Bate-Bola | Da Redação | 04/08/2005 19h10

Bate-Bola: João Leopoldo

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Bate-Bola com João Leopoldo

João Leopoldo é reitor da Unaes (Centro Universitário de Campo Grande), presidente da Federação de Jiu-jitsu de Mato Grosso do Sul e um grande incentivador do esporte.

Com 37 anos, João adota o esporte como filosofia de vida e afirma achar fundamental o incentivo e a prática da atividade física.  Sua instituição apóia equipes que vêm conquistando bons resultados estaduais, nacionais e até, mundiais.

Frente a Federação de Jiu-jitsu, ele se mostra satisfeito com o desempenho e as conquistas dos atletas de nosso Estado e cita o Brasil como referência mundial na modalidade.

Ele nos fala sobre a atual situação do esporte em nosso Estado, do trabalho que vem sendo realizado pela Federação de Jiu-jitsu, dos patrocínios cedidos pela Unaes e sobre os futuros projetos da instituição, que inclui a construção de um centro esportivo.

Esporte Ágil - Você pratica algum esporte?

João - Pratico jiu-jitsu, boxe, corrida, bicicleta e natação.

Esporte Ágil - E participa de competições? 

João - Eu competia até o ano passado. Agora estamos apoiando as equipes através da Unaes.

Esporte Ágil - Você já conquistou algum título importante?

João - Uma medalha de prata no Campeonato Estadual.

Esporte Ágil - Como você começou a se envolver com o esporte?

João - Eu acho que o esporte é uma filosofia de vida, até em relação ao trabalho. Após praticar o esporte, eu consigo desempenhar melhor as minhas funções, minha cabeça melhora muito. Se eu ficar mais de dois dias sem praticar esporte, nem eu agüento meu mau humor. É a minha válvula de escape.

Esporte Ágil - Que atividades a Federação de Jiu-jitsu têm realizado?

João - Estou na Federação há quatro anos. Fazemos sistematicamente dois campeonatos ao ano, o Campeonato Estadual do primeiro semestre, que serve como seletiva para o Campeonato Mundial, e também o Estadual do segundo semestre. Dentro de alguns dias, teremos uma eleição na Federação para definir a nova presidência. O pessoal está montando as chapas que irão concorrer. Não são os atletas que votam, e sim, as academias agremiadas. Nós temos onze academias agremiadas.

Esporte Ágil - Como você vê a atual situação do jiu-jitsu em nosso Estado?

João - A gente está bem forte no Estado. Os últimos bons resultados que tivemos foi no Campeonato Mundial deste ano, onde os atletas da equipe Isaías/Unaes conseguiram duas medalhas de bronze. Além das oito medalhas conquistadas no Brasileiro, em maio deste ano. Nosso acadêmico Alan Regis, se não for o maior, é um dos melhores talentos aqui do Estado. Ele foi por várias vezes campeão estadual, é campeão brasileiro, europeu, pan-americano e mundial. O desempenho de nossos atletas está excelente.

Esporte Ágil - E no Brasil?

João - O Brasil é referência mundial. Nosso país está muito à frente de todos os outros. Mas os outros países já estão melhorando bastante. Hoje muitas pessoas estão praticando o jiu-jitsu, inclusive americanos e europeus. O brasileiro já não tem mais tanta facilidade em vencer atletas de fora. 

Esporte Ágil - Qual a sua opinião em relação ao jiu-jitsu ser considerado um esporte violento?

João - Na Federação temos o intuito de apagar esta imagem. As pessoas costumam confundir jiu-jitsu com vale tudo, quanto mais agente divulga, mais as pessoas percebem que não tem nada a ver. Quando a gente fala que não tem soco nem chute, as pessoas não acreditam. Mas o preconceito já diminuiu bastante, a mentalidade das pessoas em relação a isso já cresceu muito. Hoje tem pessoas de idade assistindo às competições, tem criança correndo de um lado pro outro. Antigamente, nos primeiros campeonatos, corria-se o risco ocorrer briga entre as duas academias, hoje isso não existe. O importante é mostrar que você é bom na hora da luta e não ficar ameaçando ou batendo boca. A gente tem trabalhado bastante com os professores dentro das academias e o pessoal percebeu isso. O professor não pode incentivar os atletas a agir desta forma, deve ter uma boa conduta. A vontade do jiu-jitsu é se tornar uma modalidade olímpica. Temos tudo para isso e o primeiro passo é acabar com essa imagem.

Esporte Ágil - E do esporte em geral, como você vê a atual situação de Mato Grosso do Sul?

João - Acho uma pena a atual situação do futebol de campo no Mato Grosso do Sul. Eu lembro como era bom assistir Comercial e Operário no Morenão, todo mundo torcia, tinha um clima de rivalidade. Hoje isso não existe, o estádio está abandonado. Hoje em dia as cifras do futebol são milionárias e a cada dia que passa, fica mais difícil entrar. É claro que tem vários talentos em MS, mas se formarmos uma escolinha, os jogadores que se destacarem receberão convites de equipes de fora e  aí, não tem como segura-los. Eu acho muito difícil a gente sair dessa situação. É ruim para um cidadão sul-mato-grossense ter que torcer para um time de fora. Já o futsal cresceu bastante, é o esporte mais forte do Estado. Nós queríamos que nossa equipe de futsal participasse da Liga Nacional, acho legal conhecer uma instituição de ensino superior através do esporte. Os demais esportes merecem mais atenção. O que tem que mudar é a cultura sul-mato-grossense, pouquíssimas pessoas praticam exercícios aqui. Como exemplo temos o Parque das Nações Indígenas, pelo tamanho da cidade, o número de pessoas que vão lá correr é pouquíssimo. Proporcionalmente, o número de alunos em academias é baixíssimo em relação ao número de habitantes. As pessoas têm que se preocupar mais com a forma física, até para melhorar o rendimento na parte profissional.


Esporte Ágil - Você acha que o esporte amador tem recebido apoio necessário do governo? O governo tem elaborado projetos adequados para atender aos jovens de periferia?

João - Já melhorou bastante, tem sido feito um bom trabalho, o difícil, é manter um bom serviço. Não basta apenas ter grandes projetos sendo lançados no esporte, se você não acompanha-los no dia-a-dia. É necessário ir todo dia ver se o pessoal está treinando, se o técnico é uma pessoa responsável, o que ele aconselha aos alunos. Se isto não for praticado no dia-a-dia, o trabalho não será eficaz. Sem uma política de acompanhamento, não tem como ser feito nada. Não basta só lançar o projeto, motivar todo mundo, gerar expectativa e acreditar que o trabalho está sendo bem executado, é necessário um acompanhamento.

Esporte Ágil - A Unaes tem investido em atletas de diversas modalidades. Quais são os critérios para a escolha destes atletas?

João - Hoje nós temos equipes de futebol de salão, vôlei, natação e jiu-jitsu. Estamos investindo nestas quatro modalidades e queremos cada vez mais acrescentar esportes neste leque. Estamos com a idéia de comprar uma área para montar nosso centro esportivo. Estamos interessados na área da polícia do exército, que vai entrar em licitação e vamos participar. Se conseguirmos, vamos fazer aqui nosso centro de treinamento. Nossa vontade é montar um centro de excelência para treinar atletas olímpicos aqui em Campo Grande, pelo menos em algumas modalidades. Gostaríamos que atletas olímpicos ficassem alojados aqui para receber treinamento e assim, Campo Grande pode se tornar uma referência no esporte. Queremos também, iniciar na Unaes um curso de Educação Física e Ciência do Esporte, que está crescendo e além de formar um professor de Educação Física, prepara o profissional para ser um administrador e gerenciar o andamento de toda atividade física. É um curso mais completo.

Esporte Ágil - Como funciona o patrocínio dos atletas dentro da Universidade?

João - Temos patrocinado basicamente os nossos acadêmicos. São alunos que se destacam em determinados esportes e recebem um incentivo através de bolsa ou custeamento de inscrições. Por exemplo, no jiu-jitsu, custeamos as inscrições no Campeonato Mundial e divulgamos o nome da Unaes. Isso também acontece nos demais esportes. Temos em nossa Universidade um núcleo de apoio estudantil e uma coordenação de esportes que conta com um excelente coordenador, o Geílson, que é uma referência nacional na natação. Acho muito importante fornecer um acompanhamento psicológico aos atletas. Lá na academia do Isaias temos atletas brilhantes, o melhor da academia não consegue ganhar nada na hora da competição, enquanto outros, não são tão bons nos treinos e conseguem vencer. Eu acredito que isso se dá a falta de um apoio psicológico, que é fundamental. Alguns atletas têm uma história de vida, ou um tipo de pressão que pode vim a sofrer dos pais, que o fazem necessitar de apoio. 

Esporte Ágil - Como executar este acompanhamento?

João - Com um psicólogo mesmo, um profissional extremamente capaz. Eu não tenho conhecimento se isso é feito a nível estadual ou municipal, mas se não, deve ser imediatamente. Não vejo chance de sucesso a uma equipe esportiva sem um acompanhamento psicológico.

Esporte Ágil - De onde veio este seu interesse pelo esporte? Por que você investe nos atletas aqui do Estado?

João - O esporte deixa o ser humano longe de muita coisa errada. Se você bebe, fuma ou usa droga, dificilmente vai ter um bom rendimento no esporte. Além do que, o ambiente do esporte é positivo, passar a tarde praticando esporte é muito melhor do que tomando cerveja, comendo porcarias, ou não fazendo nada. Esse clima é muito bom. O difícil é quebrar o ciclo vicioso de pessoas sedentárias que não praticam esporte e até o condenam. Pessoas que trabalham nesta área, devem explorar esta questão. Se o indivíduo apresenta um bom porte físico e demonstra um bom rendimento, é sinal que ela está com uma cabeça boa. É importante também, que os pais incentivem seus filhos a praticar esporte.

Esporte Ágil - O que acha da cobertura jornalística esportiva aqui do Estado?

João - Eu acho que deveríamos ter mais facilidade na cobertura de eventos na mídia em geral. Matérias diárias de esporte não são lançadas com freqüência. Através da Federação, solicitamos jornalistas para cobrir campeonatos e quase não temos retorno.

Esporte Ágil - O que acha do site Esporte Ágil?

João - Acho muito legal. É desse espírito jovem e desta atitude que estamos precisando. Alguém que tome a frente dessa necessidade de se divulgar notícias diárias do esporte. Vocês devem sempre manter esse ritmo.

 


 

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