Bate-Bola | Da redação | 20/06/2007 15h38

Bate-bola: Francisco César Moura Júnior

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Francisco Moura Jr.

Profissional de educação física, nascido na capital sul-mato-grossense, Francisco Moura César Júnior é presidente da Federação de Hóquei e Patinação de Mato Grosso do Sul. A modalidade busca divulgação e a conquista de novos praticantes. Em junho, Clube Associação Campo-grandense de Hóquei conquistou o inédito vice-campeonato no Brasileiro de Hóquei em Linha Terceira Divisão, alcançando seu acesso para a Segunda Divisão. Em entrevista ao Esporte Ágil, "Chicão", como é conhecido, falou sobre a história, locais para prática, dificuldades e conquistas da modalidade na Capital.

Esporte Ágil - Como começou seu envolvimento com a patinação?
Francisco César Moura Júnior -
Meu envolvimento começou ainda criança, com patins convencionais. Em 1994, quando inventaram o patins in-line, que coincidiu com o plano real e o dólar 1 para 1, aonde nós tivemos acesso a todo o material de primeira que o mundo todo usava. Ele simplesmente chegava de maneira fácil aqui para nós, inclusive foi a época do boom, da grande explosão do hóquei in-line no Brasil, de 94 a 96. Nós jogávamos apenas extra-oficialmente nas ruas, aqui em Campo Grande nos Altos da Av. Afonso Pena, nos estacionamentos, existia um grupo lá em Corumbá que jogava dentro do Corumbaense Futebol Clube, inclusive a terceira associação filiada à Federação de Hóquei e Patinação de Mato Grosso do Sul. As outras duas são a Associação Campo-grandense e a Associação 26 de agosto, as três maiores da federação. Muita gente jogando em bairros, só que tudo de maneira como se fosse "pelada", sem conhecimento de regras, baseado no que um ou outro achava na internet.

Esporte Ágil - E como foi a criação da Federação de Hóquei e Patinação de Mato Grosso do Sul?
Francisco -
A partir de 99, eu comecei a fazer contatos com a Confederação Brasileira, em 2000 eu fiz um contato pessoal com a Federação Paulista de Hóquei, contatei dois técnicos de lá, eles me orientaram todos os procedimentos, e em 2001 nós fizemos a Federação e participamos do primeiro Campeonato Brasileiro, devidamente como clube filiado e registrado. Então de 2001 para cá nós temos participações em vários campeonatos brasileiros, já mandamos para a seleção brasileira três atletas. Em 2003 o Daniel Leite Batista foi para o Mundial Sub-14, em 2003 ainda ele foi para o Sul-americano de Hóquei na Argentina, também na categoria sub-14, e hoje atualmente ele está com 22 anos, está na Alemanha, jogando hóquei e fazendo faculdade. Já está com o hóquei impregnado no sangue. Depois em 2004 nós mandamos o Júlio Leite Batista para o mesmo Campeonato Sul-americano, junto com o Luís Gabriel Lula, os dois na categoria sub-14, e nós tivemos a oportunidade de sermos auxiliares técnicos dessa categoria também. Desse período de 2004 para 2005, a Confederação Brasileira criou quatro divisões do hóquei nacional, atualmente nós estamos na segunda divisão, nós recentemente ficamos com o vice-campeonato da divisão 3, perdemos apenas para a equipe B da Sociedade Esportiva Palmeiras, que tem outro time na primeira divisão. Vale ressaltar que a arbitragem era palmeirense (risos), foi 3 a 1, e nossa equipe estava apenas com seis jogadores, lembrando que na modalidade esse é o número mínimo para se inscrever, e o Palmeiras, além de ter todos os seus atletas com filiações e taxas pagas pelo clube, inclusive transporte, viagens, tudo. Então nossos heróis que foram para lá conseguiram um excelente resultado, contra um Palmeiras que tinha 12 atletas. Esse ano mesmo nós já vamos disputar a segunda divisão, e agora o objetivo passa a ser nos manter nesse grupo, para começar um trabalho sério pra que em 2008 ou 2009 nós conseguirmos subir para a primeira divisão, o que é um objetivo muito difícil, já que na primeira divisão existem atletas que já vivem somente do hóquei no Brasil.

Esporte Ágil - Como está a prática do hóquei em Mato Grosso do Sul?
Francisco -
Em geral, existe bastante gente patinando. Mas eu acredito que o que está faltando é a construção de uma quadra exclusivamente para o hóquei, aqui em Campo Grande. Falta um espaço para patinar, falta a entidade que vai organizar eventos para que essas pessoas não parem de patinar, faltam locais específicos para a patinação pública. Existe um projeto do Parque das Nações Indígenas, eu vi a planta original, e nela consta um ringue de patinação imenso, que deveria estar pronto e não está. O que acontece? Você vai na avenida Afonso Pena tem gente disputando espaço no estacionamento com carros, outros na calçada e até mesmo na rua. Acredito que vá melhorar bastante se nós tivermos algum espaço, e as pessoas começarem a encarar como uma atividade física saudável. Como professor de Educação Física, estou tentando trazer uns colegas para desenvolver também suas habilidade de ensino na patinação. Não é um "bicho de sete cabeças", mas realmente falta mão-de-obra mais qualificada.

Esporte Ágil - Especifique as conquistas de Mato Grosso do Sul na modalidade.
Francisco -
Antes de 2001, quando nós jogávamos na rua, nossa participação foi desastrosa no primeiro campeonato brasileiro. De 18 equipes, logicamente nós ficamos em último. Tinha tudo para ao pessoal desistir, mas esse grupo que está com a gente até hoje, comigo na presidência, com Marcos Paulo de Souza na vice-presidência, hoje no departamento técnico, o Diego Faiolo, e os demais diretores da federação, têm levado com muita garra, todos tirando dinheiro do próprio bolso, até hoje nós conseguimos pouco apoio público.
Em 2005, chegamos à fica na quarta posição no Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais. Ficamos atrás de São Paulo, que atualmente nenhuma equipe tem condições de derrotar, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Todos os três Estados ajudaram na fundação da Confederação e tem atletas na seleção brasileira. O Brasil foi campeão mundial da Série, e atualmente estamos atrás apenas de Suécia, Finlândia, Estados Unidos, Canadá, Eslováquia, Eslovênia, Rússia e Áustria, se não me engano. O Brasil é a nona melhor equipe de in-line no mundo. E a nossa equipe aqui do Estado esta mostrando resultados, além de ter conseguido esse feito, que é de sair da terceira divisão, com uma Federação com apenas duas associações e vinte jogadores filiados. Acho que foi um feito bastante memorável. O nosso grande desafio agora, mesmo depois de ter colocado atletas na seleção brasileira, é nos manter na segunda divisão este ano, para no ano que vem, conseguirmos o acesso para a primeira.

Esporte Ágil - Fale sobre o espaço que você criou para a prática de hóquei/patinação.
Francisco -
Alguns falam que eu sou louco, por construir um ringue de patinação no país do futebol. Mas é uma quadra poliesportiva e logicamente, se eu deixar eu não tenho espaço nem para meus horários de hóquei, pois o futebol toma conta de tudo. Nosso espaço tem uma proposta bem nova. A quadra fica na Rua Maranhão, 372, na Vila Célia, paralela com a Rua Amazonas. Todo sábado, das 16h às 17h, a pessoa que nunca patinou ela pode comparecer lá na quadra, alugar um patins por dez reais, pagar mais dez reais pelo horário da quadra, se tiver o seu próprio capacete, que aliás é uma peça que eu recomendo a todos os pais de atletas. Então, a pessoa lá vai receber toda a orientação, ela vai ser avaliada, orientada em relação ao equipamento, o que comprar, nós estamos abrindo no mesmo espaço da quadra uma loja, que vai funcionar com materiais novos e usados, tanto de hóquei como de patinação. Você que tem aquele seu patins velho guardado em casa, vai poder levar lá e negociá-lo. E você que tem o mesmo patins velho, poderá voltar a patinar num local especializado. Tem pessoas que acham caro pagar uma aula particular, decidem aprender por conta, e aparecem com gesso no braço. É particular, mas ao menos você terá uma orientação de qualidade, com pessoas que já patinam há anos, e com um risco de acidentes baixíssimo, já que o local é preparado para patinação. Toda segunda e quarta-feira, das 19h às 20h, nós damos aula de patinação.Se preferir hóquei, terça e quinta, nós temos o sub-14, quando aprendem a jogar com as regras da IHF, IHG, federados, filiados, inclusive com a possibilidade de participar de campeonatos oficiais. Enfim, é um local que vai atender bastante a todos aqueles que têm vontade de voltar ou de aprender a modalidade.

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