Bate-Bola: Ricardo Chaim e Alcides Cunha
Ricardo Chaim e Alcides Cunha
Em meio às dificuldades eles dão seus pulos e conseguem realizar eventos de tênis de mesa, incentivando o esporte no Estado. Um trabalha com jovens e tem como base o esporte como inclusão social e o outro começou a jogar tarde, mas venceu vários campeonatos e hoje é conhecido pelo Desafio do Saque.
O professor Ricardo Chaim e o jogador e dono do Desafio do Saque, Alcides Cunha, conversaram com o Esporte Ágil sobre a paixão que une os dois, o tênis de mesa.
Esporte Ágil - Vocês dois convivem com o tênis de mesa há tempo e estão sempre apoiando o esporte, contem um pouco do que fazem.
Ricardo Chaim - Trabalho com treinamento de Tênis de Mesa pela SED-COCESP desde 2007. Eu ensino aos alunos: regras, comportamento, respeito pelo próximo, fundamentos, tipos de jogadas e como ultrapassar certos obstáculos dentro do jogo. Sempre apoio os eventos da Federação e da SED-COCESP e ajudo a realizar as competições entre as escolas que ministro aulas.
Alcides Cunha - Eu jogo desde os vinte anos e já ganhei Brasileiro, Copa do Brasil, Jogos Abertos. Este ano faz dez anos que realizo o Desafio do Saque.
EA - Como vocês vêem a Federação de Tênis de Mesa atualmente?
RC - Eu não espero a federação fazer alguma coisa, pois ela tem que cumprir um calendário com pouco recurso financeiro que tem, então não posso ficar de braços cruzados. Meu trabalho é com meus alunos, por isso todo semestre realizo um festival entre as escolas que ministro aulas, sempre em datas que não tem jogos pela Federação e SED-COCESP.
AC - Eu faço o Desafio do Saque sozinho e não espero me convidarem não, vou lá e me convido. Sempre foi assim. Teve uma época que usaram meu projeto, aí eu registrei no cartório. Eu que criei, que desenvolvi, só eu posso fazer.
EA - Estavam fazendo o Desafio do Saque sem você?
AC - É, a Fundesporte realizou uma vez, falei para eles que não podia, aí resolvi registrar. Porque o Desafio do Saque funciona assim, eu levo a mesa e tenho que cobrar dois reais para cada um que tenta, aí se alguém consegue rebater meu saque ganha prêmio, dou bombom. Mas poucos conseguem, poucos mesmo.
RC - Já disse para o Alcides que o Desafio do Saque é um complemento de muita importância para a divulgação do esporte e que teria de ter alguns patrocínios para ele poder distribuir os brindes aos participantes, pois não é fácil pegar os saques do Cido-show.
AC - Toda vez que realizo o Desafio do Saque dá o maior trabalho para transportar a mesa e tal. Se disponibilizassem um transporte para me ajudar a levar a mesa seria muito bom. A gente tem que tirar do próprio bolso, tanto eu quanto o professor Ricardo, além de muitos outros.
EA - E você professor, que mexe com as bases, como vê o futuro do Tênis de Mesa?
RC - Vejo com bons olhos e tenho a certeza que o tênis de mesa, se incluído nas escolas públicas como tem que ser, com professores capacitados, local e material apropriado, o resultado será muito satisfatório.
EA - A qualidade do Tênis de Mesa sul-mato-grossense está no alcance do nível nacional?
RC - É difícil, a molecada aqui é boa, mas não tem muito treino, é um ou outro que se destaca.
AC - Até o Rafaelzinho (Rafael Watanabe) que tá ganhando tudo que disputa não consegue ter a continuidade que quer porque não é todo torneio que ele pode disputar, é longe, caro, ele não recebe apoio. O Rafael devia ser valorizado, ele é muito bom.
EA - Por quê o Tênis de Mesa como esporte importante nas escolas?
AC - Eu jogo tênis de mesa há 20 anos e nunca vi uma briga, nem perto disso.
RC - Tênis de Mesa não tem contato com o adversário, exige muita atenção e destreza do praticante, nas escolas não tem mesas suficiente para todos jogarem ao mesmo tempo, então tem que esperar sua vez na fila. Claro, saiu da fila perde a vez. A regra do joga dá oportunidade dos dois alunos terem chances de vencer. Com o passar do tempo os alunos vão se familiarizando com as regras, respeitando e com isso, vamos incluindo o aluno mais tímido, ou o aluno com algum tipo de deficiência no meio de todos. É muito interessante e animador.
AC - O tênis de mesa trabalha a disciplina, a coordenação motora. É o segundo esporte a usar mais a mente, só perde para o xadrez.
EA - A idéia de usar o esporte para reintegrar e educar jovens sempre existiu mas mais com futebol, basquete, esportes coletivos. Como provar que dá certo com o tênis de mesa?
AC - O tênis de mesa ajuda muito a criar a personalidade e o caráter da pessoa.
RC - Por ser um esporte individual, o aluno que quiser se destacar tem que treinar cada vez mais, cumprir com suas obrigações dentro e fora do esporte. Cobro dos meus alunos, principalmente os que querem sair para as competições, suas notas nas disciplinas escolares. Tendo regras, programação, professores capacitados, fica difícil não funcionar. Todas as escolas públicas têm espaço físico para a construção de uma sala apropriada para a prática do Tênis de Mesa, que deve ser trabalhado desde o ensino fundamental 1º ao 9º ao ensino médio.
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