Bate-Bola | Cecília Paes/da Redação | 16/07/2012 12h38

Bate-Bola: Igor Rocha

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Igor acha que o judô, brasileiro e sul-mato-grossense, passa, hoje, pela sua melhor fase Igor acha que o judô, brasileiro e sul-mato-grossense, passa, hoje, pela sua melhor fase (Foto: Pedro Nogueira)

Igor Rocha

Igor Rocha, 30, é o técnico de judô da Academia Rocha, em Campo Grande, e vem obtendo destaque com seus alunos. Além disso, já foi atleta e Campeão Sul-Americano.

Igor contou ao Esporte Ágil sobre a sua participação e experência no esporte do Mato Grosso do Sul.

Esporte Ágil - Quando surgiu o interesse por esporte e pelo judô?

Igor Rocha - Meu pai era professor de educação física e sempre teve uma academia, então foi por influência dele desde pequeno.

EA - Como judoca, o que você conquistou de mais importante? Como virou técnico e desde quando dá aulas na Academia Rocha?

IR - Fui atleta de Seleção Brasileira, e meu principal título foi de Campeão Sul-Americano adulto, categoria sênior. Com a carreira de atleta, tive algumas lesões no joelho e tive que parar. Já estava cursando a faculdade de educação física, e foi natural. Meu pai tinha a academia, e eu comecei a assumir espontaneamente. Comecei com as categorias de base a partir de 2004.

EA - Sua maior realização pessoal foi como atleta ou professor?

IR - Acho que são realizações diferentes. Sou feliz pela experiência que tive como atleta, e agora como técnico eu tenho conseguido bons resultados. Mas ambas as conquistas me trouxeram felicidade, então são apenas diferentes.

EA - Quem dos judocas está se destacando na Academia? Você aposta em algum para as Olimpíadas de 2016?

IR - Nós temos duas atletas que já estão na Seleção Brasileira das categorias de base, que são a Larissa Farias e a Layana Colman. Essas duas atletas já vem se destacando desde as categorias de 11 e 12 anos, que são as em que você pode começar a integrar a seleção. E vem fazendo parte desde então, agora nas categorias de 15 e 16 anos, seleção juvenil, em que começam a participar de campeonatos do Circuito Europeu e Mundiais. Esse ano, especificamente, não vão ter os Mundiais, por causa dos Jogos Olímpicos. Tem também o Vinícius Farias, que é mais novo, ainda na categoria de 13 e 14 anos, mas também já faz parte da Seleção há 3 anos consecutivos. É tri-Campeão Brasileiro, Campeão Panamericano. Hoje, são os três atletas que a gente pode estar ressaltando, esperando bons resultados.

EA - Qual o segredo dos atletas treinados na Academia Rocha para irem tão bem nas competições nacionais e internacionais?

IR - Não tem segredo, é dedicação. Ter uma boa equipe, pra que você possa estar desenvolvendo o seu trabalho. Os resultados que essas crianças vem dando, que eu venho conseguindo com eles, é devido a muita dedicação, treinamento deles, mas também porque a gente tem pessoas nos ajudando, uma boa equipe, a Federação de Judô, que nos dá o suporte para que a gente possa estar participando dos eventos, a Confederação Brasileira, que tem um excelente trabalho a partir das categorias de 15 e 16 anos. A gente treina, mas precisa de recurso para que possa estar indo participar.

EA - E com quantos alunos você está hoje?

IR - Eu dou aula em muitos lugares, se for somar tudo, não só na Academia, que é onde a gente tem, hoje, os melhores resultados, vou ter em média uns 220 alunos. E na Academia 90. Na Academia temos um projeto em que a gente atende as crianças de baixa renda, que estudam em escolas publicas, gratuitamente, o Esperança Olímpica, que tem o intuito de ocupar o tempo ocioso deles e auxiliar na formação como indivíduo.

EA - Qual a meta da Academia Rocha para este ano?

IR - A meta é conquistarmos agora, com esses 3 atletas que eu citei, a competição mais importante deste ano, que é o Campeonato Panamericano, então a gente espera que venhamos a conseguir 3 campeões nele. Pra isso a gente vai por etapas, pra participar dele, no primeiro trimestre a meta era classificar-los, no segundo, o Vinicius foi Campeão Brasileiro, que era uma das metas também: ter campeões brasileiros, ou vice, porque o segundo lugar participa do sulamericano. Então nós vamos por etapas, a cada comepetição, você conquista uma meta, mas também começa a trilhar outra.

EA - O que você acha da situação do judô sul-mato-grossense? À nível nacional, estamos bem? O que pode melhorar?

IR - O judô, hoje, tanto nacionalmente quando no Estado, acredito que passa pela sua melhor fase. A Confederação tem uma excelente estrutura. O judô estadual, em virtude de termos hoje bons técnicos trabalhando com essas categorias, e pessoas que estão em cargos públicos preocupadas com o esporte, também está em uma excelente fase. Óbvio que sempre vão existir necessidades, até por estarmos conquistando bons resultados. Cada resultado que se conquista, é uma necessidade que se cria.Eu estive agora em Londres nos Jogos Escolares, nós levamos 6 atletas, tivemos 5 medalhas de ouro, 1 de prata e ganhamos por equipe. O judô nacional, hoje, na parte técnica,  é com certeza uma das 5 potências do mundo. Mas na parte estrutural, não só no esporte, mas acho que nosso país como um todo, ainda está caminhando. Lá eu conversei com alguns dirigentes que vão estar envolvidos também nas Olimpíadas, e eles tem uma frase para os atletas que diz que eles tem que “dar no mínimo o máximo”. Mas acho que já caminhamos muito, já está muito melhor do que era anteriormente.

EA - A imprensa esportiva no Mato Grosso do Sul cumpre bem o seu papel? O judô é bem divulgado?

IR - Acho que sim, até em virtude dos nossos resultados. O que a gente ainda não tem, mas acho que não é só aqui, é um pouco mais de apoio da iniciativa privada, dos empresários. Ainda não temos essa consciência, fora o futebol, de estarem ajudando.

EA - Mas o que você acha que falta pra isso acontecer?

IR - Acho que é um pouco da cultura empresarial, na verdade. A maioria deles ainda não vê necessidade de estar divulgando a sua marca através disso. Não vê retorno, que é o que eles querem. Infelizmente, ainda é assim. Acho que a iniciativa privada ajuda mais o futebol, que tem mais visibilidade, mas creio que eles poderiam voltar os olhos mais pra outros esportes. A iniciativa pública eu já não acho que ajuda só o futebol. É só olhar os programas do ministério do esporte. Nós temos as leis que beneficiam o esporte, temos o bolsa atleta. Acho que o governo federal vem fazendo um bom trabalho nessa parte. 

EA - A Federação de Judô vem fazendo uma boa gestão?

IR - Sim. Não tem o que falar da Federação. Ela nos ajuda muito, ela sim dá “no mínimo o máximo” dentro das possibilidades que ela tem.

EA - Pra finalizar, como você concilia sua preocupação ao estar ensinando os alunos: está só no campo esportivo ou na educação também, por exemplo?

IR - Nosso foco, o principal objetivo, é utilizar o judô como auxílio para a educação. Até porque, a maioria dos atletas não vai ser de rendimento, então o que a gente tenta é torná-los bons cidadãos. 


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