Bate-Bola | Da redação | 18/12/2006 17h42

Bate-bola: Fhander Oliveira - Gerson Leandro

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Fhander - Gerson

Os amigos Fhander Oliveira e Gerson Leandro fazem parte do grupo "Amigos do U-Control", que se reúne aos sábados e domingos para praticar o aeromodelismo VCC (Vôo Circular Controlado). Dentro do grupo, profissionais das mais diversas áreas se reúnem para a prática do esporte e também para trocar experiências sobre o aeromodelismo. No atual momento, eles buscam apoio junto à iniciativa pública para a construção de uma pista de aeromodelismo VCC, para possibilitar a realização de campeonatos e para a implantação do "Projeto Voar", que visa ensinar a prática (vôo e montagem dos aeromodelos) do esporte para crianças da Capital.

O aeromodelismo VCC difere do rádio-controle, pois é controlado por um fio, que liga o avião à pessoa, que controla manualmente o aeromodelo. Este, por estar ligado à um fio, realiza uma trajetória circular, mas onde é possível executar manobras diferenciadas. O avião mantém-se próximo ao chão, pois a pista tem um raio máximo de 20 metros, assim como os fios que ligam o avião à pessoa que o comanda.

Em entrevista ao Esporte Ágil, os aeromodelistas Fander e Gerson falaram sobre a prática do VCC em Campo Grande, e também sobre as maiores dificuldades encontradas pelos amantes deste esporte na Capital.

Esporte Ágil - Como nasceu a paixão pelo aeromodelismo?
Fander -
Conheci o aeromodelismo em 1984, em uma festa na Base Aérea, onde vi diversos aeromodelos, inclusive os de vôo circular controlado. Conheci o Sargento Duarte, que me presenteou com um aeromodelo, foi quando nasceu meu gosto pelo aeromodelismo.
Gerson - Estudávamos juntos e começamos a caminhar juntos pelo aeromodelismo. Sempre fazendo aviões, quebrando outros. Essa é nossa motivação: estar sempre voando com nossos aviões...
 
Esporte Ágil - Como é a prática do aeromodelismo VCC em Campo Grande?
Gerson -
Nós sentimos falta de uma pista adequada, pois sem um local apropriado para voar, acabam acontecendo pequenos acidentes com os aviões. Na semana passada, o cabo de um avião enganchou em uma pedrinha do asfalto e o avião sofreu diversas avarias. Independente disso, eu treino também no Conjunto União, onde moro. Nossa maior dificuldade é essa, porque já temos muitos praticantes e aviões, mas nos falta apenas um  local adequado para praticar o esporte.
 
Esporte Ágil - O aeromodelismo VCC é um esporte caro?
Fander -
Ele já foi conhecido como esporte caro, mas hoje conseguimos fazer 90% do avião aqui em Campo Grande, com custos menores. Em nosso grupo, temos pessoas que ajudam na construção destes aeromodelos, como um marceneiro, que separa madeiras mais leves, e um torneiro, que prepara peças do motor. Antigamente, era muito caro, mas hoje um motor de aeromodelo custa 200 reais, sendo a peça mais cara; o restante podemos construir de forma artesanal e barata. Esse é o diferencial do nosso grupo, sempre precisamos de uma pessoa soltar o avião para outra poder decolar, então todos acabam ajudando todos. Quando você precisa de uma peça, outra pessoa ajuda.
Gerson - O VCC é bem diferente do aeromodelo radio-controlado, pois este controle torna o aeromodelo realmente caro. No nosso caso, não usamos o radio-controle, pois o controle é o cabo. O praticante precisa adquirir um motor e um cabo, o restante é o avião, que pode ser construído artesanalmente.
 
Esporte Ágil - Que passos vocês já tomaram para a construção da pista?
Fander -
Estamos buscando apoio junto à iniciativa pública há dois anos. Já procuramos vereadores, inclusive o doutor Paulo Siufi enviou a planta para a Secretaria de Obras, porém nosso projeto não foi orçado. Conseguimos acesso à arquiteta Eliane, da Sesop, que projetou o Parque do Sóter. Ela achou interessante a obra e inclusive disse que se nosso projeto tivesse chegado antes da construção do Parque, seria possível a construção da pista lá. O Parque do Sóter já foi cogitado e tem espaço suficiente. Ela mandou isso para o prefeito semanas atrás, com fotos de pistas de todo o Brasil, e que Campo Grande ainda não tem. Gostaríamos de sediar etapas do Campeonato Paulista do Interior e do Campeonato Brasileiro, mas precisamos deste local adequado; temos um projeto para ensinar pessoas interessadas, o "Projeto Voar", além de que, com a pista, poderemos formalizar uma Federação e realizar um Campeonato Sul-mato-grossense.
 
Esporte Ágil - Existe público e interesse para o VCC em Campo Grande?
Gerson -
Com certeza! Fizemos uma apresentação no aniversário da Base Aérea e tivemos o maior público da festa; inclusive, o pessoal da Esquadrilha da Fumaça estava chegando ao local e demonstraram interesse na simulação de combate que estávamos fazendo. Acreditamos que trazendo campeonatos, divulgando, vamos ter cada vez mais adeptos.
Fander - O VCC chama a atenção do público com a velocidade dos modelos e a iminência de queda, pois voamos a uma distancia de, no máximo, 20 metros. As manobras passam próximas ao chão e das pessoas. Controlamos o avião na mão. Na modalidade de combate, dois ou três aviões voam em um círculo, com uma fita de papel crepom costurada e amarrada com linha de sisal de 3 metros; o objetivo é que o outro piloto tente cortar a fita do outro, correndo os riscos de enroscar e também de choque, voando a mais de 80km/h.
Gerson - No combate, você tem que cuidar do seu vôo e do vôo dos outros, conversando e alertando sobre suas manobras para evitar o choque. O público gosta de tudo isso, algumas vezes torcendo para o avião cair, outras para não cair.
Fander - Alem de ver os aviões, as pessoas gostam também de ver a gente lá dentro dos círculos, manobrando e cuidando para evitar o choque e vencer o combate.

Esporte Ágil - Qual o objetivo principal do grupo?
Fander -
O grupo Amigos do U-Control está buscando a construção da pista oficial na cidade, para estabelecer e ajudar a difusão e prática deste esporte-ciência. Gostaríamos de realizar campeonatos, que apenas esta nova estrutura nos possibilitaria. Poderíamos colocar em prática também o nosso "Projeto Voar", para ensinar os interessados a voar com os aeromodelos VCC e montar espaços para oficinas que ensinem crianças a montar os aeromodelos e a voar, como é feito no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

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