ainda quando criança, ouvindo rádio e acompanhando os programas de TV. "Enquanto algumas crianças pediam dinheiro para comprar doces e sorvetes, eu guardava para comprar a Gazeta Esportiva sempre que podia", lembra.

No Bate-bola, conta um pouco sobre seu início e dá a sua opinião a respeito do futebol em Mato Grosso do Sul, foco principal de seu site.

Esporte Ágil - Como surgiu seu interesse pelos esportes em geral?
Rogério Vidmantas - Gostar de esporte e, particularmente, de futebol vem desde garoto. Jogar bola era a brincadeira habitual então o interesse pelos esportes veio naturalmente. Não é apenas gostar de ver o meu time jogar, mas acompanhar um monte de jogos e esportes é quase um vício. Nem sempre é possível, mas a gente tenta...

EA - Por que seguiu o jornalismo esportivo?
RV - O jornalismo esportivo também é consequência disso. Sempre gostei de jornalismo em geral mas o jornalismo esportivo em particular sempre foi o mais presente. Passei minha infância em São Paulo e ouvir jogos pelo rádio, acompanhar os programas esportivos em diversas emissoras era frequente. Enquanto algumas crianças pediam dinheiro para comprar doces e sorvetes, eu guardava para comprar a "Gazeta Esportiva" sempre que podia, principalmente as segundas após os jogos do fim de semana, queria saber tudo. E aí acabei pegando gosto pela maneira de escrever, a linguagem, foi tudo muito natural. Quando comecei o curso de Comunicação Social na Unigran, em Dourados, juntei o útil ao agradável.
 
EA - Como surgiu a ideia de criar o Conesul Espores?
RV - O Conesul Esporte surgiu apenas como hobby. Na época, não tínhamos na região nenhum site dedicado exclusivamente ao esporte e achei que seria uma boa idéia para exercitar o que estava aprendendo na faculdade. Com o tempo, passamos a ficar conhecidos em outras cidades e outros veículos, online e impressos, passaram a  usar o site como fonte de informação, e isso tem sido muito bom. Não apenas para divulgação, mas mostra que estamos aprendendo direitinho, seja com o curso e, o mais importante, com outros colegas mais experientes que sempre nos dão algum toque importante. E aqui uma dica para estudantes de jornalismo: quem tiver a chance, aproveite e aprenda com esses profissionais. Não importa a área ou a formação, eles sempre podem passar algo útil e interessante.
 
EA - De que forma é feita a cobertura de equipes do Estadual fora do eixo sul de MS?
RV
- A gente conta muito com o apoio de outros colegas da imprensa esportiva, principalmente do rádio e sites. Cobrindo alguns jogos, acabamos fazendo uma rede de contato para troca de informações. Outra fonte interessante e confiável é a assessoria de alguns clubes. Isso tem colaborado bastante.
 
EA - Você acha que uma assessoria qualificada faz falta aos clubes de MS? Por quê?
RV - Muita falta. A assessoria ajuda a divulgar o nome do clube através da informação e um nome sempre na mídia é um nome sempre lembrado. Alguns clubes têm esse departamento e tem colaborado bastante com a gente. É o caso do Naviraiense, do Comercial, do Sete de Setembro... Recentemente o Águia Negra, o MS Saad e o União também. Outros clubes a gente, muitas vezes, não tem qualquer informação confiável e esse é um espaço que todos deveriam explorar. E não apenas isso. Nos jogos, o trabalho do assessor para fornecer à imprensa que cobre o evento todas as informações do seu time ajuda na qualidade do trabalho feito por esses profissionais, além de mostrar que o clube é organizado e pensa grande.
 
EA - Você é a favor ou contra o diploma para jornalista? Por quê?
RV - A questão do diploma é muito relativa. Até porque, o diploma continua valendo. Muita gente continua achando que o diploma, a formação acadêmica do jornalista não vale mais nada e não é nada disso. Por enquanto, até porque existem algumas ações no Congresso Nacional para se regularizar isso, não é obrigatório o diploma para exercer o jornalismo, mas a formação continua existindo. Agora, uma empresa que procura alguém para fazer esse trabalho, não vai pegar qualquer um. Vai buscar uma pessoa com formação e é aí que o diploma faz a diferença. É lógico que temos inúmeros profissionais que atuam na área com qualidade e não tem formação acadêmica. Mas essa realidade está mudando justamente porque, atualmente, nenhuma empresa tem tempo para formar profissionais. Mais: muitos que já atuam estão tendo apenas agora a oportunidade de estudar jornalismo e estão fazendo. Na minha turma mesmo existem esses exemplos. E, claro, também aprendemos com essas pessoas.
 
EA - Como avalia o futebol hoje em MS?
RV - O futebol de Mato Grosso do Sul sofre com a falta de dinheiro, o que não é nenhum privilégio. No Brasil todo, Estados fora das Regiões Sul e Sudeste têm o mesmo problema. Mas aqui deixamos passar o bonde da organização, principalmente no final da década de 90, início da atual e nosso futebol hoje está completamente fora do cenário nacional, o que afasta ainda mais investidores e patrocínio. Quando foi criada a Série B, os times do MS foram rebaixados para a Série C, depois para a Série D, de onde, infelizmente, parecem que não irão sair tão cedo. Espero, de verdade, que eu esteja redondamente enganado. Os clubes, com raríssimas exceções, dependem quase que exclusivamente, dos investimentos públicos. A fórmula do nosso campeonato também não tem ajudado. Na minha opinião, estávamos caminhando para a recuperação em 2007, com uma Série A com 12 clubes e uma Série B forte e consolidada. Quando a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, com a concordância dos clubes, resolveu aumentar a Série A para 18 times, tivemos um campeonato cheio de problemas relacionados à estádios e clubes sem estrutura. A Série B praticamente acabou. Só para lembrar, em 2007 o Águia Negra foi campeão em um torneio dos mais interessantes e, na Série B, Naviraiense e Comercial subiram para a primeira divisão em um campeonato que movimentou todo o Estado.
 
EA - O que fazer para levar mais público aos estádios?
RV
- Primeiro que temos que ter estádios para isso. Em Dourados, por exemplo, o Douradão sofre com a falta de documentação e manutenção e, pelo jeito, não teremos jogos pelo Estadual esse ano, o que está refletindo, diretamente, na campanha do Sete de Setembro, apesar de todo esforço da diretoria, comissão técnica e jogadores do clube. Acredito que uma campanha entre governo estadual, municípios, FFMS, Fundesporte e os clubes poderia atrair as pessoas para os estádios. Algo relacionado à receita, troca de notas fiscais, prêmios... Não sei como isso poderia ser organizado legalmente, nem se é possível, mas se for, já seria uma idéia. Já que nossos clubes dependem tanto do dinheiro oficial, seria uma maneira de ajudar a todos e incentivar o torcedor a acompanhar seu time de preferência.

EA - Este ano, o Estadual tem quase R$ 700 mil do FIE (Fundo de Investimentos Esportivos). Você concorda que ainda falta apoio ao futebol?
RV - Primeiro é saber como esse dinheiro está sendo investido. Importante que as categorias de base recebam boa parte desse dinheiro, até para que surjam novos jogadores. Essa quantia realmente é uma ajuda importante, mas apoio só é bem aproveitado quando somos bem organizados e confiáveis. Então, primeiro federação e clubes precisam, e quero acreditar que estão trabalhando para isso, apresentar esses predicados para que possam justificar o apoio que querem.

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