Bate-Bola | Pedro Nogueira/Da Redação | 17/04/2012 12h11

Bate-Bola: Flávio Britto

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Flávio Britto falou em regulamentar o FIE, criando um parâmetro a ser seguido, para evitar que alguma entidade seja desfavorecida por interesses. Flávio Britto falou em regulamentar o FIE, criando um parâmetro a ser seguido, para evitar que alguma entidade seja desfavorecida por interesses. "Queremos ser justos e democráticos. Não darei preferência para tal esporte. Seguiremos um roteiro".  (Foto: Pedro Nogueira)

Flávio Britto

Pregando transparência, Flávio da Costa Britto Neto foi nomeado no mês de fevereiro o novo diretor-presidente da Fundesporte, substituindo Júlio Cesar Komiyama. Ex-diretor da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Flávio assume não entender muito de esporte, porém ao mesmo tempo ressalta que é muito bom em gestão de recursos públicos.

Em entrevista ao Esporte Ágil, o dirigente já disse de antemão achar estranho um presidente de federação trabalhar na Fundesporte ou Funesp (Fundação Municipal do Esporte de Campo Grande), e que pretende evitar esse tipo de situação. Ele ainda garante que na Fundesporte existem profissionais comprometidos com o esporte, que têm "tesão" de trabalhar na área.

Ainda se adaptando à "casa" nova, Britto chega com três objetivos: regulamentar o FIE (Fundo de Investimento Esportivo), criar um programa Bolsa Atleta no Estado e fazer um plano de desporto estadual, sem individualizar as escolhas.

Esporte Ágil - Com que intuito você assume a Fundesporte?

Flávio Britto - Assumo a Fundesporte com a intenção de dar continuidade ao trabalho do Júlio [Komiyama], buscando aplicar melhor o recurso da Fundesporte, com transparência e respeito ao público alvo.

EA - Quais são suas primeiras metas à frente da Fundesporte?

FB - Queremos fazer rastro, investir na base. Não há uma política de investir na base. Implantamos agora o projeto do Segundo Tempo, que são escolinhas de 100 alunos em vários municípios, com professor, monitor. Se isso não é formar base, então o que é? E os municípios vão prestar contas, vão ser aprovados ou não.

Precisamos também de um programa Bolsa Atleta. Temos que incentivar o atleta individualmente. Quero saber das pessoas que sofrem no dia a dia, quais são as nossas chagas. Em pouco tempo pude ver que precisamos urgentemente regulamentar o FIE (Fundo de Investimento Esportivo).

EA - Como seria essa regulamentação do FIE ?

FB - Um dos maiores problemas que a Fundesporte tem que lidar é essa dificuldade de não poder atender à todos. Sempre alguma entidade não é contemplada. Quero que esse recurso público seja aplicado da forma mais justa, transparente e democrática possível, e para isso precisamos regulamentar o FIE. Não há critério para decidir quem recebe verba ou não, por exemplo. Ficava a cargo do presidente, era uma política personalista e não uma política de Estado. Não vai ser mais assim.

EA - Quais serão os critérios ?

FB - Vamos seguir um roteiro. Precisamos saber primeiro se essas entidades que pedem dinheiro à Fundesporte estão adimplentes. Elas devem dinheiro à alguém? Vamos ver se ela prestou contas à Fundesporte. Depois vai ter a visita técnica. Se é uma federação, queremos ver a sede. Não estou pedindo para a sede ser bonita, com sofá e ar condicionado.

Tem sede que é o quarto do cara, mas tem que estar em dia com o Estado, adimplente com a Fundesporte, com contas prestadas. Se tiver documentação faltando ou atrasada, com alguma irregularidade, já não tem chances de receber recurso.

Depois disso tudo, um grupo de pessoas vai analisar o pedido. Ver se há exageros, se tudo que está no projeto é necessário e qual é o retorno que o evento vai dar para o esporte sul-mato-grossense, uma espécie de ranqueamento das federações. Com essa "peneira", ficará mais fácil e mais justo de decidir.

Não será o Flávio que decidirá, será o que está na lei, publicado. Evitará muitos problemas. Estamos mudando administrativamente a estrutura da Fundesporte, para tornar o processo mais ágil, mais justo e democrático. Aí saberei qual percentual vai para base e para rendimento. Será uma forma respeitosa de gerir o dinheiro público. A regulamentação tem que ser construída por várias pessoas.

EA - E o que você espera das federações, associações, ligas e prefeituras?

FB - As entidades não devem mostrar-se dependentes da Fundesporte. Precisamos ter credibilidade, execução, visibilidade e bons projetos. Gestão de recursos públicos eu sei fazer muito bem, sempre soube. Mas eles têm que me ajudar, têm que fazer a parte deles. Têm que se unir e ajudar uns aos outros. Por exemplo, as várias federações de karatê que existem, eu ofereci à elas uma reunião entre todas, para acabar com esse problema.

EA - O que exigirá de um evento de esporte de motor? Para você ele tem a mesma importância para o crescimento do esporte como eventos de esportes coletivos?

FB - Nova Alvorada do Sul fez um evento de motocross que juntou gente feito água, então se movimenta a cidade vale a pena. Agora, tem um menino em Maracaju que nada feito um peixe. Qual é a diferença, em qual dos dois investir? É ai que volto lá para a regulamentação do FIE. Ele regulamentado você não ia precisar perguntar isso para mim, vai estar lá publicado na lei.

EA - Qual é o seu envolvimento com o esporte ?

FB - Meu envolvimento com esporte é muito pequeno, sempre só no esporte amador, de lazer e não de rendimento. Mas a gestão pública é o mais importante para este cargo que eu assumi. E disso eu sei.

EA - E como está lidando com essa novidade, antes trabalhava na Funasa (Fundação Nacional de Saúde), onde o recurso era muito maior do que o da Fundesporte ?

FB - Mesmo com pouco recurso dá para fazer muito. Temos pessoas muito comprometidas com o esporte, que têm tesão de trabalhar com isso. Na Funasa (Fundação Nacional de Saúde), meu orçamento era muito maior, eu tinha muito mais funcionários. Para mim é um desafio, um exercício para o cérebro. Tive que ir atrás do que é cada esporte, me inteirar do assunto para fazer o melhor.

EA - O que você, enquanto presidente da Fundesporte, vai exigir ?

FB - Soa mal aos meus ouvidos você ser presidente de uma federação e trabalhar na Fundesporte ou Funesp (Fundação Municipal do Esporte de Campo Grande). Não é nada pessoal, é estranho. Você vai receber dinheiro de um lugar que você trabalha. É constrangedor, vamos evitar isso.

A Fundesporte tem que estar presente em todos os eventos. Se vai ter campeonato de sinuca lá em Chapadão do Sul, tem que ter alguém nosso lá, fiscalizando, observando, para saber como está sendo feita a execução. É recurso público.

Outra coisa é que tem que ser feito um diagnóstico. Se você for em Coronel Sapucaia, verá que lá é clube do laço. Saber investir onde há uma demanda, onde há pessoas praticando tal esporte.

EA - Muitos atletas do Estado querem competir fora e não podem por falta de apoio da Fundesporte, da Funesp, da federação ou de patrocínios. O que pode ser feito nesses casos?

FB - Temos que ajudar os atletas a representar o Estado e participar de competições Brasil afora, mesmo se tomar pau. Não importa, o atleta está construindo sua participação nacional, crescendo, adquirindo experiência.

EA - Campo Grande vai sediar os Jogos da Diversidade no final deste ano. O que este evento pode trazer de positivo?

FB - Vejo os Jogos da Diversidade como uma grande oportunidade. Será interessantíssimo para Campo Grande, para podermos mostrar para os outros estados que não temos preconceito, que sabemos receber nossos visitantes e atletas, independente de credo, cor, raça ou orientação sexual. Dá para fazer um grande evento.

São mais de 1.400 pessoas que vão vir para cá. Se a rede hoteleira não ficar contente com isso, vai ficar com o que? Vai movimentar o comércio, lotar os restaurantes. Olha o tanto de benefício para a cidade que traz um evento desses.

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